“Se você estiver interessado em histórias com finais felizes, então é melhor encontrar outra. Esta história não tem um final feliz, não tem um começo feliz e poucas coisas felizes em uma coisa ou outra”. – Lemony Snicket
Os Baudelaire são 3 órfãos que acabaram de perder os pais em um trágico incêndio. Eles não tiveram tempo de sentir a perda dos pais. De súbito, eles se encontram em uma trama misteriosa na qual os pais e amigos misteriosos estão ligados.
Desventuras em Série, inspirada nos livros de Lemony Snicket, é uma live action cheia de mistérios produzida pela Netflix . A história desde o seu início até o último episódio demonstra que há algo oculto nas entrelinhas que, caso você não esteja prestando atenção, acaba deixando passar despercebido.
Desventuras em Série na forma literária é composta por 13 livros. Sua primeira temporada em live action apresenta 8 episódios abrangendo os 4 primeiros livros a cada 2 episódios. Gostei dessa divisão, pois para quem não quer fazer maratona, pode assistir por etapa, de dois em dois episódios.
O que mais me encantou foi Lemony Snicket (interpretado por Patrick Warburton), pois o transformaram em um personagem ao invés de apenas uma voz narrativa. Apesar de não conseguirmos entender exatamente qual a sua participação, ele argumenta de modo envolvente, assombrado e irônico. Em suas expressões podemos perceber sua tristeza e, algumas vezes, até se divertir com elas por serem demasiadamente exageradas.
Diferente do filme de 2004, que focou mais na performance do ator Jim Carey, a versão da Netflix tem um foco diferente. Os irmãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire interpretados muito bem por Malina Weissman, Liam Aiken e Presley Smith ganharam destaque. Você simpatiza com eles, mesmo quando fazem algo surreal e um tanto absurdo para crianças na idade deles. Mas essa é a ideia! Tornar a trama exorbitante e surreal.
Sunny, a bebê apresenta uma qualidade peculiar: seus dentes são incrivelmente fortes e afiados, capazes de polir pedras! Ela tem um papel divertido, além de fazer referência ao Uber. Além do mais, seus balbucios são compreendidos pelos irmão e traduzidos aos expectadores de modo legendado. Ela é fofa e muito esperta, podem acreditar!
Com a súbita mudança de vida, os jovens Baudelaire são obrigados a viver com o parente mais próximo, mas que eles não conhecem. E é isso que torna a história deles intrigante. Tanto a morte dos genitores e quanto o sobrenome Baudelaire estão carregados de mistérios e segredos sombrios.
Outro ponto alto da história é Neil Patrick Harris e sua interpretação do vilão Conde Olaf, um ator teatral falido e pouco reconhecido. Olaf interpreta inúmeros papéis para conseguir por as mãos na fortuna dos Baudelaire. O personagem é engenhoso, persistente e sabe a hora exata de reconhecer que não é o momento de colocar as mãos na fortuna das crianças. Entretanto, ele desaparece por pouco tempo até construir um novo personagem e colocá-lo em prática novamente.
A série, além de um elenco de peso contando com Catherine O’Hara e Joan Cusak, que representam muito bem seus personagens, também apresenta um trabalho técnico excelente. O cenário, o figurino, a maquiagem e a fotografia merecem reconhecimento. Achei que os efeitos especiais deixaram a desejar, mas tive a impressão de que foi proposital.
Apesar de Desventuras em Série ser divertida e contar com leve toque de terror, talvez não agrade a todos.. Ela é surreal, exagerada e repleta cenas absurdas. Quem se propor a assisti-la precisa ter a mente aberta.
Confira a primeira temporada completa na Netflix! Recomendamos a leitura dos 13 livros, que podem ser comprados em várias livrarias físicas e digitais, tais como Saraiva, Cultura e Amazon.