Na última terça-feira (28) fomos a convite do Disney+ Brasil assistir aos dois primeiros episódios de The Acolyte, nova série do universo Star Wars que estreia hoje (04) na plataforma. Os demais seis episódios chegam semanalmente, às terças-feiras. E aproveitamos para trazer para vocês as nossas primeiras impressões – SEM SPOILERS – desse comecinho da série.
Antes de começar, acho importante dizer que estas impressões vem de uma fã que ainda não teve oportunidade de explorar os quadrinhos que trazem histórias da Alta República – período que se passa antes do Episódio I na linha do tempo e onde a paz e os Jedi reinavam, com milhares deles espalhados pela galáxia. Talvez a experiência para quem já tenha lido seja diferente… mas não acredito, pois pelo que sei, a série traz uma história inédita.
Eu estava bem ansiosa para essa nova trama por dois motivos:
- 1- por ser a primeira história em telas da Alta República, trazendo novas possibilidades narrativas, o que ainda está tímido, mas se desenvolvendo aos poucos; e
- 2- pela proposta de investigação que ela dizia ter – no entanto com dois episódios inteiros esse ar investigativo ainda não está presente, pelo menos não de forma original ou diferente do que já somos acostumados no universo, o que confesso me decepcionou um pouco.
Inclusive, falando sobre o restante do universo, a série claramente tenta homenagear os filmes originais, tanto na cinematografia, quanto em ritmo, efeitos e até mesmo humor.
O visual de The Acolyte evoca bastante os episódios IV, V e VI, com os movimentos de câmera e transições mais tradicionais da trilogia original de Star Wars e até cenários que parecem muito alguns dos mais conhecidos da franquia – o que até traz um quentinho no coração pros fãs de longa data – mas peca ao não saber combinar o senso de nostalgia ao de modernidade, deixando uma sensação de falta de cuidado.
Homenagear as origens é importante, com toda certeza, ainda mais em uma saga com o peso de Star Wars, mas é preciso entender como fazer para que ainda seja uma obra relevante para os tempos atuais e não repita padrões criticados pelos fãs.
Falando da trama em si – e evitando spoilers – preciso dizer que estou decepcionada, infelizmente. A história, até onde acompanhamos nos dois primeiros episódios, se vale de um plot twist clichê e (ainda) não conseguiu achar novas formas de tornar a narrativa interessante.
Mesmo usando ferramentas que atiçam a curiosidade do espectador – levantando perguntas que ficam sem respostas até o próximo episódio – o roteiro de The Acolyte segue sem um atrativo de peso que prenda. Pelo menos por enquanto. Eu ainda tenho esperança de um fortalecimento da história.
O que mais me ganhou, por enquanto, foi a riqueza e diversidade do universo de Star Wars colocado em primeiro plano e entre os protagonistas, não apenas um pano de fundo para a história principal. Temos protagonistas negros, asiáticos e de diversas raças alienigenas, o que inclusive vai ao encontro com o pouco que sei dos quadrinhos da Alta República, que trazem inclusive personagens não binárias.
E claro, como não pode faltar, um droid carismático! Dessa vez o pequeno Pip, parceiro de Mae, que é tipo um robô ferramenta que a ajuda em seu trabalho. Também gostei muito de um trabalho de ação mais focado em combate corpo a corpo sem armas, que explora uma nova gama de talentos Jedi para além dos sabres de luz.
As atuações não são ruins, mas também não são eletrizantes. Fora alguns momentos da Amanda Stenberg, que realmente conquistam, quem mais se destaca é Lee Jung-Jae – mas que ainda tem “muita Força pra usar” pra se tornar um Jedi memorável na história da franquia. Na linha de atuação, ainda é uma pena vermos a fortíssima Carrie-Anne Moss com tão pouco tempo de tela.
Num geral, sinto que – pelo menos nestes primeiros dois episódios – a série ainda está um pouco perdida em sua proposta. Querendo homenagear as origens da franquia, mas sem saber ter sua originalidade destacada.
Trazendo novos personagens interessantes, mas sem conseguir deixá-los carismáticos o suficiente. Buscando um novo tipo de narrativa, mas com um roteiro que peca pelo óbvio. Acredito – e espero – que tenha tempo para as coisas mudarem nos próximos 6 episódios e com certeza vou acompanhar como fã da franquia. Não desgostei dela, mas também não evocou toda a paixão que possuo pelo universo como outras fazem.
No entanto, se você não é muito ligado no universo de Star Wars, talvez The Acolyte não seja ideal para você – recomendaria The Mandalorian, Andor ou até Clone Wars, saindo um pouco dos live-action.