Ao longo do filme somos levados diversas vezes de volta àquele dia do ataque por meio de flashbacks, cada vez descobrindo mais sobre o que aconteceu com cada personagem que não está na Terra.
Os flashbacks foram bem utilizados, com bons timings mantendo o ritmo da obra e dando as informações necessárias sem cerimônias ou exageros, mostrando também que aqueles que não morreram na batalha, foram marcados por Darkseid de alguma forma (como a kriptonita de Clark).
Aos poucos, o trio, acompanhado por Etrigan, vai localizando os demais em uma típica estrutura de aventura, colecionando aliados até formar um novo grupo com sobreviventes da guerra de dois anos atrás. Aqui vale destacar Harley Queen, que agora lidera o Esquadrão Suicida, e Etrigan também como alívios cômicos em meio ao característico tom sombrio da DC em geral.
Uma questão que chama atenção no filme é o fato do Superman ser o que menos contribui, justamente por estar sem seus poderes. Assim, outros personagens acabam tendo maior destaque, como Ravena, Lois Lane ajudando no plano e Lex Luthor trocando de lado de última hora. Outro ponto interessante foi o uso da kriptonita, tanto na armadura quanto nas armas, algo que é completamente contraditório e inesperado.
Diversos outros momentos foram muito bem amarrados e aproveitados, como parte da Liga estar sob controle do Darkseid, a exemplo de Mulher Maravilha e Estelar. Além de render uma luta entre os próprios heróis, sempre interessante de assistir, foi uma surpresa positiva aproveitar os personagens dessa forma e não apenas ter matando todo mundo. Além disso, o uso do laço da Mulher Maravilha contra ela mesma para que pudesse se libertar foi um momento emocionante.
Dramas familiares também marcaram presença nessa animação final: Batman vs. Robin e Ravena vs. Trigon. Nesse sentido, o roteiro foi brilhante relacionando as duas situações, pois é a luta entre Batman e Robin que gera uma reação em cadeia: Batman se liberta e ataca Darkseid, Robin protege o pai e Ravena, abalada, liberta Trigon.
Como era de se esperar, o Superman, que passou o filme todo sem muita participação, recupera seus poderes e luta contra Darkseid, mas o roteiro acertou mais uma vez em não o tornar responsável por sua derrota, que foi, no fim, um trabalho em conjunto e com maior participação do pai de Ravena.
Como mencionado anteriormente, a solução é óbvia desde o início: se tudo começou por causa de um flashpoint, era isso que tinha que acontecer de novo para restaurar o caos que seguiu. Um mérito do fechamento é justamente não mostrar o que acontece após esse segundo flashpoint, deixando todas as possibilidades abertas para o que vem a seguir.
Uma questão técnica que vale a pena ser com direção de Matt Peters e Christina Sotta, a animação da DC foi lançada em maio de 2020, e conta com a produção de Amy McKenna e Jim Krieg. Nesse filme, acompanhamos a Liga da Justiça, com John Constantine como seu novo membro e ponto de vista principal, enquanto planeja um ataque contra Darkseid e lida com as consequências de seu fracasso.
O filme tem início com a formação da Liga da Justiça toda reunida planejando seu ataque contra Darkseid em seu planeta, Apokolips. Essa imagem inicial causa impacto e gera uma grande expectativa sobre a guerra que está por vir. Aqui, porém, já é entregue ao espectador que o Ciborgue está sendo usado para transmitir tudo ao seu inimigo e, antes mesmo do plano ser colocado em ação, sabemos que ele está fadado ao fracasso.
Dito e feito: os minutos que seguem são compostos pela ilustração da derrota da Liga e a sangrenta morte de inúmeros de seus membros, logo cortando para a situação da Terra inteiramente destruída dois anos depois. Encontramos John Constantine bêbado, afogando as mágoas pela morte de Zatanna, Ravena abalada pelo aprisionamento de seu pai, Trigon, dentro de si, e Clark Kent sem seus poderes, com os olhos e seu símbolo no peito verdes em razão da kriptonita líquida que lhe foi injetada por Darkseid para que não seja mais uma ameaça.
Apesar de ter assistido em inglês, uma reclamação comum sobre a animação desde seu lançamento é a troca da voz de diversos personagens, vozes que, inclusive, os acompanham há décadas e foram trocadas apenas para esse filme. Talvez isso possa atrapalhar a experiência de alguns espectadores, por causar um compreensível estranhamento do público.
No geral, Guerra de Apokolips é uma animação intrigante e que prende a atenção e, mesmo sendo intrinsecamente relacionada a animações anteriores – pois é literalmente o ponto final da sequência que teve início com “Ponto de Ignição” – é possível assistir separadamente sem prejuízo.