Distribuído no Brasil pela editora Morro Branco, o livro Nossos dias Infinitos de Claire Fuller, enche os olhos no momento que o segura em suas mãos, pois a capa é arrebatadora. É aquele tipo de livro que, quando o vê na prateleira de uma livraria, você quer levar para casa. A surpresa maior é quando o abre, a fonte agradável e capítulos pequenos, o que facilita bastante a leitura. E, ainda mais, as folhas são amareladas, o que não prejudica em nada a visão e pode lê-lo por horas a fio sem sentir peso nos olhos. Parece que a editora pensou em cada detalhe para satisfazer o leitor.
Dentro do livro não surpreende menos. Somos apresentados a uma história para abalar o psicológico. Nossos Dias Infinitos é narrado em primeira pessoa pela Peggy, ou Punzel (diminutivo para Rapunzel) apelido dado por seu pai, James, que participa de um grupo de nome Refugiados do Norte de Londres. O grupo se reunia para se prepararem para o Apocalipse. Eles acreditavam tanto que o Apocalipse estava próximo que, o pai de Peggy, construiu um abrigo para protegê-los. Entretanto, como a maioria das famílias, sempre há alguém que discorde das crenças dos outros, nesse caso, me refiro a mãe de Peggy, a Utê. Uma pianista alemã muito conhecida e que parecia passar o dia todo ranzinza e mal humorada.
De repente, Utê sai em turnê e deixa filha e marido desamparados, totalmente pegos de surpresa. Como Peggy quem narra a história e ela não consegue entender muito bem as coisas que acontecem entre o pai e sua mãe. E então, em um dia, após ver uma discussão de seu pai ao telefone, eles viajam repentinamente e passam a viver em meio a natureza e depender apenas de recursos naturais. Peggy se vê, a cada dia, querendo sua mãe, sua casa e toda a vida que ela tivera antes, mas após uma tempestade acontecer, seu pai lhe tira a esperança de que, algum dia, teria sua vida antiga de novo. Sua mãe tinha morrido, bem como o restante das pessoas no mundo e agora eles se tornaram os únicos sobreviventes.
A história é dividida no passado e presente de Peggy. Primeiro quando Peggy ainda é criança, no ano de 1976 e outro momento é em 1985, quase 10 anos depois e confesso que preferi mais quando Peggy já estava mais velha. As descrições e situações que a faziam se sentir deslocada quando voltou, foram mais intensas na minha opinião. E o final? Ah, o final. A gente se pega tentando entender o que realmente aconteceu. Quem está certo e errado nessa história toda: James ou Utê. Afinal, “todos os pais mentem, mas algumas mentiras são maiores do que outras…” E, minha nossa, você não espera por nada daquilo.
Confesso que em, Nossos Dias Infinitos, me senti confusa em alguns momentos, mas achei fascinante a destreza que Claire Fuller conseguiu passar sobre a vida reclusa de Peggy. Consegui imaginar todas as situações. Essa é uma trama psicológica que te leva a fazer milhares de perguntas sobre o que vem a seguir e como aquela história vai acabar.
Gostei muito da leitura e gostaria de terminar o texto com uma frase do livro que me marcou muito, não sei se vão compreendê-la como eu, mas para mim, foi marcante.
“Datas só nos fazem perceber o quão finitos nossos dias são, quão mais perto da morte ficamos a cada dia que passa.”