Indiana Jones e a Relíquia do Destino inicia logo com um confronto físico em que uma versão muito bem computadorizada (com exceção de algumas cenas com emoções mais marcadas que ficaram bem feias) do Indiana Jones mais jovem briga, mais uma vez, com um nazista, interpretado brilhantemente por Mads Mikkelsen.
Somos apresentados àquele típico modelo indiana jones de pôr um confronto logo no início e depois se transportar para uma cena mais calma, do dia a dia (como em sala de aula, por exemplo) de Indy, com mais diálogos e a apresentação do que será, de fato, o tema a ser retratado no filme: Nesse caso, o relacionamento entre Indiana Jones e sua afilhada numa busca por um antigo e poderoso artefato construído por Arquimedes, antes que os nazistas o alcancem.
Mesmo não sendo, nem de longe, o filme mais legal da franquia, é um filme muito importante para ela. Diferente do filme de 2008, Indiana Jones e a Relíquia do Destino realmente acrescenta coisas na história e tem um certo desenvolvimento; há momentos muito emocionais no filme, sendo possível se conectar melhor com a trama e seus personagens.
A narrativa também tem um peso histórico muito grande ao trabalhar com filosofia antiga, o que é muito legal visto que Indiana Jones é uma franquia que gira em torno da história. Há uma certa ligação entre a importância da história e as relações humanas que é excepcionalmente emocionante para o filme. Além de, é claro, ser um longa divertido e com muita ação. Há algo de épico em Indiana Jones que estava em falta nos cinemas nos últimos anos.
Mesmo assim, há alguns desleixos por parte da direção que são impossíveis de ignorar: Cenários mal feitos, efeitos que parecem de anos atrás e transições estranhas são alguns pontos que a produção deixa a desejar.
Não é mistério para ninguém que Harrison Ford não é mais um homem jovem e forte como no início da franquia. Por isso, algumas pessoas podem ir ao cinema com o pré-julgamento de que ele não estaria preparado para um papel com tanta demanda física como Indiana Jones. Entretanto, a direção do filme em momento algum exige que ele seja o mesmo que era aos 30/40 anos de idade; pelo contrário, o personagem é muito bem adaptado para a sua idade, havendo, até mesmo, um humor a respeito disso. O ator consegue incorporar perfeitamente o Indy mais velho.
Desde o começo do filme, Indy já deixava claro que seu espírito – e corpo – aventureiro já não era mais o mesmo. Sendo assim, sua afilhada, escrita e interpretada por Phoebe Waller-Bridge, acaba tendo um destaque maior nas cenas de ação.
Por mais que esse destaque todo ajude num enfraquecimento desnecessário do protagonista, Phoebe Waller-Bridge é uma atriz incrível e muito carismática que consegue fazer o cinema soltar umas gargalhadas.
Também é muito legal ver a evolução das mulheres dentro da trama – pondo o filme de 2023 em contraste com Indiana Jones e o Templo da Perdição, de 1984, cuja única personagem feminina era inútil, fraca, sexualizada e estava no filme apenas como figura cômica e trama romântica, ter uma mulher no elenco principal do filme e que não possui papel romântico algum é uma vitória.
Apesar da boa surpresa com personagens novos, alguns que até mesmo lembram personagens antigos da franquia como uma forma de homenagem, há uma decepção quando o assunto é personagens antigos; alguns são citados logo de cara e isso já causa um certo nível de empolgação aos fãs; entretanto, essa empolgação logo é desperdiçada, pois eles aparecem por pouco tempo.
O filme conta com várias referências, mas o legal é que ele não necessita delas para funcionar; sendo assim, é um bom filme para os fãs e para quem nunca assistiu nada da franquia também.
Além de Indiana Jones e a Relíquia do Destino ser ótimo para quem não ficou satisfeito com o último filme da franquia, também é um ótimo filme para quem busca por uma simples diversão nas cadeiras do cinema e não sabe o que assistir. Um filme para toda a família.