Quase quatro anos após O Irlandês, Martin Scorsese volta ao cinema com Killers Of The Flower Moon, um longa-metragem western de crime dramático dirigido e produzido por ele a partir de um roteiro que coescreveu com Eric Roth baseado na obra literária de não ficção de David Grann lançada em 2017. Leonardo DiCaprio estrela ao lado de Lily Gladstone, Robert De Niro e Jesse Plemons.
Inspirado em uma história real, o longa se passa no ínicio do século 20, onde a descoberta do petróleo em terras tribais enriqueceu a tribo indígena Osage, em Oklahoma, que se tornou um dos grupos mais ricos do mundo. A fortuna dos nativos norte-americanos atraiu usurpadores, que os manipularam, extorquiram, roubaram e assinaram.
Os assassinatos da tribo foram o primeiro grande caso investigado pelo FBI. O detetive é Tom White (Jesse Plemons) e o elenco também conta com Brendan Fraser como o advogado W.S. Hamilton. O outro foco do longa é Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), que teria assassinado parentes de sua esposa de origem Osage, Mollie Burkhart (Lilly Gladstone), quando seu objetivo era na verdade conseguir o controle das reservas de petróleo da tribo a mando de seu tio, William Hale (Robert De Niro), um influente fazendeiro local. O primeiro teaser foi divulgado na quinta-feira (18).
Essa será a sétima colaboração de DiCaprio e a décima de De Niro com Scorsese. DiCaprio já trabalhou com o diretor em produções de sucessos como O Lobo de Wall Street, Ilha do Medo e Os Infiltrados, enquanto De Niro colaborou com ele em O Irlandês, Casino e Taxi Driver. É também a quarta vez em que os dois atores trabalham juntos. No entanto, é a primeira vez em que os três participam juntos em um longa.
Scorsese dirige, e produz junto com Dan Friedkin e Bradley Thomas (Imperative Entertainment), que foram os responsáveis por comprar os direitos do livro e chamar a atenção do diretor ao projeto. O seu desenvolvimento começou em março de 2016, Scorsese e DiCaprio foram contratados para o filme em 2017 e a produção inicialmente foi prevista para começar no início de 2018.
No entanto, sofreu alguns retrocessos devido a pandemia de COVID-19, e esperava-se que a produção começasse em fevereiro de 2021 mas acabou começando em abril daquele ano. Com Apple TV + e Paramount Pictures para financiar e distribuir o filme, as produtoras responsavéis são Apple Studios, Sikelia Productions e Appian Way, sendo a última fundada pelo Leonardo DiCaprio.
Durante os vários atrasos devido a pandemia de COVID-19, o roteiro foi reescrito. Eric Roth trocou o papel de DiCaprio, a pedido do mesmo, para ser Ernest, pois no roteiro original, o qual se assimilava ao livro, ele interpretaria Tom White. Então, começaram de novo, questionando se o foco não deveria ser o homem da lei, mas sim um de seus suspeitos: Ernest Burkhart, uma vez que estava envolvido no caso dos assassinatos da tribo Osage, junto com seu tio.
Scorsese, DiCaprio e De Niro perceberam que aquele perfeito mistério envolvendo assassinato não parecia algo certo, que a situação era mais complexa do que aquilo. Seria inapropriado apresentar um faroeste de herói branco, já que os brancos também eram os bandidos, uma vez que os forasteiros com fortalecimento da policial local aproveitavam-se da ingenuidade da nação Osage para tirar dinheiro de seus bolsos.
DiCaprio conta ao site Deadline que para ele o roteiro original não se relacionava ao potencial épico da história.
Simplesmente não chegou ao coração de Osage. Parecia muito uma investigação sobre o trabalho de detetive, em vez de entender de uma perspectiva forense a cultura e a dinâmica dessa época muito tumultuada e perigosa em Oklahoma.” Diz.
Para Scorsese também não fazia sentido contar essa história em uma perspectiva masculina branca (Tom White).
“Foi algo que já vimos antes. Nós pesquisamos Tom White. Ele era super-hétero. No livro, ele é filho de um homem da lei que incutiu incorruptibilidade e empatia em seu filho. Tentamos fazer mais pesquisas, esperando aprofundar Tom White. Ele tem dificuldades? Talvez ele esteja bebendo? Eu finalmente disse: ‘O que estamos fazendo? Um filme sobre Tom White, que chega e salva todo mundo?”‘
Para a The Hollywood Reporter, Lily Gladstone, uma das protagonistas do filme, revela que chegou a cogitar mudança de carreira antes de Killers Of the Flower Moon. Ela estava se inscrevendo em um curso de análise de dados, quando uma notificação do Gmail a alerta para uma solicitação de reunião do Zoom com Martin Scorsese para escalá-la ao lado de Leonardo DiCaprio.
Ao ser questionado pela Deadline se ainda tinha fôlego para voltar atrás de uma câmera e começar um próximo filme, Scorsese lastima:
Tenho que ter. […] O mundo inteiro se abriu para mim, mas é tarde demais. É tarde demais. Estou velho. Eu leio coisas. Eu vejo coisas. Quero contar histórias, e não há mais tempo. Kurosawa, quando ganhou seu Oscar, George [Lucas] e Steven [Spielberg] o entregaram e ele disse: ‘Só agora estou começando a ver a possibilidade do que o cinema poderia ser, e é tarde demais’. Ele tinha 83 anos. Na época, eu disse: ‘O que ele quer dizer?’ Agora eu sei o que ele quer dizer.”
O longa do diretor tem o tempo de duração de 3 horas e 26 minutos, e ele mandou um recado ao público a respeito: “Eu digo ao público, se houver público para esse tipo de coisa, assuma um compromisso. Sua vida pode ser enriquecida. Este é um tipo diferente de filme. Eu realmente acho que é.”
A tão aguardada estreia aconteceu no dia 20 de maio no Festival de Cinema de Cannes, onde foi aplaudido de pé pelo público por 9 minutos. Teve avaliação máxima em mídias como The Guardian, The Hollywood Reporter, The Telegraph e Screen Daily. Além de debutar com 95% no Rotten Tomatoes e pontuação 93 no Metacritic, ambos websites que reúnem críticas de filmes.