Em comemoração de 100 anos, em 2023, a Disney lança sua nova animação musical, “Wish: O Poder dos Desejos” (Chris Buck e Fawn Veerasunthorn).
Um filme que divide opiniões desde sua estreia nos Estados Unidos, pelo apelo à nostalgia, uso de referências e homenagens à símbolos marcantes de toda a trajetória dos filmes de animação da Disney. Uma história original bem simples e com muitos diálogos expositivos, mas que se mostra eficiente em resgatar a magia dos títulos clássicos do estúdio.
Em Rosa, o reino dos desejos, a protagonista Asha (voz de Ariana DeBose, na versão original) entra em conflito com o Rei Magnifico (voz de Chris Pine) sobre como os desejos das pessoas estavam sendo preservados e negligenciados. Com ajuda dos seus amigos e de seu bode, Valentino, Asha enfrenta o rei para devolver os desejos roubados da população de Rosa.
O filme utiliza técnicas de animação 2D e 3D, ressaltando a nostalgia do estilo dos clássicos da Disney. Essa mistura de técnicas causa um certo estranhamento a princípio, mas essa escolha estética se encaixa à proposta do projeto ao longo do filme que flui muito bem em seu próprio estilo. Há uma referência à própria técnica de animação 2D em uma das cenas, em que Asha passa rapidamente as páginas de um caderno, fazendo com que seu desenho se torne “animado”. A trilha sonora original é de Julia Michaels e Benjamin Rice. No Brasil, há uma ótima adaptação na versão dublada das músicas e dos diálogos do filme.
Ao prestar essa homenagem à várias animações lançadas no último século, o filme está repleto de referências que nos remetem ao formato clássico das histórias de “contos de fadas” da Disney: O livro se abrindo no início da história; o reino encantado; o “felizes para sempre” ao final. Elementos já conhecidos, e que, até mesmo já foram satirizados em animações de outros grandes estúdios em resposta ao legado da Disney.
Em obras mais recentes, a Disney tem optado por contar histórias sem a presença de vilões, ou os colocando em um lugar de antagonistas “mal-compreendidos”. Em Wish, há a presença de um vilão, o rei Magnifico, que em várias cenas nos remete à vilões clássicos (como Jafar, Malévola e Rainha Má), mas que em vez de já estar consolidado como vilão desde o primeiro momento, ele passa por essa transformação ao longo da história.
Wish é um filme, metalinguístico em alguns momentos. Em seus diálogos muito expositivos, sabemos sobre um personagem, avô de Asha, que aos 100 anos de idade, deseja deixar um legado para as próximas gerações. E a Disney, em sua comemoração de 1 século, realiza este desejo expressado pelo personagem, apesar deste não ser um momento de sucesso na história do estúdio.
As animações ao longo da história da Disney já conquistaram várias gerações de fãs ao redor do mundo. A emoção toma conta quando reconhecemos em Wish, inúmeros símbolos, personagens e “easter eggs” de outras obras: o vestido da princesa Aurora, os personagens com as características de Branca de Neve e os Sete Anões, animais mágicos e falantes na floresta, e até mesmo participações especiais de Bambi e Peter Pan.
“Wish: O Poder dos Desejos” poderia, inclusive, ser uma história de origem do símbolo da “fada madrinha” (figura marcante em clássicos como Pinóquio e Cinderela), e também da música “When You Wish Upon a Star” de Pinóquio, que esteve em meu pensamento durante toda a sessão, antes mesmo de ser referenciada na cena pós-créditos do filme, valendo a pena ficar no cinema até o final dos créditos que também é uma homenagem á todos os personagens dos 100 anos da Disney.
Este filme emociona assim como as animações clássicas, independentemente do conhecimento prévio das inúmeras referências. E para os fãs, o filme é como um agradecimento e reconhecimento da sensação de uma nostalgia única que sentimos apenas vendo aos filmes da Disney.