Hellblade: Senua’s Sacrifice veio de fininho, no meios dos game indies, com uma promessa que fez a internet explodir. “Morrer muitas vezes nesse game, irá apagar seu save”.
Não basta games como Dark Souls e Bloodborn serem extremamente punitivos e difíceis, Hellblade com a promessa de apagar seu progresso, adiciona mais um motivo a sua lista de “motivos para tacar o controle na parede”.
E não, isso não é papinho das interwebs não, viu? Após uma introdução fantástica, que lhe apresenta a heroína do game, Senua, uma mulher massacrada psicologicamente por eventos de sua vida, dentre elas, a invasão dos Nórdicos a suas terras celtas, a destruição de sua vila e principalmente a morte de seu amado, Senua vai a uma jornada onde sua intenção é apenas, adentrar o Helheim, lar da deusa Hela, para trazer de volta a alma de seu marido, mas não sem antes enfrentar outros deuses guardiões, suas ilusões, puzzles e soldados. Além de uma maldição que piora ainda mais a situação de nossa protagonista e aí sim, um aviso enooorrrmeeeeee na sua tela dizendo.
“…Cada vez que Senua falhar a sua maldição irá se espalhar pelo seu corpo até alcançar sua cabeça e TODO seu progresso será perdido…”
Só esse aviso, já lhe será o bastante para criar um clima de tensão, pois, quem quer estar próximo ao final, ter a derradeira morte e perder tudo que fez?
Além disso, Senua é o tempo todo atormentada por vozes que lhe questionam, lhe incitam, lhe acovardam, sim, tudo isso. Durante seu progresso, a briga que a heroína trava com sua mente despedaçada é incrível, deixando sempre aquela duvida de qual voz seria a real voz de sua vontade. Não é a toa que o game tenha sido acompanhado por psiquiatras para introduzir no game muito bem a psicose que Senua adquiri após os eventos traumáticos de seu passado.
Apesar do game te jogar na história sem muitas instruções do que fazer, de como fazer, o game é intuitivo, com combates envolventes e quanto mais você se embrenha na jornada, mais desafiador tudo fica e a tensão mais pesada, pois não há avisos de combate ou de quando deve pressionar botões, ao mesmo tempo que Hellblade: Senua’s Sacrifice abusa de um sistema de combate envolvente e gratificante a cada vitória, há também uma simplicidade que lhe faz enfrentar seus inimigos como se você tivesse nascido para aquilo. Outra coisa que na minha opinião é importante falar é que, diferente de outros games no estilo, você não vai encontrar itens, upgrades de armas, novas armas ou seja lá o que for.
Durante toda a sua jornada, você terá apenas sua espada e vontade de alcançar seu objetivo e não, isso não é ruim, pois seu foco sai de procurar itens escondidos no mapa ou evoluir e passa para se envolver cada vez mais na história do game.
Pois se você não gosta de games com história, na boa, passe longe de Hellblade, isso não é um Hack ‘n Slash a la God of War onde você terá pilhas e pilhas de inimigos para matar e um contador de combos para chegar até 999. O game te ganha na história que intercala entre a ação e o terror, na apresentação, na tensão, na vontade de saber o que tem além da porta, no prazer de vencer cada batalha, de desvendar cada ilusão, de saber o que as fiandeiras do destino teceram para Senua.
Claro que não podemos deixar de falar de todo o trabalho gráfico que essa obra-prima nos oferece. Um colírio para os olhos. Com gráficos lindos e ambientes magníficos, que mesmo você sabendo que não vai encontrar um itenzinho escondido na moita, vai lhe fazer querer saber como é cada canto dos cenários.