Faz tempo que não sentava na sala de cinema, e prestava atenção em um filme assim. Longe da ideia de que o filme seria apenas mais uma adaptação dos quadrinhos sem qualquer tipo de pretensão, ele é justamente o contrario.
O roteiro do filme é magnifico, simplesmente um dos melhores roteiros já escritos para um filme baseado em uma historia de quadrinhos, ele tem profundidade, não hesita na hora de ser polêmico, não hesita na hora de mostrar e apresentar claramente o machismo da época. Deve-se se pensar o seguinte, Mulher-Maravilha não é machista, ele tem cenas machistas, mas ele apresenta o machismo, apresentar o machismo e ser machista é completamente diferente. O amor de Diana pela humanidade não é superficial, ele é explicado em cada detalhe, ou seja, nada no filme é jogado.
“Eu não posso evitar que você vá Diana, mas os homens não merecem você”
A direção do filme é da Patty Jenkins, inigualável a forma como conduz o filme, cada momento, cada detalhe pensando, cada momento ali vivido por Diana é sentido, e nem precisava do IMAX para isso. O feminismo apresentado no filme não é de simples levantamento de bandeiras, ou ideologias, ele é simplesmente colocado em todo o filme. “Mulheres não podem ir a guerra, não podem falar em reuniões de homens, elas não devem ser ouvidas…” tudo isso é claramente não entendido por Diana, que entende que isso é inconcebível, ela justamente luta contra isso, em vão… Afinal toda uma sociedade entende o machismo ali como certo e comum. Referências? Prestem atenção nas câmeras lentas do filme em momentos de luta, pare o quadro, veja se existe uma referencia tão gostosa quando a diretora coloca as cenas de luta em câmera lenta para quadro a quadro a fim de dar uma sensação de que ali esta uma HQ, justamente como são os quadros das cenas em uma HQ, estáticas referente ao momento.
A Robin Wright como general Antíope esta maravilhosa, convincente, Trevor esta como ator secundário mas toda a historia acontece pelas suas decisões, mas não são suas ações necessariamente que dão combustível ao filme, Diana dita os rumos que a historia deve ter.
Diana é forte, independente, firme, luta contra os desejos da sua mãe, dos homens e da sociedade que ela conhece depois. Não precisou ser sexualizada, não precisou ter um relacionamento amoroso no filme sem justificativa concreta. Ela é simplesmente maravilhosa. Gal consegue levar o filme nas costas, o seu carisma e sua força de vontade ficam evidentes. Mulher-Maravilha mostra que é possível trazer a equidade de gêneros em forma de entretenimento, em forma de humor, em forma de ação e em forma de amor.
Minha crítica será limitada, afinal é o primeiro grande filme de uma heroína como protagonista, minha emoção é tão grande, mas meu sentimento é inferior a todas as mulheres que verão esse filme e se sentirão representadas. Não, não é feminismo, é uma questão lógica, eu sou negro, logo se eu estivesse em uma época que pela primeira vez o cinema estivesse fazendo um filme de determinado segmento protagonizado por um negro, meu sentimento seria diferente dos demais.
Ares de forma incrível é apresentado, maravilhoso e valente, podemos dizer até que original, pensei que fariam ele como no Injustice, mas não ele esta diferente, esta muito lindo (sim ele está) sua luta, seu CGI, sua forma, o tom do filme, tudo esta como deveria ser e jamais ser alterado.
O amor pela humanidade da Mulher-Maravilha é tão lindo que somente um coração de pedra não poderia chorar. Todos os argumentos do filme são bem retratados, todos os momentos explicados e nada é o que parece no fim. Mesmo quando o filme acabou eu conversei com alguns críticos, e perguntei “Esse filme tem defeito no roteiro?” a resposta foi um profundo silencio.
Uma mulher forte, independente, carismática, valente e que não depende de ninguém para nada… Meu Deus, o filme é épico, em todos os sentidos. Quando você pegou esse titulo pensou “Watchmen, é melhor, não é possível…” pensem assim, como adaptação Watchmen é melhor, mas como filme por sí só, Mulher-Maravilha supera. Logan é um excelente filme, mas como já disse anteriormente não me fez chorar. Então a minha crítica e sentença é essa.
O lugar da mulher é aonde ela quiser, inclusive no meio de uma guerra, inclusive enfrentando e lutando por direitos que elas acreditam não terem conquistado, o lugar da mulher é aonde ela quiser… Inclusive nos nossos corações.