Ansiosos para The Umbrella Academy? Nós já tivemos o prazer de assistir os episódios da série que chega no dia 15 de fevereiro na Netflix, e vamos comentar nossas primeiras impressões. Relaxa, sem spoilers.
A história de The Umbrella Academy
Pegue um grupo com habilidades especiais como os X-Men, adicione dramas familiares, um turbilhão de emoções e uma pitada de fim de mundo. Esta é The Umbrella Academy, série baseada no quadrinho de Gerard Way, ex-vocalista da banda My Chemical Romance, junto ao brasileiro Gabriel Bá que ilustra com maestria a HQ.
A série, que pode ser vista por quem nunca leu o quadrinho sem criar conflito, traz uma história peculiar: 43 crianças nasceram repentinamente, sendo que nenhuma de suas mães estavam sequer grávidas. Isso chamou a atenção de um bilionário chamado Sir Reginald Hargreeves que adotou 7 destas crianças a fim de treiná-las para combater o mal, resultando na Umbrella Academy.
A trama se desenvolve mostrando o passado destas crianças, sendo treinados ou, podemos até dizer, torturados, em prol do desenvolvimento e descoberta de suas habilidades; enquanto intercala com cenas do presente, após uma reunião “forçada” anos depois por conta de uma “fatalidade”: Sir Reginald morreu. A partir desta tragédia, os irmãos precisam aguentar um ao outro para resolver o que está por vir. E como vem coisa depois disso.
Sobre os personagens
Não há como falar sobre a série sem detalhar cada personagem. Sir Reginald Hargreeves é um homem irreverente, com tonalidade e postura ditatoriais. Para lhe auxiliar na educação e treinamento das crianças, ele cria seres especiais: Grace, uma “mãe”, manequim robótica, que oferece desde carinho a primeiros-socorros; e Pogo, um macaco inteligente, solícito e fiel ao seu mestre. Destaque para a ótima qualidade dos efeitos especiais das cenas em que eles estão presentes!
Quanto às crianças, ou adultos no presente, nos são apresentados por números, baseados na genialidade ou utilidade. O Número 1 é Luther, um cara grandão, solitário, que até viveu uns anos na Lua; é um dos filhos mais preocupados e desconfiou da forma como o pai morreu.
Diego é o Número 2, um ex-detetive policial extremamente habilidoso com facas e nada triste com a morte do pai. Alisson é a Número 3, uma atriz famosa, com uma habilidade persuasiva de criar rumores e conquistar (ou perder) coisas através disso.
O Número 4 é Klaus, o “louco” da trama, de personalidade incrível, capaz de contatar os mortos e constantemente assombrado por vozes do além, razão pela qual vive imerso nas drogas a fim de aguentar a pressão. Uma observação para os fãs de Gerard Way: Klaus traz escrito “Hello” numa mão e “Goodbye” na outra, assim como Gerard rabiscava suas mãos em sessões de autógrafos no passado.
E então temos o Número 5, “O Garoto” que pode viajar no tempo, estava desaparecido há anos, mas retorna trazendo notícias de um apocalipse em breve. Destaque para a semelhança absurda entre o ator Aidan R Gallagher e o personagem no quadrinho em si, cujos traços e expressões são praticamente idênticos. Aidan já vem sendo elogiado pela atuação madura na série com apenas 15 anos de idade.
O Número 6 é Ben. Ou foi Ben. Morto cruelmente ainda criança nos trabalhos da academia, não é um personagem muito influente na trama da série, mas presente no mundo de Klaus, agindo praticamente como uma consciência falando em voz alta.
E por fim, não menos importante, temos Vanya, a Número 7, considerada “o quinto Beatle da família”. Era uma criança normal em meio aos irmãos “talentosos e melhores do que ela”, virou professora de violino, extremamente depressiva e de emoções reclusas, as quais ao longo da série revelam sua verdadeira essência. Destaque para a atuação de Ellen Page, que se inicia como uma gota de água inocente, vai subindo como uma montanha-russa e tem um ápice de arrepiar nos últimos episódios. Prepare-se para cenas chocantes.
Sobre o desenvolvimento da série
Após a morte do pai, os irmãos são obrigados a conviver entre si, aguentando as peculiaridades de cada um, reunindo pistas e possíveis soluções para evitar o fim do mundo que Número 5 anunciou ser em 8 dias. Este tempo parece curto, mas a série consegue prolongar e apresentar os problemas pessoais, tanto os ordinários quanto os incomuns, desse grupo de “heróis”.
Podemos dizer que as características de cada um se sobressaem mais que seus poderes ou efeitos especiais na série, o que é raro de vermos comercialmente na TV hoje em dia. A Netflix fez algo semelhante com o sucesso “A Maldição da Residência Hill”, a qual é uma série inicialmente de terror, mas que focou nos problemas da família, colocando sustos e fantasmas em segundo plano.
E com The Umbrella Academy é parecido. Mas calma! Você verá sim cenas intensas de ação, pancadaria, slow motion, explosão e atos heroicos, mas o que protagoniza a série mesmo são as relações existentes nessa família disfuncional, não apenas um tema sobre heróis e salvação da humanidade.
O ritmo da série não é frenético como um filme de ação, então pode gerar divergências entre em quem prefere maratonar algo com cenas empolgantes ou uma série que também tenha diálogos e cenas “frias”.
Possíveis referências na série
Quem é fã, pode ter notado algumas semelhanças com trabalhos antigos do Way. O estilo da série lembra muito os roteiros heroicos dos clipes do My Chemical Romance da era de Danger Days, como Na Na Na e Sing, principalmente com relação aos vilões Hazel e Cha Cha.
Essa dupla que aparece na série, bem semelhantes aos “Agentes do Destino” (lembra desse filme?), em prol da organização do tempo, também lembra bastante a dupla de assassinos de “Pulp Fiction”, com relação a matar, serem irônicos, universo de drogas e até com paixões da vida comum.
Outras referências podem ser vistas na fotografia da série, que remete ao estilo teatral da era de The Black Parade, outro álbum da (ex) banda de Gerard. Isso tudo mostra que a essência do Way foi absorvida pela Netflix com justiça e traduzida em forma de série para nós.
The Umbrella Academy não nasceu ontem, e sim é uma construção antiga que une as bases, conhecimentos, traumas e também momentos bem-sucedidos que Gerard Way teve ao longo da sua carreira, tanto como cantor como quadrinista. Quem é fã de longa data, se orgulha de verdade. E quem conhece pouco ou nada, também vai admirar um novo universo que lhe será apresentado.
Agora que você captou a essência da série, anote na sua agenda: The Umbrella Academy, dia 15 de fevereiro na Netflix. Comenta com a gente depois o que você achou!