O renomado autor Neil Gaiman foi recentemente acusado de abuso sexual contra duas mulheres em um podcast. Contudo, é importante esclarecer certos pontos para que os leitores possam formar sua própria opinião e compreender o contexto dessas acusações.
O Cabana do Leitor postou hoje mesmo sobre tais acusações, porém isso não poderia ser complementado sem outra postagem explicando como está ocorrendo as denúncias de abuso contra o autor.
As acusações contra o autor podem ser lidas em nossa publicação anterior; neste momento, vamos apenas contextualizar calmamente os eventos. A acusação originou-se de um podcast intitulado Tortoise, conduzido por Rachel Johnson, irmã do ex-Primeiro Ministro britânico Boris Johnson. O partido dele enfrenta uma provável derrota nas eleições de amanhã, que muitos acreditam ser vergonhosa para o Partido Trabalhista britânico (centro-esquerda). Portanto, as acusações contra Neil Gaiman emergiram na véspera da eleição britânica.
Rachel Johnson é contra mulheres trans, além disso, o podcast será transmitido em pelo menos quatro partes sobre as alegações de abuso envolvendo Neil Gaiman. No entanto, a programação de lançamento do podcast coincidirá com o período das eleições no Reino Unido, durante o qual o partido do irmão de Johnson sofrerá uma derrota histórica.
Uma acusadora de Neil Gaiman é britânica e a outra é americana, a primeira mulher disse que foi contratada pela então esposa de Gaiman, a musicista Amanda Palmer (do qual possuíam uma relação aberta), em 2022 para cuidar do filho do casal na Nova Zelandia.
A mulher, chamada Scarlett, alegou que Gaiman a agrediu sexualmente poucas horas após o primeiro encontro, ficando nu e se juntando-se a ela no banho. Ela tinha 22 anos e ele 61. Gaiman disse que o incidente foi apenas “afago” e “fuga” e que ele estabeleceu consentimento para isso.
Em outra ocasião, Scarlett alegou que o sexo entre eles “foi tão doloroso e tão violento” que ela perdeu a consciência. Esta relação durou até que ele deixasse a Nova Zelandia, e fosse para o Reino Unido novamente, durante este tempo a mulher o enviou diversas mensagens mostrando que a relação foi consensual.
Já a segunda mulher americana, conhecida apenas como K, era uma fã de 18 anos de idade apaixonada pelo trabalho de Gaiman quando o conheceu em uma sessão de autógrafos na Flórida, em 2003. Ela manteve contato com ele e uma relação sexual começou quando ela tinha 22 anos. Ele tinha então 40 anos.
K alegou que, durante uma viagem à Cornualha em 2007, ela disse a Gaiman que não queria ter relações sexuais com penetração porque tinha uma infecção urinária, mas ele foi em frente e o ato a deixou “gritando” em agonia. Gaiman disse que a alegação é falsa.
Quando seu relacionamento terminou, ela manteve contato amigavel com Gaiman, mas disse ao podcast que “À medida que fui crescendo, percebi que jovens de 18 e 20 anos, quando você está na casa dos 40, parecem crianças”.
A polícia neozelandesa não prosseguiu com a investigação nem entrevistou Neil Gaiman, apesar de ele ter se oferecido para encontrar-se com os oficiais, conforme relatado no podcast Tortoise. A investigação foi iniciada após Scarlett contatar Johnson pelo Instagram e relatar sua versão dos eventos.