“Nasce Uma Estrela” é um clássico atemporal para o cinema norte-americano. O drama musical que conta a trágica história de amor entre uma artista novata que sonha com os holofotes e um artista em decadência já foi filmada quatro vezes em Hollywood: 1937, 1954, 1976 e 2018. Estrelado outrora por Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisend, a protagonista da vez é a estrela pop mundial Lady Gaga.
Nesta nova versão, Jackson Maine (Bradley Cooper) é um cantor e compositor renomado e com longa carreira no mundo do entretenimento. Apesar da fama, Jackson é um homem solitário que foge dos fãs e se excede no consumo de álcool e drogas. Em uma determinada noite, sua vida muda ao cruzar o olhar com Ally (Lady Gaga). Ela é uma jovem cantora prestes a desistir do seu maior sonho enquanto se divide entre um emprego formal e como garçonete num bar de drag queens onde canta de vez em quando.
Lady Gaga faz a primeira aparição como sua primeira protagonista de longa-metragem como uma falsa drag queen, performando a clássica canção francesa: “La Vie En Rose”. Sua extensão vocal e presença de palco como artista impressionam até quem não é fã. De cara lavada e com uma interpretação naturalista, Lady Gaga tem chances de emplacar a indicação ao Oscar 2019 como Melhor Atriz.
O mundo fonográfico é extremamente competitivo e machista. Ally não é reconhecida por seu talento por não se enquadrar nos padrões estéticos impostos pela sociedade, vide as cenas onde comenta sobre o seu nariz avantajado. Lady Gaga é perfeita para a heroína da trama onde mescla em sua interpretação a cantora absurdamente talentosa, mas longe de qualquer padrão.
A química entre Ally e Jackson torna a paixão inevitável. Ele se encanta com o jeito despojado e o talento natural de Ally enquanto ela encontra um mentor profissional e um parceiro na música e na vida. O conto de fadas entra em conflito com a chegada de um produtor musical disposto a transformar Ally em uma grande estrela pop comercial enquanto Jackson entra num espiral autodestrutivo e se sente incomodado com as escolhas musicais da amada.
Bradley Cooper assume o desafio de estrear como cineasta com quádrupla função: Ser diretor, roteirista, produtor e o protagonista masculino. Como cineasta, traz uma direção segura. Como roteirista, preza pela simplicidade. Como protagonista, seu personagem traz a paixão musical como músico e a vulnerabilidade como homem. A carga dramática de Jackson Maine traz a sua melhor interpretação como ator. É encantador vê-lo cantando com voz rouca e tocando guitarra com paixão numa composição totalmente distinta de seus demais personagens.
A trilha sonora de “Nasce Uma Estrela” é excelente e merece um mérito a parte. A maioria das canções foram compostas por Lady Gaga. Bradley e Gaga tocaram em festivais ao redor do mundo para gravar ao vivo os números musicais do filme. Destacam-se as canções “Maybe It’s Time”, “Shallow” e “I’ll Never Love Again” com prováveis indicações para as categorias de Trilha Sonora e Canção Original.
A temática da busca do sonho de viver da música continua atual e nos mostra o quão encantadora e perigosa a indústria do entretenimento pode ser para aqueles que decidem vivê-la. O grande trunfo de “Nasce Uma Estrela” é a verdade que é sentida através das telas do cinema. A mágica para uma história de amor funcionar é fazer a química entre os atores funcionar. O romance de Ally e Jackson provoca a torcida do público e deve provocar muitas lágrimas.