Oppenheimer é baseado em fatos verídicos e se passa pelo período da Segunda Guerra Mundial; mais especificamente, conta a história do físico J. Robert Oppenheimer, criador do Projeto Manhattan, que tinha como objetivo criar uma bomba atômica antes dos nazistas.
Trata-se de uma história real e complexa que aborda diversos assuntos de não tão simples compreensão.
Tendo isso em mente, essa nova direção do Christopher Nolan está entre uma das mais dinâmicas dele. Óbvio, o filme é difícil de entender, mas não por conta do diretor, mas sim por conta da história sendo contada, que é, por si só, complicada.
Muitas pessoas acreditam que o fato do filme possuir três horas de duração o torna longo, quando na verdade, não é necessariamente assim que as coisas funcionam. Um filme é longo quando ele foge de seu tópico e tem muitas cenas que não agregam em nada na obra. Em Oppenheimer, isso não acontece muito; claro, há exceções, uma cena ou outra desnecessária e maçante, mas de modo geral, isso não é um problema muito recorrente.
Durante as duas primeiras horas, ele mostra apenas o necessário, e isso funciona muito bem, afinal, uma história tão complexa exige um certo nível de praticidade por parte do roteiro e da direção.
Já nos sessenta minutos finais, há sim um certo cansaço causado por algumas cenas que poderiam ser mais curtas ou não estar ali. Mas nada que estrague o aproveitamento da obra.
A narrativa não se preocupa tanto em tentar te fazer compreender tópicos mais relacionados à física ou matemática, por exemplo – até porque isso causaria uma sensação de alienação desagradável à parte do público que não compreende desses assuntos (que com certeza é maioria) e talvez até mesmo espantaria essas pessoas.
É claro, todavia, que hão abordagens sobre essas questões científicas na trama, afinal, elas são o fundamento, a raíz de tudo aquilo; elas só não ocupam tanto espaço, não mais do que deveriam. É mostrado apenas o que é essencial e interessante.
A questão política do filme pode ser definida, à primeira vista, como um mistério. Vemos cenas em tribunais e não sabemos exatamente do que se trata. Os ideais morais de Robert Oppenheimer também não ficaram tão claros inicialmente.
Nolan brinca com o público, nos dois primeiros atos do longa, com um suspense muito atraente, que acaba por ser desenrolado, de fato, apenas em seu terceiro ato. O espectador não entende direito o que está se passando no julgamento – que não é nem dito por juízo – mas também não sente uma necessidade tão grande em compreender, afinal, hão outras coisas mais importantes acontecendo, como o próprio processo de criação da bomba atômica.
Essas curiosidades sutis que algumas cenas causam vão se acumulando e explodem juntamente com a bomba – da maneira mais literal possível: após o momento da primeira grande explosão atômica, o filme começa a focar em tudo aquilo que estava acumulado, e todos os mistérios vão, aos poucos, se esclarecendo.
Uma decisão bastante arriscada que, contudo, funciona.
A dificuldade de Christopher Nolan em retratar mulheres é de conhecimento geral. Há apenas duas personagens femininas de mínima relevância: Kitty Oppenheimer e Jean Tatlock, interpretadas por Emily Blunt (Um Lugar Silencioso) e Florence Pugh (Midsommar), respectivamente. Jean, apesar de ser muito importante na história real que inspirou o filme, acaba aparecendo mais para cenas eróticas do que outra coisa, seu valor na narrativa é bem diminuído e poderia ter sido mais explorada.
É satisfatório ver atores dedicados alcançando o resultado brilhante que tanto batalharam por. É isso que aconteceu em Oppenheimer, com um elenco repleto de nomes famosos de Hollywood, cujos esforços se mostraram dignos.
Não é surpresa alguma que Cillian Murphy (Peaky Blinders) estaria perfeito como J. Robert Oppenheimer, mas ele supera expectativas.
Quanto aos coadjuvantes, Emily Blunt e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) são destaques com atuações convincentes. Já Florence Pugh, apesar do roteiro de sua personagem não favorecer, também ficou espetacular.
Deixando o melhor para o final: A fotografia e o som do filme estão entre os melhores dessa década até agora.
Juntos, formam algo tão épico, tão bombástico que vai lhe deixar sem palavras por horas. Uma experiência inigualável na sala de cinema.