O gênero Isekai, começou a ganhar reconhecimento ao fim dos anos 90 e começo dos anos 2000 com títulos como: Guerreiras Mágicas de Rayearth, El-Hazard e o mais conhecido atualmente Sword Art Online.
O sucesso é compreensível, é muito fácil criar identificação com o personagem quando se está no mesmo nível que ele. Somos jogados, juntos, em um mundo totalmente novo e desconhecido e juntos, crescemos e aprendemos sobre essa nova realidade.
A princípio, Isekai Ojisan parece inverter a lógica já estabelecida pelo gênero Isekai, mas sua proposta segue a mesma linha de raciocínio de seus antecessores, seu diferencial e a sensação de que estamos assistindo a uma história inovadora se deve ao fato da perspectiva estar invertida.
A sinopse do anime original Netflix é simples:
“Takafumi fica responsável por seu Tio que acabou de acordar de um coma. Quando jovem, o Tio foi atropelado por um caminhão e levado a um mundo mágico, lá ele ficou por 17 anos até voltar para sua vida comum ao acordar do coma. O Tio manteve seus poderes mágicos e com a ajuda de Takafumi, ele precisa aprender a sobreviver no mundo moderno.”

Pela sinopse temos a impressão que a história se trata de um pós-isekai, mostrando como é a vida de um herói depois que sua aventura chega ao fim, mas ao assistir os dois primeiros episódios vemos a real intenção da história.
Isekai Ojisan não se trata do Tio e da sua interação com a vida comum após tantos anos em um mundo mágico. Nossa base é Takafumi, um jovem normal, que não sabe nada sobre magia e fica intrigado com as aventuras e histórias que o Tio tem para contar, somos apenas observadores de fora, assim como Takafumi, querendo saber mais sobre o outro mundo.
Essa simples mudança de perspectiva traz à história um frescor e quebra a mesmice que vemos dentro do gênero Isekai. Começar a aventura pelo final foi um grande feito do autor Hotondo Shindeiru, que usa todos os elementos básicos do Isekai em uma narrativa nova e cativante.
O humor é muito assertivo, as expressões exageradas dos personagens dão mais vitalidade à história. Esconder os olhos do Tio é uma escolha de design muito efetiva, já que isso torna o personagem ainda mais misterioso e estranho.
Usar o recurso de contar a história por meio de flashbacks é arriscado, caso o autor não desenvolva novas perspectivas que façam a trama continuar a caminhar de maneira fluída como aconteceu nos dois primeiros episódios, o anime tem grandes chances de se tornar chato e repetitivo.
A abertura indica que mais personagens do mundo mágico podem vir ao mundo comum, isso pode renovar a história de algum jeito e ajudar a manter o fôlego até o final da temporada, mesmo se o pior acontecer Isekai Ojisan já tem um ponto positivo, por ousar ser mais do que apenas outro Isekai.