Em Negação, filme baseado em fatos reais e inspirado no livro de Deborah E. Lipstadt, nos é dado um alerta a argumentos manipuladores, que passadas décadas após a morte de Hitler, ainda rondam o cotidiano. Seu diretor é Mick Jackson americano experiente em filmes de drama e outros gêneros como o famoso romance O Guarda-Costas, e o roteirista é o inglês, David Hare, indicado ao Oscar com os filmes As Horas e O Leitor, além de ser conhecido por escrever peças sobre o que acontece nos jornais.
O filme conta a história da professora acadêmica e escritora Deborah Lipstadt, interpretada por Rachel Weisz, ganhadora do Oscar e famosa por filmes como A Múmia, Constantine e O Jardineiro Fiel, que é acusada judicialmente pelo historiador e especialista em história militar, David Irving por discursos racista e o considera um negador do holocausto. Timothy Spall conhecido pelos filmes da saga Harry Potter, Desventuras em Série e Alice no País das Maravilhas, faz um belo trabalho ao interpretar Irving que no início do filme utiliza uma oratória muito boa, porém controversa além de favorecer o pensamento nazista, deixando o telespectador inquieto ao levar vantagem quando, em seu discurso convincente consegue, ao seu modo, obter atenção e desestabilizar Deborah, em meio a uma palestra dela. A acadêmica Lipstadt se vê intimidada a desmentir o historiador na justiça, já que o julgamento é feito na Inglaterra, onde o acusado é quem deve mostrar provas contra o acusador.
Weisz não foi muito aproveitada, no qual seu texto poderia ser mais argumentado, visto que a personagem dedicou a vida nos estudos do holocausto. Mas por outro lado, vemos o quanto a personagem se sentiu deslocada no Reino Unido, onde acontece o julgamento, diante de uma cultura diferente da sua, até mesmo dentro da lei e também por estar lidando com um profissional bem experiente em debate, sendo orientada a se calar diante da mídia e do próprio Irving.
Tom Wilkinson foi notável ao dar voz ao Richard Rampton, que agitou o filme ao ser o responsável de defesa de Déborah e entrar em debate contra o escritor, nas audiências. Wilkinson foi indicado ao Oscar em 2015, com o filme Código de Conduta.
Algumas cenas contribuíram para uma certa monotonia, no qual parecia ser passagem de tempo. Como quando é mostrado a rotina da escritora e em outras que era visto como um respeito aos mortos do holocausto (em cenas no campo de concentração). As cenas do julgamento, entre as manobras de Irving, mostra que a convicção dele o faz realmente acreditar no que diz. Podendo até fazer quem assiste sentir pena. Além de lembrar de uma referência a frase do assessor de Hitler, Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”.
O filme expõe uma resposta a quem confunde liberdade de expressão com apologia ao nazismo e distorção de fatos. Em que na era da desinformação, teorias da conspiração, ganham espaço na internet por pura falta de conhecimento.