Em 2015, Divertida Mente conquistou corações e mentes, consolidando-se como um dos últimos grandes sucessos da Pixar a causar um profundo impacto na cultura pop. Desde então, o estúdio enfrentou desafios para replicar o mesmo impacto, especialmente após 2020.
Divertida Mente 2 surge como uma aposta para revitalizar a marca, inaugurando uma nova fase de sequências que inclui Moana 2 e Toy Story 5, após um regime de continuações.
O filme nos reconecta com Riley (Isabella Guarnieri), agora com 13 anos e totalmente adaptada à vida em São Francisco. Suas emoções – Alegria (Miá Mello), Tristeza (Katiuscia Canoro), Raiva (Leo Jaime), Medo (Otaviano Costa) e Nojinho (Dani Calabresa)– nunca estiveram tão em sintonia, criando memórias multicoloridas, até que o alarme da puberdade (visto no final do primeiro filme) anuncia a chegada de Ansiedade (Tatá Werneck), Inveja (Gaby Milani), Tédio (Eli Ferreira) e Vergonha (Fernando Mendonça).
Além disso, a possibilidade de entrar em um novo time de hóquei, a chegada do Ensino Médio e a separação iminente das melhores amigas, Bree e Grace, viram a cabeça de Riley e tornam Quartel-General (e a vida de Riley) um completo caos.
A trama, no entanto, não inova muito em relação ao seu antecessor: algumas emoções são expulsas do Quartel-General e precisam encontrar o caminho de volta, enquanto as remanescentes tentam (e falham) gerir a vida de Riley. Essa falta de inovação se reflete no desenvolvimento dos personagens, com Alegria repetindo os mesmos padrões do primeiro filme, como se não tivesse aprendido quase nada com a aventura anterior. E a Ansiedade repetindo os padrões da Alegria, com uma irritante obsessão por controle e manter a vida da Riley perfeita.
As novas emoções, com exceção da Ansiedade, são subdesenvolvidas, especialmente a Inveja, que carece de uma personalidade mais definida.
Algo que me incomodou desde o anúncio da sequência com novas emoções era onde estavam as outras emoções dos adultos da história, porque o primeiro filme dá a entender que todos somos formados pelas mesmas cinco básicas. Fiquei frustrado em descobrir que esse aparente furo de roteiro na mitologia da franquia foi praticamente ignorado, sem nenhuma explicação.
Outra coisa que eu tinha bastante expectativa era como a puberdade da Riley seria demonstrada, e me decepcionei ao ver a forma superficial e apressada com o qual o tema é tratado. A Pixar parece ter optado por um caminho seguro após a recepção morna de Red, que explorou melhor o tema mas sofreu com a rejeição do público.
Apesar das falhas, Divertida Mente 2 se destaca pelo humor afiado e atual, impulsionado pelo talentoso elenco de dublagem brasileiro. As piadas são certeiras e cada personagem tem seu momento de brilho. Os momentos emocionais também acertam o alvo, superando, em alguns momentos, o impacto do filme original.
Considerando os planos da Disney para a Pixar, Divertida Mente pode se tornar uma franquia tão duradoura quanto Toy Story. Há espaço para explorar novas emoções e aprofundar a jornada de Riley na vida adulta. Afinal, 27 emoções foram consideradas antes da seleção das cinco originais, indicando um vasto potencial narrativo ainda inexplorado.
Em suma, Divertida Mente 2 é um retorno agridoce à mente de Riley. Embora não alcance a excelência do original, oferece momentos de diversão e emoção, mantendo acesa a esperança de que a franquia possa amadurecer e se reinventar em futuras sequências.
Divertida Mente 2 chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de junho.
Agradecimento a Walt Disney Studios, que convidou o Cabana para ver o filme previamente.