O crescente interesse do público por produções que exploram o gênero de ficção científica, tem inspirado o lançamento de novos projetos nessa linha nos últimos anos. Esse é o caso de DEVS, uma série que pode ser considerada um thriller tecnológico, que foi lançada ano passado pelo Hulu e finalmente chegará ao Brasil no canal Fox Premium no dia 27 de Agosto, em um episódio duplo.
Criada e dirigida por Alex Garland, que tem no currículo filmes como Ex-Machina e Aniquilação, DEVS promete ser um mergulho tecnológico, e porque não filosófico, em histórias e personagens que têm narrativas muito interessantes a serem desenvolvidas a princípio, com todos os elementos necessários para prender a atenção.
A trama se desenvolve a partir da história de Lily Chan (Sonoya Mizuno), uma jovem engenheira de software que trabalha em uma empresa chamada Amaya, uma grande companhia no ramo de tecnologia da computação quântica com sede no Vale do Silício, o centro tecnológico da Califórnia. Quando seu noivo Sergei (Karl Glusman), que também trabalha na empresa, ganha uma promoção do enigmático e excêntrico Forest (Nick Offerman) que é o CEO da Amaya, para trabalhar na divisão secreta intitulada DEVS, tudo em sua vida começa a mudar.
Após seu primeiro dia de trabalho na DEVS, Sergei desaparece misteriosamente e reaparece dias depois cometendo suicídio. Ainda incrédula por esses acontecimentos, Lily encontra forças para buscar respostas sobre as perguntas que não se encaixam em relação a morte de Sergei. Para isso, ela conta com a ajuda do seu ex-namorado Jamie (Jin Ha). Acontece que quanto mais ela procura, mais questionamentos ela encontra em seu caminho, se envolvendo em uma trama de mistérios que a faz duvidar de todos.
A protagonista de Sonoya Mizuno se destaca, não só por trazer a representatividade asiática ao liderar a série, mas também por dar humanidade ao papel. É possível se relacionar com aquela jovem sensível e solitária que está sofrendo pela perda do seu amor e que ao mesmo tempo não se deixa abater, encarando de frente os problemas com segurança numa busca incessante pela verdade.
Embora o ritmo da trama inicialmente seja um pouco lento, a direção tenta contrabalancear apostando no visual e nos efeitos sonoros para trazer as sensações de tensão, causando um ataque sensorial bem colocado em busca do dinamismo que normalmente é esperado para esse tipo de conteúdo. Em geral é um resultado satisfatório, que prende a atenção da audiência que fica envolvida nos mistérios com a sensação de expectativa para o que deve vir a seguir no resto da temporada.
Trazendo os conceitos da teoria do multiverso, problemas quânticos, livre arbítrio e determinismo, a série acaba abordando essas questões complexas que de cara podem assustar, com expressões científicas que são difíceis e estranhas para quem não conhece. A grande sacada do roteiro foi encontrar momentos-chave onde pudesse aproximar o público leigo dessa linguagem científica, explicando e simplificando as teorias. Desse modo, ajuda a audiência a embarcar em uma aula sobre esses temas, sendo bastante enriquecedor para que todos tivessem a oportunidade de abraçar a ideia da série, podendo até criar algumas teorias para o futuro.