Uma fórmula “milagrosa” foi jogada na atmosfera da Terra para buscar evitar o Aquecimento Global, mas terminou causando o oposto, levando o planeta a uma nova Era do Gelo. A humanidade terminou quase extinta se não fosse um trem que viaja todo o planeta, ela teria sido exterminada.
O trem, uma construção do genial Wilford (Ed Harris), dá todo o sustento que os humanos precisam, com exceção do que vivem na cauda, que sofrem processos de contagem constantes, comem uma barra de proteína que eles não têm ideia como é feita e veem suas crianças serem escolhidas, desconhecendo seu destino. Mas Curtis Everett (Chris Evans) não suporta mais isso. Incentivado por Gilliam (John Hurt) e mensagens que recebe em pequenas cápsulas de metal, ele decide uma rebelião. Apoiado pelo jovem Edgar (Jamie Bell) e por Tanya (Octavia Spencer), que deseja rever seu filho que foi lhe levado, ele inicia uma incursão até a frente do trem, mas antes precisa do engenheiro de segurança do trem, Namgoong Minsu (Kang-ho Song), que sabe abrir todas as portas, e sua filha Yona (Ah-sung Ko).
O filme inspirasse no romance gráfico francês “O Perfuraneve” (Le Transperceneige), escrito em 1982 pelo escritor francês Jacques Lob (1932-1990) e desenhado pelo artista – também francês – Jean-Marc Rochette. O encadernado foi lançado no Brasil pela editora Aleph no ano de 2015, bem como esse filme.
Eu ainda não li o encadernado, mas o filme é uma ficção científica de ótima qualidade. O diretor coreano Joon-ho Bong, conhecido pelos seus suspenses “Memórias de um Assassino” (2003) e “O Hospedeiro” (2006), acerta em cheio tanto no roteiro quanto na direção, pois o filme tem uma tensão que não se cessa. A cada abrir de porta dos compartimentos não se sabe a surpresa que virá, isso sem contar o contraste da utopia com a distopia, de uma se sobressaindo sobre a outra. Enquanto a cauda vive uma distopia total, onde pessoas buscam viver uma vida utópica, os outros vagões vivem esta utopia e desejam mantê-la, mesmo que as vezes usem do caos para aproveita-la. É o típico sobrepujar os mais afortunados sobre os menos, a necessidade de utopia existir desde que tenha uma distopia. Joon-ho acertou totalmente nesse ponto, além de contar com um estupendo elenco.
Chris Evans cresce cada vez mais em suas atuações. Para um cara que fez “Não é Mais um Besteirol Americano” (2001), seus últimos trabalhos mostram como ele cresceu em seus trabalhos. Seja como Capitão América, Mr. Freezy – em “O Homem de Gelo” (2012) – ou Curtis Everett, Evans tem demonstrado seu grande talento. Ele deixou de ser o rapaz sarado de “Celular – Um Grito de Socorro” (2004) para se tornar um ator muito talentoso, que sabe equilibrar drama e humor em suas atuações. Não perdeu o jeito de meninão, mas se tornou um ator maduro. Ainda mais trabalhando ao lado de atores do calibre de John Hurt, Ed Harris, Tilda Swinton e Octavia Spencer. Mesmo que eles tenham papéis menos atuantes, não deixam de ter suas importâncias no filme, por exemplo, John Hurt e Ed Harris fazem os opostos, Enquanto Hurt faz Gilliam, nomeado como líder do grupo da cauda do trem, Ed Harris é Wilford, o criador do trem de que viaja o mundo. Hurt busca tornar a distopia em uma utopia e Wilford tenta manter o equilíbrio entre os grupos que vivem no trem, mesmo que tenha de tornar a vida das pessoas que habitam a cauda algo pior do que já é. Outro que também está muito bem nesse trabalho é o ator Jamie Bell.
Depois de “Billy Elliot” (2000), Bell veio fazendo papéis menores, mas não que viesse crescendo com cada um deles. Personagens como Jimmy em “King Kong” (2005), Griffin em “Jumper” (2008), Esca em “A Legião Perdida” (2011) e St. John Rivers em “Jane Eyre” (2011), foram os papéis coadjuvantes de destaque que ele teve e sempre mostrando um grande talento. Bell fez recentemente Bem Grimm/O Coisa em “Quarteto Fantástico” (2015), mas como Edgar ele está muito melhor. Antes “Expresso do Amanhã” tivesse estreado em 2013, como ocorreu em outros países, que assim mostraria a todos como Bell é um ator talentoso.
“Expresso do Amanhã” é um excelente filme de ficção científica. Sobre sua relação com a revista em que baseia, ainda não posso falar, mas vale muito a pena ver.