De volta ao mundo de mangás, o Cabana do Leitor leu, Sakura Saku, e de certa forma é gostoso de ler.
Adentrei o mundo dos mangás através do shoujo Special A; desde então, costumava alimentar a minha alma utópica com histórias que mantivessem meu coração quentinho. Depois de certa idade, eu não encontrei uma narrativa do gênero que me proporcionasse o sentimento que aflorou durante as minhas leituras principiantes, porém, não cessei a busca, continuei à procura de títulos.
Há alguns dias, me deparei com o mangá Sakura Saku, pertencente à mesma mangaká de Ao Haru Ride – canônico das consumidoras de shoujo – que me remeteu aos primórdios da minha adolescente. Imersiva em saudosismo, iniciei a minha leitura.
Sakura Saku é um mangá de Io Sakisaka, famosa por publicar histórias com temáticas que permeiam o amor jovem colegial como Love Me, Love Me Not, Aoharaido, entre outros títulos responsáveis por plantar sementinhas amorosas nos corações das apaixonadas de plantão.
A história acompanha a trajetória de Saku, uma menina que se cobra ao máximo para ser gentil com todos ao seu redor. Tornou-se assim após uma viagem corriqueira de trem, onde passou mal e um garoto, educadamente, a ajudou ao perceber sua aflição. Não teve a chance de agradecê-lo, sendo assim, alguns anos se arrastaram e Saku, constantemente, sentia-se culpada e que deveria agradecê-lo de alguma forma.
A única informação que tinha sobre o garoto é que o seu sobrenome era Sakura e – convenhamos, é um nome muito comum – porém, milagrosamente, um garoto com este sobrenome ingressou em sua turma, Sakura Ryosuke, o que a fez associá-lo diretamente a algum parente do seu salvador.
Confesso que a narrativa, não alcançou as minhas expectativas em preencher a lacuna. Talvez porque seja um enredo batido, já abordado tanto por Io Sakisaka, quanto em outras obras de outros mangakás.
A narrativa de Saku, que se cobra tanto por ajudar os outros para se igualar ao seu amor platônico de arrasta por alguns capítulos, o que se torna maçante em alguns aspectos.
Agora, partindo de uma ótica diferente, acredito que dê para extrair algumas lições importantes através da construção da protagonista e do coadjuvante.
Muitas vezes, idealizamos uma pessoa a partir da nossa observação e interpretação sobre ela, imaginamos qualidades e a superestimamos. Características que, muitas vezes, a pessoa não possui, ou possui, mas não da forma que esperamos, quando essas expectativas não são atendidas, após descobri-las, nos decepcionamos tanto com as pessoas, quanto conosco.
Uma grande lição que extraí desse mangá é que, mesmo sendo complexa, devemos deixar a nossa personalidade agir de forma orgânica, obviamente filtrando os pontos negativos, mas deixar nossas virtudes fluírem. Talvez não tenha reencontrado o sentimento gostoso que tinha quando lia os shoujos de Io Sakisaka quando mais nova, e a probabilidade que eu o reencontro possa não mais existir.
Quando mais jovem, as narrativas colegiais me prendiam por desejar aqueles romances idealizados, o que já não ocorre atualmente. Mas é interessantíssimo ler mangás sob um olhar mais maduro após anos sem lê-los com frequência.