Para cinéfilos de plantão, esse é um dos filmes mais esperados do ano, principalmente levando em consideração que ele demorou três meses para chegar no Brasil, após seu lançamento no exterior.
Dirigido por Ari Aster, Midsommar – O Mal Não Espera a Noite é o segundo filme da carreira desse diretor que merece nossa atenção, sendo o primeiro Hereditário. Nas palavras do diretor: “É um filme de término apático de relacionamento e um sombrio conto de fadas contemporâneo”. (em entrevista para o Rotten Tomatoes). Quero adicionar aqui que isso tudo acontece sob o uso de várias drogas naturais e você se sente chapado o tempo todo. Graças a isso, temos várias momentos cômicos.
Como diz a sinopse, um grupo de amigos formado por Christian (Jack Reynor), Mark (Will Poulter), Josh (William Jackson Harper) e Pelle (Vilhelm Blomgren) segue em viagem para a Suécia, para acompanhar um festival de nove dias com um grupo/seita isolado. Dani (Florence Pugh), namorada de Christian, passa por uma perda muito grande na família e, para tentar fugir da tristeza, se junta ao grupo nessa empreitada.
Midsommar – O Mal Não Espera a Noite é o meio do solstício do verão sueco (aquela região, na verdade), a época do ano em que o dia dura mais tempo, quase 24 horas. Povos carregam tradições antigas, desde os vikings e comemoram a época com danças, flores e outras cerimônias.
Pra entender esse filme você precisa: ter interesse por mitologia nórdica ou ter visto Vikings (a série), ou ter muita paciência para pesquisar sobre depois. Te garanto que valerá a pena.
Sendo esse o segundo filme da carreira do diretor, já podemos fazer paralelo com Hereditário: Ambos os filmes falam sobre relacionamentos e família, apresentam seitas e rituais reais e possuem elementos que te adiantam o que vem por aí. Atenção a detalhes é indispensável.
Apesar do casal, a seita em si é uma personagem principal, com rituais lindos, belas canções e uma conexão que a torna uma só.
É difícil vender o filme sem entrar em spoilers. A fotografia é maravilhosa! E por se tratar de algo diurno, a tensão do terror precisa vir de outros fatores, como sustos e atos nojentos. É estranho como algo tão lindo pode ser tão horrendo.
De pontos negativos, eu diria que a perda de Dani no início do filme é muito pesada, e acaba não sendo abordada mais pra frente. Seria algo interessante de saber mais, até pra criar mais paralelos na história. Outra coisa que eu queria ver mais são as mortes. Não me leve a mal – tem coisa muito explícita – mas alguns personagens interessantes desaparecem e depois reaparecem sem que nós vejamos o que acontece.
A movimentação de câmera e as drogas usadas por todos dão um clima de deslocamento e leve enjoo e as cenas fortes causam desconforto. E essa parece ser a ideia do filme, exemplificada muito bem por exemplo… numa cena em que várias garotas dançam felizes, completamente chapadas.
Existem duas formas de sair desse filme: Completamente deslumbrado ou completamente irritado. Isso porque ele é bem devagar e não é didático. Tem que mergulhar da cabeça dos personagens e procurar por detalhes a todo instante. Definitivamente, ele não é um blockbuster e pode ser uma péssima experiência para muitos.
Por essa razão, assista ao filme se gostou de Hereditário, se está curioso e se vai procurar mais sobre depois. Não é uma ‘sentada na poltrona’ para passar o tempo, pois o longa vai consumir o seu psicológico.
E eu disse isso tudo para dizer que eu gostei muito, mas com um MAS: assista e depois venha realmente debater com a gente. Me chama em ‘off’, vamos conversar, falar sobre…