Esposa Perfeita é mais um daqueles livros que te conquistam pela capa, ainda mais com duas capas (pois a maravilhosa editora Harper Collins fez uma edição maravilhosa com capa e contra capa, como você vê abaixo). Mas não é só de capas bonitas que vive Karin Slaughter, ela foi uma das autoras que mais fez sucesso na ultima Bienal do Livro entre os cariocas, e que já conquistou muitos fãs assíduos com seu estilo único.
Depois de ler Flores Partidas, o leitor pode se assustar um pouco com Esposa Perfeita; começamos pelo fato de que diferente de Flores Partidas, este é um livro que pertencente a uma série, a “Série Will Trent”, que atualmente possui 8 livros porém apenas o último, considerado um standalone (integrante da série, mas que pode ser lido sozinho), foi lançado por aqui.
Outra diferença é que em seu âmago, o personagem principal deste livro é um homem, Will, e não a personagem forte e evolutiva que você espera depois de ler Flores Partidas. Isto talvez te atrapalhe um pouco, como me atrapalhou.
Em linhas gerais, os livros tem semelhanças: tratam sobre um relacionamento abusivo, a diferença é que Will tem consciência disso e Claire não; ambos retratam as linhas perversas e desumanas que uma pessoa pode chegar se longamente condicionado a se acostumar àquele tipo de violência; e por fim, o que tornou sua marca registrada, a descrição extremamente gráfica e “on point” de cenas extremamente chocantes e violentas que fazem a história ficar por muito tempo na sua cabeça.
Neste livro temos uma noção maior de como um trauma de infância pode influenciar suas escolhas e sua vida no presente, e como se conhecer é pouco relevante em situações extremas. Karin joga com as relações familiares, de sangue e de criação, com as figuras paternas, maternas, instinto e sobrevivência, que te faz viajar por uma história que começa perigosa e só se torna cada vez mais crítica.
O que a polícia pensa inicialmente ao achar um ex-policial morto no meio de uma sala, com uma maçaneta no pescoço, porém todo o sangue e borrifos ao redor de seu corpo não são dele? E se, durante os primeiros movimentos de investigação, se descobre que uma ex-policial conhecidamente “suja” e ex-atual-não.se.sabe-mulher de um dos integrantes da equipe parece estar enfiada até os cotovelos nesta história?
A autora nos leva pela historia sem nunca nos dar tempo para realmente pensar, o ritmo da sua escrita não é corrido, mas com tantos detalhes e histórias a serem mostrados, Karin não perde seu tempo com arcos muito longos ou momentos de alívio na leitura. Se prepare para uma montanha russa de sentimentos e acontecimentos que irão simplesmente aparecer na sua frente.
Mais um livro maravilhoso e chocante, com um final um tanto quanto previsível, mas que deixa um gostinho de quero mais. E afinal, como saberemos o que aconteceu com o triangulo amoroso mais disfuncional, doloroso e odiável, Will, Sara e a ex-esposa Andie?