Era Uma Vez Um Sonho, uma história real que traz consigo uma mensagem, está concorrendo ao Oscar de Melhor Cabelo e Maquiagem e Melhor Atriz Coadjuvante com a atuação de Glenn Close.
O filme tem um certo foco na família, transmite uma mensagem da importância de ter uma, por mais que ela seja cheia de defeitos. Baseado em uma história real, o longa foi inspirado no livro best seller “Era uma vez o sonho”, em que o nosso protagonista e autor J.D Vance nos conta a sua história que teve uma trajetória bem conturbada, desde a sua infância até o momento que ele perdoa sua mãe.
O filme foi escrito por Vanessa Taylor e conta com a direção de Ron Howard, que já esteve presente em várias indicações ao prêmio e foi diretor de grandes filmes que receberam o Oscar, como Apollo 13 – Do Desastre Ao Triunfo e Uma Mente Brilhante.
No filme Era Uma Vez Um Sonho, Ron Howard fez uma tarefa espetacular em conduzir o longa para que as cenas fossem carregadas de sentimentos e emoções para que o público sentisse uma empatia e pudesse entender de como a vivência do personagem influencia na construção do drama e nos “laços” da família.
O filme começa mostrando a família toda reunida de J.D Vance, um grande investidor muito conhecido no Vale do Silício, mas eles estavam se preparando para partir de volta para casa. Apesar de ter uma família grande, os principais membros de sua convivência são sua mãe, seus avós e sua irmã mais velha, que de primeira vista parece bem unida, mas você vai percebendo que não é bem assim.
Temos também que constatar que o elenco desse filme está impecável, com atores que fazem um trabalho muito bom e potente para dar vida a seus personagens.
Gabriel Basso dá vida ao protagonista que volta para a sua cidade natal para resolver esses problemas, que servem como gatilho para relembrar de seu passado. Enquanto ele fica esse período no interior de Ohio, ele se vê em um certo dilema entre sua família e sua carreira, pois como estudante de direito está em busca de uma vaga em uma empresa grandiosa e precisa enfrentar o seu passado que é um tanto conturbado e ajudar a sua mãe que possui problemas com vício em drogas.
Haley Bennett faz o papel de irmã mais velha, onde de começo ela demonstra ser apenas uma jovem apaixonada, mas no fundo ela carrega muita responsabilidade para si e faz o papel de uma irmã preocupada. Gostaria que o filme a desenvolvesse mais, para que tivéssemos as informações mais profundas de coisas que ela sofreu, como é citado em alguma parte do filme, mesmo sendo uma personagem forte e preocupada com seu irmão e sua mãe ela é meio rasa sobre essas questões.
Amy Adams, como a mãe de J.D, teve um grande destaque em sua atuação, que por conta de sua personagem possuir problemas com drogas exigiram muito da atriz para conseguir passar essa instabilidade emocional e psicológica que a mãe de Vance carrega consigo.
Principalmente em cenas muito fortes, onde a mudança acontece da água pro vinho, a forma que Amy incorpora isso é de se impressionar, pois é uma atuação que exige diversos tons de uma mesma personalidade e a atriz consegue passar uma mudança naturalmente de acordo com sua personagem, além de uma transformação física que chega a ser algo visualmente chocante – lembrando que o filme está concorrendo como melhor cabelo e maquiagem.
E a grande e maravilhosa Glenn Close, que está concorrendo ao prêmio de melhor atriz coadjuvante com esse papel, e na minha concepção é a melhor personagem do filme, possui falas engraçadas, está sempre buscando o melhor para a sua família e querer entender e ajudar o lado de seus próximos, como se fosse uma mediadora. Uma mãe que tem esperança na melhora e na mudança de sua filha.
Em relação a fotografia não é nada muito inovador, mas o movimento que as cenas mais agitadas são apresentadas é algo que particularmente chama atenção, fazendo o espectador sentir a adrenalina da cena. A trilha sonora também é uma parte que não se destaca muito, os sons da trilha se adaptam em cada parte que estão alocados de uma forma harmônica de acordo com o acontecimento.
Porém, a estrutura em como o longa é exibido é a parte que mais se destaca: essa volta no tempo, a comparação entre o passado e o presente, acontecimentos marcantes na vida de Vance que deixaram marcas nele. Mas a ordem em que a história é passada deixa a trama mais envolvente e te prende nela, além de causar empatia com o drama dos personagens.
Apesar de eu ter gostado bastante do filme, tem uma questão que não foi muito explorada, uma cena em que o conta a possível causa da mãe do protagonista ter adquirido traumas do passado. A cena passa para demonstrar o que aconteceu, mas no fim ela não é muito explorada, nem abordada em outro período para a discussão dessa questão.
A nota atribuída é 9 pelo fato de que o longa passa sim uma mensagem motivacional em relação à família e também do modo de como a dedicação leva a conquista, o filme também tem uma pegada ligada a meritocracia ao conquistar o “sonho americano” da forma de como o personagem venceu todos os seus problemas e foi em busca de algo melhor para sua vida, mas sabemos que na realidade não é bem assim, porém acredito que cada pessoa possa ter uma visão sobre esse aspecto. Porém ele ainda consegue ser tocante em relação a passar sua mensagem.
Era Uma Vez Um Sonho é um drama que envolve conflitos, superação e uma história de vida que tem como consequência o desenvolvimento dos personagens dentro do filme.