Em Estocolmo, a hacker profissional Lisbeth Salander (Clare Foy) vive uma vida reclusa após se tornar conhecida nas reportagens da revista “Millenium” escritas pelo jornalista Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason). Ela é descrita como uma anti-heroína, que ataca sem piedade homens que agridem mulheres.
Um dia, Lisbeth é contratada pelo cientista Frans Balder (Stephen Merchant) para roubar o programa de computador – “Firefall” – desenvolvido por ele em parceria com o governo norte-americano, que dá acesso a um poderoso arsenal bélico. Por considerá-lo muito perigoso, Balder quer deletá-lo e assim proteger sua vida e de seu filho. Lisbeth aceita a tarefa e consegue roubá-lo da Agência de Segurança Nacional, mas não esperava que uma perigosa sociedade secreta também estivesse interessada no programa.
A trilogia policial “Millenium” foi escrita pelo jornalista sueco Stieg Larsson, morto devido um infarto fulminante em 2004. A trilogia foi composta por: “Os Homens que Não Amavam As Mulheres”, “A Menina Que Brincava com o Fogo” e “A Rainha de Castelo do Ar”.
Em 2013, o escritor sueco David Langercrantz foi convidado pela editora a assumir a continuação da série ignorando os manuscritos deixados por Stieg com sua companheira. O quarto livro da série “A Garota na Teia de Aranha” foi publicado em 2015 e dois anos após, saiu o quinto livro “O Homem Que Buscava a Sua Sombra”.
A série foi adaptada para o cinema pela companhia sueca Yellow Bird, com a atriz Noomi Rapace no papel de Lisbeth Salander e Michael Nyqvist no papel de Mikael Blomkvist. Foi adaptada em uma versão hollywoodiana dirigida por David Fincher sob o título “A Garota com Tatuagem de Dragão”, onde Rooney Mara era Lisbeth e Daniel Craig fez Blomkvist, mas a versão hollywoodiana só fez adaptação do primeiro livro da série, antes de decidir pular direto para os volumes de Lagercrantz com “A Garota na Teia de Aranha”. Claire Foy (“The Crown”) assumiu o papel de Lisbeth, com Sverrir Gudnason como Blomkvist.
Apesar da nova versão de Fede Alvarez ser bem intencionada e Claire Foy fazer um bom trabalho em sua visão para a personagem Lisbeth, a história foi suavizada por demais para ter uma classificação indicativa mais baixa nos cinemas e ampliar a bilheteria. Enquanto o primeiro filme hollywoodiano trazia uma trama pautada na investigação policial, aqui é um filme de ação genérico focado no passado de Lisbeth Salander e sua ligação mal resolvida com o pai e a irmã.
O elenco original inteiro foi trocado com a nova direção de Fede Alvarez. Os personagens foram descaracterizados e tiveram a sua psicologia e construção mudadas: Lisbeth saiu da rebelde hacker profissional para uma quase 007 feminina. Mikael Blomkvist, descrito na sinopse original como um homem de meia idade, foi rejuvenescido, torna-se o galã da trama e se torna um observador das ações de Lisbeth. Sem contar o desperdício de tirar Vicky Krieps (“Trama Fantasma”) para gravar três cenas como coadjuvante.
Com mais de 80 milhões de cópias de livros vendidas ao redor do mundo, “A Garota na Teia de Aranha” é uma história paralela e não tem vínculo com a trilogia original. O novo autor, David Langercrantz, não soube manter as características dos primeiros livros. A nova versão do filme foi concebida como produto para ser um blockbuster seguindo os moldes de 007. Ao desenvolver o roteiro de forma burocrática, a direção insegura de Alvarez deixa visível que faltou ferocidade para apresentar uma teia de intrigas mais complexa e envolvente para o público.