Hellboy e o Homem Torto, produzido pelo diretor Brian Taylor, atrai o público principalmente pelo protagonista se tratar de um personagem popular da Dark Horse Comics e pela fama de Hellboy (2004), mas para além disso, oferece um trailer que desperta interesse genuíno, porém seria a entrega satisfatória?
Apesar do orçamento baixo, pela atmosfera de terror e suspense que é gerada principalmente a cada troca de cena, o que faz com que o espectador seja instigado a descobrir o que está por trás dos acontecimentos citados nele.
Para os que criaram expectativas devido ao trailer, infelizmente ela não será devidamente suprida. O filme é composto por cenários com uma paleta de tons terrosos e frios e vegetação morta, o que já se esperava devido a intenção de se criar uma atmosfera de terror, e pela tentativa de inserir um cenário triste e com pessoas empobrecidas pós-guerra, de 1950.
Mesmo com essa investida, o roteiro deixa a desejar pois conta com sustos amenos e diálogos rasos, que fariam mais sentido e teriam melhor encaixe caso o filme fosse vendido com o gênero de ação/comédia ou até mesmo como uma série.
Para contextualizar, os diálogos e histórias dos personagens secundários, como o Reverendo Watts (Joseph Marcell) e Tom Ferrell (Jefferson White) chamam e prendem mais atenção do que a do próprio protagonista e sua companheira de viagem e investigação, a pesquisadora e agente novata Bobbie Jo Song (Adeline Rudolph). Mas, isso ocorre somente no meio do filme, deixando o início morno.
O jogo de câmeras móveis valorizou o filme somente em alguns momentos, principalmente quando a bruxa Cora Fisher (Hannah Margetson) conversa com uma criatura desconhecida e olha diretamente nos olhos do espectador enquanto a câmera é levemente sacudida, ressaltando os detalhes da personagem e trazendo uma imersão à cena. Infelizmente, em outros momentos, a característica da câmera móvel acaba gerando dispersão pela necessidade de ficar movimentando os olhos para tentar se ater a todos os detalhes da cena.
Apesar de todos esses fatores, o filme apresenta novas informações sobre a origem biológica de Hellboy e deixa alguns pontos em aberto que podem ser explorados em uma possível sequência, que com certeza se enquadraria melhor como série, e também com uma proposta de gênero diferente da proposta desta vez.