Cry Macho – O Caminho Para a Redenção é a mais nova obra da lenda do cinema, Clint Eastwood. O ator dirige e protagoniza uma adaptação do livro homônimo que passou na mesa de diversos produtores durante anos até chegar nas mãos de Clint para o projeto sair do papel.
Clint Eastwood vive Mike Milos, um ex peão de rodeio que recebe a missão de resgatar o filho de seu chefe que se encontra no México.
Um road movie pode definir o que é esse filme, além de um drama de autoconhecimento. Cry Macho mostra como nem tudo que vemos é o que parece do nosso próprio ponto de vista. “É só gente tentando mostrar ser macho pra dizer que tem coragem”, uma das falas de Mike ao mostrar que certas coisas são super valorizadas.
Aos 91 anos, Clint mostra uma excelente forma para um senhor de idade, apesar de bem evidente a dificuldade de locomoção. O bom uso de dublês para o ator nos ajuda a entender que seu papel é de alguém mais jovem do que a sua real idade. Um ótimo senso de humor rabugento e o bom enquadramento de câmeras ajudam o espectador a se apegar com a fragilidade física e emocional de seu personagem.
O elenco de apoio é apenas operante, com um pequeno destaque negativo para o personagem de Rafael, interpretado por Eduardo Minett, que tem grandes dificuldades de atuação quando o filme exige uma reação de conflito ou discussão. Temos que levar em conta a pouca idade do ator e a exigência do papel, resumindo, não é nada que vá tirar o espectador da história.
O ponto fraco do filme está na construção de conflitos do roteiro. Inicialmente vemos uma exigência acontecer, que a mim não passou qualquer sensação de que algo aconteceria se Mike não fizesse o trabalho, além de facilitações narrativas que te fazem pensar como aquilo aconteceu, como aquilo foi simplesmente “achado” na história. Além de uma conclusão de conflito difícil de ver, hora está tudo bem e os personagens são amigos, hora resolvem que não são por uma história com argumentos que não foram aceitos por determinado personagem. Certo momento Mike quer levar o garoto, certo momento não quer. São conflitos narrativos que não acrescentam peso à história.
Uma bela fotografia nos cerca, takes de montanhas e cenários bastante abertos nos trazem uma perspectiva de jornada acontecendo. Um destaque positivo para a ótima escolha de trilha sonora, tanto pela escolha de músicas quanto pela trilha original. O trabalho técnico do filme é realmente bom.
Eu encerro minha experiência do filme com um saldo positivo, muito por poder apreciar mais uma obra do Clint e de poder ver que ainda é um dos maiores cineastas em atividade que não perdeu o toque, apesar de uma qualidade abaixo das minhas expectativas.