O Céu da Meia-Noite, um filme de ficção científica que tem a direção e a produção de George Clooney e está disponível na Netflix. O filme é baseado no livro Good Morning, Midnight da autora Lily Brooks Dalton e foi feito pela produtora de George Clooney junto com Grant Heslov, que se chama Smokehouse Picture, responsável por Argo que já concorreu ao Oscar como Melhor Filme em 2013.
O Céu da Meia-Noite conta a história de Augustine um cientista solitário que fica isolado no Ártico em um laboratório espacial após ter acontecido um grande incidente no planeta. Com uma perspectiva nula na Terra, o cientista procura avisar os tripulantes que estavam em uma missão espacial para um novo planeta para não retornarem para o nosso antes que seja tarde demais.
O longa busca discutir uma certa preocupação ambiental, já que mostra a Terra após uma catástrofe. Com uma indicação em Melhores Efeitos Visuais, o filme surpreende sim nesse quesito, onde a direção de arte é realmente muito interessante e as cenas que se passam no planeta novo em que o grupo da expedição visita apresenta paisagens lindas criadas em computação gráfica com uma mistura de ambientações naturais que deixam a estética muito bonita de fato.
O observatório onde se encontra o protagonista em grande parte do filme traz muito esse sentimento de solidão que o filme destaca, onde o cenário apresenta um aspecto mais escuro e do lado de fora só tem neve. Ademais, as cenas no Ártico são bem bonitas, com cenas que buscam apresentar momentos mais sentimentais com os personagens que em certas partes não proporcionam aquela química que a gente espera.
O ritmo do filme é algo que peca por ser bem lento em algumas partes que exigem maior velocidade. Em outros pontos, acontecimentos que criariam uma tensão poderiam ser mais elaborados no roteiro e, por conta da edição, há uma mudança mais apressada, sendo rápido para entrar e rápido para sair desses momentos. Com essa apresentação mais brusca, o envolvimento com o filme é mais difícil.
A história é longa sendo o tempo de 1h e 58min, mas a sensação é que eles quiseram deixar o filme mais curto, onde os cortes de cenas deixaram os momentos pontuais com uma construção solta.
O longa nos apresenta duas tramas: de um lado acompanhamos Augustine em busca de se comunicar com a tripulação da missão espacial, e de outro lado tem o grupo de tripulação da NASA tentando voltar para a Terra. Aqui, Augustine é interpretado por George Clooney que, além de atuar, é também o produtor e diretor, sendo três em um, e o outro grupo é formado pelos atores Felicity Jones, David Oyelowo, Kyle Chandler, Tiffany Boone e Demián Bichir.
Por conta de Agustine viver sozinho no Ártico, e os tripulantes estarem também sozinhos no espaço depois de conhecerem um planeta que pode ser habitado, o filme demonstra muito a solidão e trabalha nesse aspecto, mas que não tem uma conclusão. O filme tenta mostrar a saudade que o personagem sente seja de família ou pessoas próximas, da sua vida na Terra. Esses momentos são intercalados com a tensão que o filme apresenta, que não são bem introduzidos e poucos explorados, pela montagem em que o filme passa.
A trama de fato tem uma ideia muito interessante de se acompanhar, mas o difícil envolvimento com o público que deixa a desejar, muitas coisas parecem que foram abafadas. O longa apresenta várias pontos da vida dos personagens mas não os desenvolve.
Além disso, não há uma clareza do que aconteceu com a Terra, sabemos que os humanos não cuidaram direito do planeta por Agustine contar isso, e também sabemos que o ar está contaminado. Mas como é algo importante para a história e não é explicado como que chegou a situação dos habitantes, isso se torna frustrante, pois em vários momentos em que a curiosidade é despertada e aparentemente vai ser explicado, o filme simplesmente decide que não e a gente fica nessa dúvida.
O filme apresenta uma atuação boa, porém um envolvimento entre os personagens não tão agradável, e isso eu acredito que seja por conta do roteiro, pois é algo muito plano, sem uma atitude ou posicionamento que faz transparecer uma ligação entre eles, principalmente ente o personagem de Clooney e Felicity.
A única parte do filme que realmente me agrada é o final, pela última conversa dos personagens e a descoberta final de quem era a personagem e de como ela esteve ali presente. Outra coisa que não é nada inovador, mas agrada, é o encaixe da trilha sonora e de como um bom Elvis Presley deixa o clima mais ameno.
Com isso, o filme tem sim boas intenções e potencial de ser uma experiência incrível de se ver, porém ele não traz isso. A parte estética de fato chama atenção, mas por não ser bem desenvolvido frustra o espectador, pois acompanhar os personagens tem sim momentos que poderiam ser mais envolventes e até emocionantes, mas consegue ser mais frio em relação a isso por apresentarem de forma apressada.
Além da estética, o final não muito emocionante, mas sim explicativo foi algo de diferente, além de o trama ser uma ideia boa, só que com um desenvolvimento precário.