O capítulo final da batalha entre Tom Cruise e a Inteligência Artificial chega em “Missão Impossível – O Acerto Final“, um longa que promete dividir os fãs e marcar o encerramento dessa franquia ousada. Desde o primeiro filme, lançado em 1996, a saga reuniu uma variedade de artistas talentosos que imprimiram suas visões artísticas, estabelecendo um padrão extraordinário para o gênero.
Apesar de seus defeitos, “O Acerto Final” é grandioso e oferece uma experiência eletrizante — do tipo que só Tom Cruise seria capaz de entregar. Acompanhamos Ethan Hunt e sua equipe em uma missão para impedir as consequências catastróficas de uma Inteligência Artificial (chamada de A Entidade) no sistema global de computadores. Partindo da premissa de que nossas vidas são definidas pela soma de nossas escolhas, Ethan persegue a entidade, mas acaba se deparando com líderes poderosos ao redor do mundo.

É uma corrida contra o tempo para evitar o apocalipse, e Hunt é colocado no centro da luta pela sobrevivência da humanidade. O grande dilema proposto pelo filme reside no resultado de nossas escolhas e na dificuldade de lidar com suas consequências. Será possível mudar nosso destino ou apenas aceitá-lo? Esse é o questionamento que o protagonista enfrenta ao se recusar a aceitar o futuro distópico planejado pela Entidade.
Hunt carrega um fardo físico e emocional (o preparo físico de Cruise é invejável) por priorizar seus entes queridos em vez de salvar bilhões de vidas. Essa é sua maior virtude e sua maldição — uma decisão que, inevitavelmente, trará repercussões. Desde “Acerto de Contas“, a IA é tratada como um “antideus“, uma arma viva que age como uma divindade pronta a julgar a humanidade. Mas os seres humanos não se curvarão a uma máquina sem lutar.

Sob a direção habilidosa de Christopher McQuarrie (que assumiu a franquia a partir de “Nação Secreta“), o espectador é levado por uma aventura alucinante que atravessa continentes.
Cruise, como sempre, arrisca a própria vida em nome da arte (obrigado por tudo, mestre!), e em “O Acerto Final” não é diferente. A sequência no submarino é claustrofóbica e lembra fases intensas de videogame — a mixagem de som e a edição elevam a cena a um nível de urgência e tensão palpável.

Já a cena no avião é, talvez, a mais perigosa que Cruise já realizou, e a câmera de McQuarrie captura cada momento com maestria, dando espaço para a ação respirar (um diretor de estúdio dificilmente alcançaria o mesmo impacto). Como dito antes, a franquia estabeleceu um padrão técnico invejável, mas “O Acerto Final” peca em sua montagem bagunçada, que torna a narrativa exaustiva devido à quantidade excessiva de núcleos. São tantas tramas paralelas que, em alguns momentos, fica difícil identificar o foco principal.
Ainda assim, suas qualidades sobressai. “O Acerto Final” não é perfeito, mas a obra oferece uma experiência cinematográfica fantástica e se torna pessoal, pois vemos McQuarrie e Cruise provando que a humanidade não precisa de uma máquina para decidir suas escolhas.