Resenha feita por: Camilla Santos e Victoria Terra
A obra dirigida por Christopher Nolan, “Dunkirk”, conta uma história baseada em fatos reais que se passa durante o período da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha avançava rumo à França e cercava as tropas francesas e britânicas nas praias de Dunkirk. Eram 400 mil soldados presos nas praias tentando sobreviver e voltar para casa.
A história é contada por três perspectivas diferentes. Pela terra era possível ver e sentir a tensão que os soldados passavam a todo momento na orla da praia de Dunkirk. Devido à grande quantidade de soldados, era formada uma fila imensa para pegar os poucos navios de volta para casa. Pelo céu, Nolan mostra os caças britânicos que impediam os alemães de atingir soldados na praia e afundar ainda mais navios.
Já pelo mar, temos uma visão mais esperançosa do filme, já que essa era a única saída para voltar para Inglaterra. Nesse plano, acompanhamos soldados retornando para suas casas, e até civis indo para Dunkirk, com seus humildes barcos, para ajudar as tropas a saírem daquele pesadelo.
A narrativa também é dividida em três momentos temporais. Uma semana, um dia e uma hora antes do evento principal. Onde podemos acompanhar etapas fragmentadas do resgate dos soldados que de alguma forma ou de outra se completam.
O diretor escolheu não se aprofundar na história de nenhum personagem, ninguém é retratado como o mocinho que deixou uma família em casa. São todos soldados vivendo aquele momento. O que deixa isso bem explícito é o fato de ninguém ser devidamente apresentado, terminamos o filme sem saber nem sequer o nome dos personagens.
Pode se ter a impressão que essa falta de conhecimento causa um distanciamento, uma falta de empatia pelos soldados. Mas apesar de não sabermos seus nomes nem origem, nos apegamos e torcemos por todos. Ninguém é o protagonista e ao mesmo tempo todos são os personagens principais da trama.
Com poucos diálogos, Nolan apresenta uma forma diferente de impactar o público. Desprendendo as pessoas das falas, ele te comove com atuações incríveis, combinadas de uma sonoplastia provocante. Há momentos no filme em que apenas olhares provocam inúmeras sensações no público. Nolan de fato é capaz de deixar seu público tenso durante as duas horas de filme.
Criada por Hams Zimmer, a trilha sonora é responsável por boa parte da tensão que é construída durante a trama. Misturando sons calmos com barulhos de tiros e explosões, somos transportados para o meio da guerra e vivemos a agonia de tentar escapar junto com os soldados aliados.
Ouvimos um constante batimento cardíaco que se intensifica nas cenas mais apreensivas. O incessante tic tac de um relógio, gravado pelo próprio diretor com o seu relógio de bolso, nos faz contar os minutos para os ataques acabarem.
A trilha sonora vem com um grande peso na construção da narrativa do filme, explorando nossos sentidos e emoções de maneira singular.
O elenco estreante do filme surpreende. Apesar de poucas interações e falas, os atores transmitem no olhar e na forma de andar tudo aquilo que precisa ser passado para o público. Destaque para Harry Styles já que o ex integrante da banda One Direction mostra que nem só de música ele é feito. Outros nomes como Tom Hardy, Cillian Murphy, Kenneth Branagh e Mark Rylance compõem o elenco.
Como disse o próprio diretor, “Dunkirk” não é um filme sobre guerra. O enfoque que Nolan trouxe para as telas de cinema foi a sobrevivência dos soldados presos nas praias, o que acaba com a preocupação de se ter cenas sangrentas.
Ao final, os soldados que conseguem retornar para as suas casas, voltam arrasados e envergonhados por terem perdido o combate, porém os civis comemoram sua sobrevivência. Nolan procurou impactar seu público da forma mais humana possível.
“Dunkirk” é um filme que conseguiu retratar eventos da Segunda Guerra Mundial de um jeito diferente, Nolan pegou um tema já muito explorado e o deu uma nova perspectiva. Transformando-o em uma história que te prende do começo ao fim, onde se torce para que tudo dê certo no final.