Elite é uma série espanhola da Netflix. Na primeira temporada, três alunos de uma escola pública ganham bolsa para estudar em Las Ensinas após um acidente. Eles caem em um mundo de riquesas e pessoas esnobes, sem limites de comportamento que culmina em uma morte misteriosa.
A segunda temporada segue o formato da anterior tendo duas narrativas simultâneas entre passado e presente. O mistério da vez é o paradeiro de Samuel que está desaparecido, e mantendo as cenas em que os personagens dão depoimentos, vemos os acontecimentos do cotidiano das vidas glamourosas dos estudantes de Las Ensinas que os levaram até ali.
Novatos em Las Ensinas
Logo no início somos apresentados a alguns personagens novos. A melhor adição é sem duvidas a Rebeca (Claudia Salas) ou Barbie Tráfico, que ficou rica com o trabalho ilegal de sua família, mas que não se importa com as futilidades desse mundo. Embora pareça clichê, ela desenvolve uma boa dinâmica com Samuel e Nadja. Depois temos Valério (Jorge López), meio irmão de Lu e os dois lutam contra uma relação incestuosa, se permitindo cair na tentação algumas vezes. Contudo, a personagem Cayetana (Georgina Amorós) foi a pior adição ao elenco. Ela não é rica e vive uma vida de aparências pelas redes sociais para se misturar com a elite. Apesar de hoje isso ser algo muito comum, o que poderia ter servido como crítica social se tornou um enredo raso utilizado apenas para arranjar uma desculpa para outro personagem ao final da temporada.
Personagens que já amamos
Sobre os rostos que já conhecemos, seria mais fácil se envolver com o enredo principal se Samuel fosse um pouco mais interessante. A narrativa de garoto bonzinho que se envolve com coisas erradas para fazer justiça não funciona aqui, e teria sido melhor se ele estivesse morto de fato no fim das contas. Ainda assim, o jogo de interesses entre ele e Carla é aproveitável por surpreendentemente eles terem química.
A melhor personagem é, sem duvida, Lu. Há quem ache ela chata, porém é quem mais evoluiu nessas temporadas sem deixar de ser quem é. Apesar de parecer fútil, Lu é genuína, preocupada e amorosa até demais com Guzman que não faz por merecer. Uma das melhores cenas é quando ela mostra que não é boba e não vai deixar que façam com ela o que bem entenderem.
Enquanto isso, Guzman e Nadja ficam no vai e vem por metade da história, e o que na primeira temporada parecia uma relação pura, nessa tudo é mais complicado. Nadja serve para ele como uma âncora para puxá-lo de volta todas as vezes que ele se afunda em um ato auto-destrutivo por conta do assassinato de sua irmã. Ela também precisa lidar com seus desejos que conflitam com sua fé e o relacionamento com seus pais.
Ander e Omar (o melhor casal da série) mostra altos e baixos, com atos muitas vezes estupidos pela parte de Ander, ainda que justificáveis pelo peso que ele carrega ao saber do segredo de Polo.
Esse, que não tinha motivação alguma para ter matado Marina, pareceu bastante descaracterizado. No começo ele sofre com a culpa e quase não suporta esconder de todos o que fez, porém magicamente de um episódio para o outro sua personalidade está transformada e ele se torna uma pessoa fria, nos fazendo questionar se foi mesmo um acidente ou se ele seria capaz de cometer outros crimes para ficar impune.
A série
Os adultos e supostas autoridades não tem qualquer propósito na série. Pais que não sabem onde seus filhos estão na maioria do tempo, muito comum em séries de TV, e a polícia que parece não conseguir avançar em suas investigações e é feita de boba por adolescentes manipulando o que ela deve ou não saber.
No geral, Elite é a série adolescente de suspense que prende o espectador despreocupado, que não precisa de muito para se entreter, mas esbarra em assuntos relevantes. As cenas mais quentes servem para um propósito no enredo o que gera mais credibilidade. Mesmo com alguns defeitos de roteiro, é ótima para passar o tempo e deixou um gancho para uma 3ª temporada com dinâmicas interessantes.