Apesar da grande expectativa em torno da versão cinematográfica de “É assim que acaba”, entrei no cinema sem saber o que esperar, afinal não conhecia o livro homônimo de Colleen Hoover. E acabei sendo surpreendida positivamente em diversos aspectos.
Dirigido e estrelado por Justin Baldoni, conhecido por seu papel em “Jane, a Virgem”, e com Blake Lively, aka Sra. Ryan Reynolds, a eterna Serena de “Gossip Girl”, no papel da protagonista Lily Bloom, o roteiro de É Assim Que Acaba recebeu aprovação da autora e até ajuda de alguns fãs.
Essa adaptação da obra original, também soube usar da fotografia e seus diferentes ângulos, para criar uma necessária dúvida na narrativa. Baldoni surpreendeu especialmente superando a dificuldade de recriar, sem copiar, essa complexa história.
A bela produção de design do filme É Assim Que Acaba ajudou a criar e mostrar o universo de Lily. Desde sua incrível floricultura, o trabalho para exibir a criatividade da personagem é contínuo.
Seja através de seus desenhos e colagens em cadernos, seja na forma como decora seus ambientes e culminando em suas roupas. O figurino é usado para mostrar que ela não é uma pessoa convencional. Um trabalho necessário para que Blake, conhecida por ser uma Diva Fashionista, se transforme em Lily Bloom. Lively aparece em roupas extravagantes e pouco convencionais, e não se apoia na sua aparência para entregar uma Lily realista. Acredito ser uma das melhores atuações da atriz e mostra seu amadurecimento como intérprete.
Vivido por Justin, Dr Ryle Kincaid é um bem sucedido neurocirurgião bom vivant até conhecer e se apaixonar por Lily. Não é a primeira vez que Baldoni interpreta um rico mulherengo, mas dessa vez ele conseguiu trazer camadas complexas para seu personagem.
Allysa, Jane Slate, a irmã mais velha de Ryle, acaba por ser uma peça importante para trazer uma visão mais realista dele. Melhor amiga de Lily, é possível perceber uma certa inspiração na personagem de Blair Waldorf de Gossip Girl no seu guarda roupa. Entretanto ao contrário da relação conflituosa na série entre Blair e Serena, Allysa é uma amiga leal e inspiradora para Bloom.
Uma boa adaptação de um livro para as telas, muitas vezes acaba enxugando um pouco o material base. E não é diferente em “É assim que acaba”. Portanto, alguns personagens existem apenas na versão literária. Não é o caso de Atlas, retratado por Brandon Sklenar, o primeiro amor de Lily.
Talvez existam alguns fãs que não gostem das mudanças feitas no enredo do filme, mas particularmente me pareceu que a essência de Atlas permaneceu a mesma. Ouso dizer que a relação juvenil dos personagens se tornou mais intensa no passado, e por consequência uma parte marcante da identidade de Lily.
A fotografia de É Assim Que Acaba mostra Boston como uma cidade mais charmosa que o habitual, e a trilha sonora ajuda a criar todas as nuances e ambiguidades necessárias para essa difícil narrativa.
Sem querer entrar em Spoilers, é importante lembrar que o livro de Colleen é baseado na relação abusiva de seus pais. E de maneira nenhuma o filme foge do assunto. Ao contrário é muito bem-sucedido em mostrar a realidade e dificuldade de estar nessa situação. Sabemos que diversas pessoas não conseguem perceber ou até aceitam se manter numa relação danosa. E em momento algum o longa foge de mostrar as diferentes dificuldades e como cada um dos seus personagens reage as mesmas.
Minha primeira surpresa foi imergir em um ambiente cheio de canteiros floridos, flores penduradas na porta, e até as poltronas do cinema estavam coloridas transformando a sala em um espaço lúdico e encantador. E talvez essa experiência tenha ajudado a entrar no universo e me emocionar com o filme, sendo surpreendida com sua força.
Certamente não esperava que “É assim que acaba” seria uma experiência cinematográfica e tão positiva e impactante quanto foi.