“Priscilla“, novo longa de Sofia Coppola, visa trazer uma mesma história, — o romance de Elvis e Priscilla Presley — que já foi contada e recontada diversas vezes no cinema, como em “Elvis” (1979), e mais recentemente em “Elvis” (2021), mas agora narrada por uma nova perspectiva: A feminina.
Trata-se de uma adaptação audiovisual do livro “Elvis & Me“, escrito pela própria Priscilla Presley, que, inclusive, se fez muito presente na produção da adaptação. Sofia e Priscilla trabalharam juntas arduamente para retratar essa nova perspectiva, e ressaltam o quão importante é abrir espaço para que as mulheres contem suas histórias e suas visões.
É necessário um cuidado imenso para retratar um relacionamento tão problemático e tão reconhecido em audiovisual. Corre-se o risco do sofrimento cair em romantização. Contudo, “Priscilla” não utiliza de meios que possibilitem essa romantização da situação tóxica retratada. Ainda assim, é possível que a obra recaia sob maus olhos que insistem em usar de momentos singulares e pessoais do sofrimento feminino para forçadamente se auto-destacarem, em um forte exemplo de banalização.
As caracterizações, apesar de bem pensadas, poderiam ter sido produzidas com melhor reparo, especialmente ao se tratar do personagem Elvis. Há cenas em que o desleixo da produção de maquiagem e cabelos é nítido. Quanto aos figurinos, apenas elogios podem ser feitos.
Elvis não é um personagem importante no filme. Ele só está ali como um impulso para que a história aconteça. A princípio, esse é um fator interessante, dada a proposta do filme de enfatizar a visão feminina da problemática. Analisa-se, também, a mudança do nome da obra, quando adaptada: De “Elvis & Eu” para apenas “Priscilla”, demonstrando a ausência do Elvis como uma figura de protagonismo no filme.
Entretanto, há momentos em que o filme insere, desnecessariamente, cenas aleatórias com a presença de Elvis para que ele não seja esquecido pelos telespectadores.
Outro fator plausível de crítica negativa é a escolha de Jacob Elordi como Elvis. Apesar de ser notável os esforços e estudos do ator para o papel, a execução da performance não é agradável; os trajeitos de Elvis não parecem nem um pouco naturais; falta fluidez na atuação. Até mesmo a voz e o sotaque de Jacob parecem forçados, de modo a dificultar a compreensão das falas do ator.
Por outro lado, Cailee Spaeny brilha como Priscilla em todos os momentos. Em um filme que retrata o passar dos anos da vida de uma pessoal real, o cuidado e o estudo da atriz protagonista para com o seu papel devem ser redobrados; essa atenção é facilmente observada na atuação de Cailee. A atriz conseguiu entregar uma boa performance em todos os diversos momentos do filme.
A fotografia segue o mesmo padrão típico de Sofia, com cores claras e muita iluminação. Sobretudo, Priscilla é um filme bom, apesar de não entregar nada muito acima do que já era esperado.