Era uma Vez em… Hollywood é o 9º filme da carreira de Quentin Tarantino como diretor e é uma Ode ao ano que o fez cair de amores pelo cinema, além de ser estrelado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie.
O filme acompanha a história de Rick Dalton (DiCaprio) um ator em decadência e seu dublê e melhor amigo Cliff Booth (Pitt). Rick é vizinho do casal do diretor Roman Polansky e sua esposa Sharon Tate (Robbie).
O filme se passa em 1969, ano em que a indústria de westerns (faroestes) reciclava muitos atores para a Itália, os hippies ganhavam espaço na sociedade e no cinema mas, sobretudo, também foi o ano do brutal assassinato de Sharon e de quatro amigos pelo grupo comandado por Charles Manson.
Se tratando de um filme do Tarantino, já sabemos que a direção é impecável e que seu jeito de contar história seria único. Essa carta de amor ao cinema é um conjunto de “curtas”, pés femininos, loiras em roupas amarelas, referências a filmes, auto referências, cameos e uma boa quantidade de sangue.
O primeiro e o terceiro ato são sem defeitos, tá explicado porque Cannes bateu palmas de pé ao fim da sessão. O segundo é mais lento. Digo isso pois uma das características do diretor é o constante pico de ação durante seus filmes e isso não acontece nesse aqui. Por misturar ficção com história real linear, a famosa porradaria do meio do filme não acontece, o que pode decepcionar os fãs mais aficionados.
Mas como cada filme tem sua própria identidade, o ideal é sentar no cinema e deixar que a história te seja contada sem expectativas.
Senti o peso do tempo, mas adorei tudo o que vi. O segundo ato é um apanhado de histórias que em si dariam vários curtas e que servem pra explorar o amor do diretor pelo cinema e retratar as aflições dos personagens principais no dia a dia.
Ouso dizer que uma dessas cenas tem grandes chances de dar mais um Oscar à DiCaprio. Mas é difícil afirmar com certeza pura, visto que a atuação de Brad Pitt também está maravilhosa e hilária.
Margot Robie não tem muitas falas e não, sua personagem não é o foco do filme. Não vou questionar isso aqui pois o diretor e a atriz já de posicionaram e explicaram a participação dela. Ainda assim, a história é respeitosa à memória da atriz e seus amigos.
Calma, calma… o gore ‘tarantinesco‘ está presente e é de vibrar na cadeira. Eu, como fã de gore, sou suspeita pra falar, mas meus colegas na cabine também estavam eufóricos, então acho que posso dizer que é um sucesso.
Não é o melhor filme dele, mas definitivamente é um dos melhores filmes do ano. Tem trejeitos do diretor em todos os cantos e talvez seja o que apresenta a maior quantidade de traços dele num só. Dedica um tempo imenso para diálogos e estrutura toda a história em torno deles.
Era uma Vez em… Hollywood é uma comédia pontual muito bem dirigida por um podólatra ligeiramente psicopata e psicoticamente cinéfilo.
Não é um filme pop pra agradar as massas como Kill Bill ou Bastardos Inglórios, não vai passar em todos os cinemas e não vai ficar pra sempre em cartaz. Mas vai impactar, causar debates e se encaixa lindamente na filmografia de Tarantino.
Não é mainstream, mas se você conhece o diretor e gosta de filmes construídos de grandes diálogos, ele vale seu ingresso… e outro… e outro.