A nova série da Netflix O Legado de Júpiter é baseada nos quadrinhos homônimos de Mark Millar e Frank Quitely e tem como intuito apresentar uma nova abordagem aos super-heróis ao mostrar duas gerações entrando em conflito.
De acordo com a sinopse oficial, “depois de quase um século mantendo a humanidade segura, a primeira geração de super-heróis do mundo deve confiar nos seus filhos para continuar o legado. Mas as tensões aumentam à medida que os jovens super-heróis, famintos por provar seu valor, lutam para viver de acordo com a lendária reputação pública de seus pais – e exigentes padrões pessoais.”
A temporada com 8 episódios de aproximadamente 1 hora cada, segue duas narrativas simultâneas. Uma das jornadas se inicia em 1929, no período da Grande Depressão dos Estados Unidos e segue Sheldon Sampson em busca de uma ilha perdida após ser atormentado pelas visões de seu pai. Então, ele, seu irmão e seus amigos da faculdade partem em uma viagem de barco para encontrar respostas e revelar a origem dos poderes dos primeiros super-heróis da Terra.
Ao mesmo tempo, o enredo mostra os dias atuais. Sheldon, agora conhecido como Utópico, manteve a paz na Terra por 90 anos com o grupo denominado União. Porém, com as diferenças de ideais e cobranças crescentes da população por justiça, o desafio é fazer com que os filhos dos membros da União se atenham ao Código – não governar e não matar. Mas eles não se importam com isso.
A série estrela Josh Duhamel como Sheldon Sampson, Ben Daniels como Walter Sampson, Leslie Bibb como Grace Sampson, Andrew Horton como Brandon Sampson, Elena Kampouris como Chloe Sampson, Mike Wade como Fitz Small, e Matt Lanter como George Hutchence. O elenco composto por grandes nomes tem bastante química, fazendo funcionar em tela as relações conflituosas em ambos os tempos da narrativa.
A família Sampson se destaca com seus dilemas e relacionamentos quebrados. Por ter que salvar o mundo, Sheldon não foi um pai presente, refletindo em uma Chloe que se tornou rebelde e não quer seguir o caminho de sua mãe para se tornar a próxima Lady Liberdade. E em Brandon, que apesar de muito se esforçar, não consegue alcançar as expectativas de seu pai para se tornar o próximo Utópico. No passado, o maior atrito é entre os irmãos, já que Sheldon era o caçula de ouro da família e Walter viveu ressentido com a vida fácil que ele levou.
A produção que propõe se equiparar a “The Boys” não chega a alcançar o patamar alto que a concorrente do Amazon Prime definiu. Contudo, ela se mantém consistente em seu enredo original instigante, que prende a atenção do espectador em seus discursos bem apresentados. Os argumentos para ambos os lados, os que querem se ater e aqueles que querem abolir ao Código, são consistentes e não há certo ou errado. E sim, o que se adequa melhor aos tempos de hoje e o que já está ultrapassado.
No fim, a primeira produção da Millarworld para a Netflix, que lançou os fenômenos Kick-Ass 2 (2013) e Kingsman – Serviço Secreto (2015), é uma boa indicação para fãs de histórias heróis e de quadrinhos. Com cenas de ação e luta que fazem jus ao material original, pede por uma maratona nesta sexta à noite. Além de apresentar um plot twist insano no fim do episódio 8, que implora por uma segunda temporada.