Fui assistir ao Manchester à Beira-Mar “virgem”, nem sequer sabia qual era o plot ou o que poderia esperar do filme. Tinha ideia apenas de que seria um “dramão” e que o irmão de Ben Affleck o protagonizava. E olha, fiquei bastante feliz com o que vi.
O filme conta a história de Lee Chandler (Casey Aflleck), que é forçado a retornar para sua cidade natal com o objetivo de tomar conta de seu sobrinho adolescente após o falecimento precoce de seu irmão, que era o pai do rapaz. Este retorno ficará ainda mais complicado quando Lee precisa enfrentar as razões que o fizeram ir embora e deixar sua família para trás, anos antes.
Um dos maiores destaques é o elenco e principalmente Casey Aflleck (Interestelar), que interpreta um personagem amargurado e insatisfeito com sua vidinha comum em Boston. Ele consegue transmitir toda a tristeza do passado do protagonista através do jeito de andar e até pela entonação de sua voz. Com certeza Casey será indicado à categoria “melhor ator” no Oscar 2017 e tem grandes chances de ganhar.
Não só Casey Aflleck está ótimo como Kyle Chandler (Bloodline) também está, fazendo Joe Chandler, o irmão de Lee. Mesmo aparecendo pouco (na maioria das vezes em flashbacks), ele atua como o mentor de Lee. Já Lucas Hedges (O Teorema Zero) interpreta o filho do Joe e sobrinho de Lee, fazendo com que a história fique mais leve e chegando a ser um alívio cômico em vários momentos.
Como disse na introdução, achava que seria um filme bastante pesado. Mesmo com um plot tão dramático, o roteiro cai várias vezes para um lado mais cômico. Em muitos instantes, Manchester à Beira-Mar consegue arrancar altas risadas. A química de Casey Aflleck e Lucas Hedges é fantástica, com o jeito chato e rabugento de Lee contrapondo a alegria e o otimismo de Patrick de forma sensacional.
A direção de Kenneth Lonergan (que costuma roteirizar mais do que dirigir) é muito boa. Ele gosta de cortar pouco nas cenas de diálogos (fugindo bastante do comum) e utiliza vários planos abertos e médios, raramente tem aqueles mais fechados. A fotografia não é de grande destaque, segue a escola de Cinema padrão.
Porém, nem tudo são flores, a montagem do filme não é das melhores, existem muitos cortes bruscos e várias cenas com erros de continuidade. A mixagem de som falha em alguns momentos bem perceptíveis.
Manchester à Beira-Mar é um excelente filme, com um elenco magnífico, uma história pesada e ao mesmo tempo leve e uma atuação digna de Oscar de Casey Aflleck. Temos aqui um forte candidato a levar a estatueta de melhor filme no Oscar.
Começamos 2017 com o pé direito.
Manchester à Beira-Mar estreia em 19 de Janeiro.
Revisado por: Bruna Vieira