Ao longo de 6 anos de Cabana do Leitor – CDL, eu já fui a inúmeras cabines de imprensa, mas na minha opinião, todos os filmes que já vi até hoje, por mais que fossem bons (muitos deles), eu não havia tido uma experiencia real do que é cinema, como 7ª arte. Não falo simplesmente que não existem filmes assim, mas ao longo do tempo do próprio Cabana e de todos os filmes que tive a oportunidade de ver através do site, nenhum deles foi além do campo de entretenimento, e chegou ao campo da arte, até ver Dunkirk.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha avança rumo à França e cerca as tropas aliadas nas praias de Dunkirk. Sob cobertura aérea e terrestre das forças britânicas e francesas, as tropas são lentamente evacuadas da praia. Este filme não é sobre os horrores da guerra, não é sobre tripas saindo dos corpos de soldados baleados, não é sobre como algum soldado americano foi herói de algo (graças a Deus isso não existe neste filme), é sobre SOBREVIVÊNCIA e SENSAÇÕES.
O roteiro se divide em momentos e em lugares diferentes o tempo todo. Tenha em mente que este filme sai um pouco da figura que Nolan criou ao querer explicar tudo, ele não faz isso aqui, ele só conta a historia e permite que você possa tentar se esforçar para entender a cronologia dos eventos. O roteiro é do próprio Christopher Nolan, e se passa em um barco civil, na beira da praia e no céu, através de uma batalha voraz entre Alemães e Britânicos. Todos, em todos os núcleos querem sobreviver e ajudar. Nolan escreveu o roteiro, em três perspectivas – a terra, o mar e o ar.
Uma das coisas que mais chamam a atenção no filme é o som. Seja na trilha de Hans Zimmer, seja nos tiros, nas batalhas no céu, nos gritos, nos torpedos, nas explosões, no olhar, na queda de um avião, na aterrissagem, na vida, na falta dela, na própria ideia de decidir morrer tentando nadar em direção ao nada. Um relógio que faz tic tic tic tic tic… Não sai das cenas, ele é visto no olhar dos soldados quando já desistiram, é visto no horizonte vazio e sem vida, (mas no final dele, dá pra ver a casa). O filme parece ser quase ou zero CGI, tudo é com efeitos práticos, bem produzidos, fotografia impecável.
A experiencia de Dunkirk é sensorial, sendo assim, não existe atuações que são essências para o filme, não existe um personagem com nome (aliás, apenas um tem nome) todos eles são anônimos. Dunkirk é uma guerra de sons, aonde Tom Hardy é apenas um piloto, que interpreta com os olhos quase que o filme inteiro. A verdade é que, Dunkirk, é um filme de guerra de verdade, com sons de verdade, com momentos e desesperos verdadeiros.
Não existem herois, não existem mocinhos, vilões… Apenas pessoas querendo voltar pra casa, pessoas querendo sobreviver.