Após 10 meses de hiatus os fãs de Shadowhunters estavam sedentos por novos episódios carregados de emoções e aventuras, confira nossa crítica sobre a 3ª temporada.
Quando Clary foi presumidamente dada como morta ao final da parte A da temporada, sabíamos que não era verdade. Ela estava viva e com seu irmão Jonathan ressuscitado. Mas mais que isso, eles estavam ligados um ao outro por meio de uma runa criada por Lilith. A parte B da temporada se desenvolve a partir daí, com Jonathan tentando fazer com que Clary o entenda e fique ao seu lado. Enquanto isso, Magnus lida com a perda de seus poderes e Simon precisa se livrar da Marca de Caim.
Muito do enredo da temporada se perde quando o foco é voltado para personagens secundários e plots que não deveriam ter tanta atenção, como por exemplo, Heidi e o clã de vampiros iniciando uma rebelião. Ainda em tempo, a série aborda casos de abusos da Clave com os Submundanos em que para um projeto secreto eles estariam sendo torturados e Izzy é a pessoa mais indicada para descobrir os podres do governo shadowhunter.
Muito tempo foi perdido em não mostrar o verdadeiro potencial de Jonathan enquanto podiam. Na 2ª temporada tínhamos o ator Will Tudor no papel de Sebastian/Jonathan e, com ele, víamos o potencial que o personagem tinha como vilão.
Agora, com Luke Baines interpretando Jonathan Morgenstern, era esperado que ele erguesse o inferno na Terra. Mas não é o que acontece. O que vemos é um Jonathan obcecado pela Clary e extremamente ciumento. É condizente com o personagem, porém, o limitaram a isso, sem explorar toda a vilania e matança que fazem parte da sua história nos últimos livros. A atuação de Baines também se torna limitada por conta do roteiro fraco.
Outro elemento dos livros que se perdeu numa adaptação fraca foi o tão esperado Team Evil. Por deixarem a vilania de Jonathan de lado a maior parte da temporada, só vimos Clary, Jace e Jonathan agindo de fato nos últimos episódios.
Clary quando é encontrada em Paris acredita ingenuamente que finalmente poderá viver seu romance com Jace. Eles não perdem tempo para terem um ao outro da forma que desejam há muito tempo e declaram seu amor até após a morte. Entretanto, a runa que liga sua vida com Jonathan faz mais do que só deixar que seu irmão vivo e foi questão de tempo até que ela sucumbisse ao lado sombrio. O que deixa a questão no ar: Será que algum dia Clary e Jace terão sossego?
O relacionamento de Izzy e Simon foi abordado lentamente desde o início da temporada. Simon e Maia terminaram o relacionamento para que ela pudesse liderar a matilha de Nova Iorque. Com isso, Simon e Izzy fazem o juramento de não se apaixonarem por ninguém. Como se os fãs não tivessem esperado tempo o bastante, o primeiro beijo do casal não acontece até o final da temporada.
Enquanto Izzy é uma das melhores personagens femininas da série, bem escrita, sendo versátil, inteligente e talentosa, Maia deixa a desejar com seu desenvolvimento. A escrita de Maia pecou a partir do momento em que fez com que ela perdoasse seu abusador Jordan e transmitisse a mensagem errada e perigosa que está tudo bem voltar para um relacionamento que um dia já foi abusivo.
Como sempre, o ponto alto a ser destacado da temporada é o relacionamento de Magnus e Alec, e todo o tratamento da série acerca das questões psicológicas. Magnus perdeu sua magia, aquilo que o tornava quem ele era. Por mais que ele saiba que é aceito e visto da mesma forma por Alec, uma parte sua estava faltando. Alec, apesar de compreensivo e depois de quase perder o amor de sua vida, entende que Magnus nunca seria feliz novamente sem a parte dele que estava faltando e entrega uma das cenas mais dolorosas de toda a série.
Outro personagem que precisou lidar com grandes perdas, não só de pessoas como de personalidade foi Jace. Desde o episódio 11, ele tinha dificuldades em se recuperar após ter sido controlado por Lilith e a falta de Clary, seu porto seguro, não tornaram as coisas mais fáceis. Ele estava em um lugar sombrio, mas felizmente tinha seus irmãos preocupados com ele e sua saúde mental.
Outro ponto positivo da temporada são os efeitos que percorreram um longo caminho desde o início da série e foram responsáveis por visuais de tirar o fôlego. E a trilha sonora que não decepciona de forma alguma.
Muitos dos erros da temporada são justificados pelo cancelamento repentino quando a produção estava certa de que teriam mais um ano para desenvolver o que estava em aberto e, por isso, podiam se demorar em certos aspectos. Ao mesmo tempo, por esse motivo, a temporada não satisfaz o desejo do espectador pelo épico e deixa aquele gosto de quero mais, esperando para ser preenchido com o evento de 2 horas da series finale – que terá uma crítica própria a seguir.
No Brasil, Shadowhunters é distribuída pela Netflix e todos os episódios estão disponíveis no catálogo.