A Grande Jogada se baseia no livro (Molly’s Game no original) de memórias de Molly Bloon que relata sua trajetória de aspirante a campeã olímpica em esqui a princesa do pôquer ilegal, onde grandes artistas figurões e até a máfia se reuniam em apostas milionárias.
Com a direção a cargo do estreante Aaron Sorkin, porém experiente e premiado roteirista de filmes como ‘’West Wing, “A rede social”, “ Moneyball “ e “The Newsroom” a adaptação de Sorkin com seu tom costumas em diálogos rápidos, com cortes e rimas narrativas constantes, no entanto não escondem sua falta de experiência como diretor e é ai que entra a estrela do filme Jessica Chastain, vinda de trabalhos sólidos e já aclamada pela crítica como a atriz do momento, toma as rédeas do filme enquanto o diretor permite e encarna Molly Bloon com uma naturalidade assombrosa, desde os tempos de atleta até a sua época de crupiê de luxo por vezes fazendo tabela com Kevin Costner (preciso) como o pai/psicanalisa/treinador de Molly. Idris Elba faz o papel de um advogado que vê em Molly uma oportunidade, mesmo sabendo que ela é um problema na certa. O ciclo se fecha com o constrangedor vilão Michael Cera.
Após uma breve apresentação do passado de superação impressionante de Molly, a vemos juntando os cacos para mais uma volta por cima, em um emprego comum no qual ela viu uma oportunidade e agarrou. Visando a oportunidade de se destacar novamente, se submete a um patrão explorador que a introduz ao submundo do jogo ilegal nos porões do famoso “The Viper Room”, onde a nata da música (Bruce Springsteen, Oasis, Johnny Cash, entre outros) frequentava. Ali a oportunidade sorriu e como a mesma descreve foi como a ‘Alice indo pela toca do coelho’’. Centenas de dólares e artistas famosos como Tobey Maguire e Leonardo DiCaprio apostando alto na mesa de pôquer em um ambiente de aventura e emoção, fazendo com que Molly tomasse tudo aquilo para si com a meta de ser a maior e a melhor. Assim começa a jornada rumo ao autoproclamado título de “princesa do pôquer”. Após um breve revés, Molly se muda para Nova York, onde seus problemas e fama realmente atingem níveis estratosféricos. No lugar de atores, diretores e artistas em geral, agora as mesas de Molly recebiam grandes fortunas até da máfia russa.
A narrativa veloz e cativante do primeiro arco praticamente desaba no meio do filme, com duas horas e vinte minutos. Um tempo despropositado, aliado a falta de experiência de Sorkin na direção, forma uma lentidão e um arrastar inacreditáveis, de modo a quase te levar ao sono. Uma falha grave que é superada, em termos, em um ato final com toda força e verborragia, com direito a uma cena fantástica de Idris Elba, e uma excelente, porém deslocada cena de Costner, dando um encerramento confuso, porém suave. Toda a história se intercala entre esses três polos em uma narrativa que nos mostra como um tropeço na vida levou Molly ao topo e os percalços que ela teve que superar.
A história da menina de ouro que por um detalhe único se tornou a “princesa do pôquer” e que segue sempre em frente, lutando e tentando se superar, nem sempre indo pelo caminho correto, mas que mesmo assim não desiste. A Grande Jogada é a lição viva de como uma pessoa pode ter tudo e não ter nada, apenas por fazer uma escolha ruim. Molly Bloon é um exemplo do que não se deve e do que se deve fazer, e tudo isso em uma só pessoa!
https://www.youtube.com/watch?v=UqnEE8QON3g&t=18s