(idem, 2014 – Estados unidos – Ação/Aventura).
Direção:
Gareth Edwards
Roteiro:
Max Borenstein, Dave Callaham
Godzilla é mais um filme da onda das refilmagens. E é aquela refilmagem de uma (boa) ideia de um filme de outro pais. Gojira, no original, é um monstro destruidor de cidades – gênero japones conhecido como Todsuasku. É curioso que monstros e robos gigantes sejam uma certa fixação japonesa. Mais até do que os filmes catastrofes americanos. Consigo pensar numa certa metáfora de uma força da natureza que o homem não consegue ir contra: o poder do estado – que no caso do japão é um estado extremamente forte em termos de lei e regras, ao passo que o estado americano é dominante na ideologia americana de pátria – torna-se totalmente impotente. E se faço referência ao Japão é que o novo Godzilla tenta a todo momento fazer referência a origem nipônica do monstro. Mas não é por acaso que o filme comece na Ásia e termine nos Estados Unidos – este é um típico filme de herói americano.
Os Créditos de abertura são uma bela homenagem aos filmes japoneses do “gojira” ao mesmo tempo que, mais à frente da narrativa, servem como ilustração de algumas explicações dadas nos dialogos expositivos. Estes diálogos, aliás, funcionam melhor quando encaixados de maneira orgânica – durante uma explosão de raiva ou nos diálogos entre os soldados do exército – do que quando temos momentos explicativos no filme.
Nesse ponto, já se faz importante citar que o roteiro e a narrativa da história se complicam quando o filme tem dois momentos de abertura antes de apresentar o protagonista do filme e o conflito principal – ainda que ambos os momentos contextualizem o conflito. Também é problemático o fato do protagonista, Ford (Aaron Jhonson, ex- Kick-ass e ex-John Lennon, que surge um pouco jovem demais para o papel no inicio do longa), exerca o papel de protagonista apenas a partir de metade da projeção. Até então ele funciona como peça de direcionamento das explicações que o filme quer dar ao público, e funciona também como observador passivo das situações. Na maior parte do tempo, o protagonisa não age, ele apenas reage às situações da história, quase que dividindo a protanoginzação com o próprio Godzilla e com os demais monstros, que estão movendo mais prórpiamente a história para frente. Nosso protagonista de fato está parcialmente envolvido nos conflitos do filme de início e só os assume (mesmo que de uma maneira que não passe tanta veracidade para o público), como dito, a partir da metade do longa. Mas também
O elenco e a direção dos atores, junto à montagem e do roteiro não criam o laço afetivo necessário com os personagens. Muitos deles parecem ter reações muito arificiais nas situações. É um problema em conjunto. Ford é especialista em bombas, e surge como necesário na trama. Mas essa necessidade é mal construida, pois os personagens estão um tanto quanto mal desenvolvidos. Suas motivações surgem um pouco caricatas (Porque Ford precisa ir ao japão?), e isso também dificulta nossa identificação com os personagens. Além dos dialogos expositivos já comentados, as conversas entre o Cientista Japones e o Líder da marinha deveriam soar como discussões mais profundas entre ciencia e força bélica, fé x razão, mas soam bastante rasos.
A direção tem seus momentos bons: há rimas visuais interessantes, como os momentos que os rostos dos atores são filmados a partir do reflexo nos vidros, em momentos de decisões importantes ou quando Ford visualiza dois momentos de destruição em dois momentos distintos de sua vida por meio de uma janela. Há também a ligação de Ford com Godzilla, sugerida a partir de uma rima visual do movimento do corpo de ambos. Mesmo que aqui e ali insira pontos em comum e cacos de outros filmes de destruição e de monstros. Gostei particularmente da Elipse do primeiro confronto entre o parasita MOTO e Godzilla, que corta para uma cena na qual o filho de Ford assiste a briga de ambos pela televisão enquanto na mesa de centro a câmera filma a televisão através dos brinquedos de dinossauros.
Contudo, as decisões de destacar os confrontos dos monstros apenas no final é um pouco frustrante, e ainda sim os confrontos são pouco desenvolvidos. E Pasmem, de onde saiu o raio do Godzilla? Algo que sequer foi aventado pelo roteiro até então. Também é inverossímil que o MOTO que não possui asas vá tão rapidamente de Las Vegas para França.
A direção de arte e a fotografia auxiliam na impressão de realismo do Godzilla quando ele enfrenta os outros monstros e na ambientação. A casa do pai de Ford tem as paredes totalmente cobertas de papeis, sugerindo sua obsessão pela área de quarentena e os reais motivos dos primeiros incidentes do filme. Os laboratórios do início também emulam bem não só maquinas da década de 70 como os cenários de filmes de ficção dessa época. As palhetas de cores são corretas, fortes nos momentos de normalidade, frias e escuras com relação ao exército e escurar e fortes no terceiro ato, no clímax das brigas entre os monstros gigantes. O Vermelho predomina como perigo, e a cena dos paraquedas é belíssima, mesmo que um tanto inverossível. E a trilha sonora grandiosa é boa nas cenas do godzilla (faz também sua homenagem aos originais filmes de monstros gigantes japas) mas não é totalmente eficaz em todas as cenas de desespero.
Como dito no início, o filme tenta fazer sua homenagem à fonte original do filme – e soa respeitoso que alguns personagens chamem o monstrengo pelo seu nome original. Mas o filme coloca o protagonista como o tipico cidadão americano do tipico filme família, e o roteiro dificilmente fuguria do final piegas já que a historia caminha nessa direção. Poderíamos ter um filme mais centrado nos monstros de fato, com um ritmo mais intenso e com maior urgencia e mais gravidade na devastação causada pelos embates dos gigantes. Mas não foi esse o objetivo do filme, ainda que o trailer sugerisse isso. Mas é interessante a defesa que o “Gojira” fosse uma força da natureza em busca do equilíbrio, e assim se despeça de seu personagem título. Um deus (ou um titã?) à serviço de Gaia.
(P.s- Assisti ao filme em uma sessão de IMAX 3D. E mais uma vez preciso dizer – TOTALMENTE dispensável. Irritante esse movimento de cobrar mais caro pelos ingressos oferecendo um desconforto a mais ao assistir-se um filme. Tudo bem que os óculos do UCI IMAX são mais confortáveis que os demais, mas para quem precisa por um óculos por cima do outro à toa torna-se bem irritante tal prática.)
Trailer do filme: