“Time” é um documentário de 2020, lançado e distribuído pela Amazon Studios em seu serviço de streaming Prime Video. O documentário é dirigido por Garrett Bradley.
O filme é um documentário social que aborda a história de Fox Rich, uma mulher americana que tenta a libertação de seu marido, Rob, que cumpre uma pena de 60 anos de prisão na Penitenciária do Estado da Louisiana. O filme mostra que a mulher passou os últimos 20 anos criando os seus seis filhos sozinha.
O filme tem o prato cheio para fazer uma discussão acerca das injustiças sociais cometidas com a família de Fox, principalmente quando se utiliza de uma narrativa racial e aborda os preconceitos existentes, algo muito mais forte quando são mostradas as estatísticas de pessoas negras presas injustamente nos Estados Unidos. O documentário seria ainda mais efetivo em sua mensagem por utilizar vídeos caseiros, gravados pela mulher ao decorrer dos últimos 20 anos, em que vemos as crianças mandando mensagens ao seu pai que está em uma prisão.
Onde está o problema do filme? Justamente em sua personagem.
Toda a sensibilidade do documentário se perde quando o espectador toma conhecimento que o homem que está preso cometeu o crime de assalto a mão armada em um banco. O pior de tudo é o fato de que a própria Fox Rich também estava envolvida no crime e passou 3 anos e meio presa. O casal abordou pessoas inocentes com armas de fogo, efetuaram o roubo a um banco de sua cidade e depois foram presos – e em nenhum momento é feita QUALQUER autocrítica por parte de Fox, e ainda diz ao decorrer do filme todo que o que lhe aconteceu foi injusto. A “justificativa” seria pagar dívidas da loja a qual ela e seu marido eram donos… como se ninguém que tem um empreendimento tivesse dívidas, não é mesmo?
A partir desse ponto, um show de horrores se inicia. O que deveria se tratar de uma injustiça vira uma narrativa de alguém que não quer aceitar as consequências de seus próprios atos. O filme se torna apelativo quando a diretora decide focar em mostrar os filhos do casal criminoso, mas não lhes dá nenhuma função narrativa – ou, o pior de tudo, sequer questiona se Fox Rich não pensou em seus filhos ao cometer um crime que poderia lhe tirar a liberdade e castigar a infância e vida inteira de seus filhos.
A história é triste porque envolve a vida de 6 crianças que não tinham nada a ver com situação, mas a personagem principal insiste em fazer uma militância burra e revoltante a qualquer pessoa que siga as normas legais da sociedade. A diretora comete um absurdo ao tomar totalmente o partido da mulher que cometeu um crime e não mostrou se arrepender disso em absolutamente nenhum momento.
O filme é patético, ofende a qualquer pessoa que tenha o mínimo de decência e ainda tenta louvar uma figura execrável. É um completo absurdo esse filme ser indicado e ainda ter a possibilidade de vencer o Oscar de melhor documentário. Definitivamente, não há defesas para a existência desse documentário – e não existem possibilidades de se fazer um julgamento estritamente técnico da obra, justamente porque o gênero de documentário trabalha com temas e abordagens, sendo justamente esse o maior erro deste filme. Um completo desastre.