Paulo Coelho é um autor controverso no mundo literário. Suas ideias, livros, escrita e até conduta são muito questionadas por críticos, fãs e haters (digamos assim). O assunto mais abordado em suas histórias tendem a ir para o lado espiritual, mas o seu diferencial certamente é trazer elementos de religião, no sentido do sagrado e do divino e misturar esses conceitos com a magia, a alquimia e as energias que circulam e envolvem o mundo. Também tudo consiste em repassar conhecimentos antigos da Terra e dos povos que a habitaram e ainda habitam, expondo parte dos mistérios que fazem parte de nossas vidas.
O Alquimista, livro de grande importância na carreira do escritor, conta a história do jovem pastor Santiago que tem em seus sonhos uma revelação que mudará o rumo de sua vida. Ele decide embarcar em busca de um tesouro e se aventurar por cidades desconhecidas e pelos caminhos traiçoeiros do deserto. Em sua jornada, ele encontra muitas pessoas que irão lhe passar grandes conhecimentos, auxiliar, o ajudar e testá-lo em sua incessante busca. Ele também descobre o verdadeiro Amor e a linguagem da Natureza.
A julgar pela sinopse tudo parece épico demais, mas o livro não é uma literatura grandiosa no sentido de fantasia, portanto não espere ler descrições incríveis em um universo inventado, com batalhas, fadas, reinos, etc. Tudo se passa em nosso Planeta, em nosso tempo e, mais precisamente, em nossas vidas. Pois essa é a história de como todos nós devemos ir atrás de encontrar e seguir a nossa Lenda Pessoal, acreditando profundamente que o Universo conspira sempre ao nosso favor, pois somos parte dele e ele é parte de nós. Nos fazendo compreender que os sinais estarão sempre diante dos nossos olhos e que devemos reconhecê-los.
É lindo ver alguém escrevendo sobre isso de forma acessível, tendo em vista que ensinamentos como esses já foram por muita vezes disseminados em outros livros de caráter mais técnico, com fins de autoajuda. A questão é que isso não representa um às da literatura ou algo incrível, mas a história em si é maravilhosa por mostrar para todos nós que somos peças importantes na engrenagem da natureza. Que somos protagonistas da História do mundo e não devemos temer ao almejar realizar os nossos sonhos, pois esses fazem parte da nossa verdadeira missão.
Em um compilado místico de lições, ele também te faz seguir pelos caminhos da filosofia, isto é, nos instigando a mergulhar profundamente nos mares dos nossos pensamentos, das nossas ideias, por onde navegam os nossos objetivos. Quanto estivermos lá, dentro de nós mesmo, também seremos capazes de ver quem somos, onde estamos e aonde queremos chegar, por fim.
O livro é uma espada de dois gumes, ou seja, você pode ler e achar que é um imenso cliché, pode ser cético e achar bobagem, pode ser religioso e achar magnífico, pode ser místico e gostar muito do que verá. As reflexões são partes do que somos e queremos e do quão nossa mente está aberta para receber as energias e as ideologias proposta por novos caminhos. Existe muita magia nesse livro, e quando digo isso me refiro ao poder das palavras. Às vezes algo que se lê e se reflete pode nos atingir como um raio de luz que ilumina aquilo que talvez esteja escuro dentro de nós.
“Quando você deseja algo de todo o seu coração, você está mais próximo da Alma do Mundo (…) Tudo o que está sob ou sobre a Terra se transforma sempre, porque a Terra está viva; e tem uma alma. Somos parte dessa Alma e raramente sabemos que ela sempre trabalha em nosso favor.”
Uma história como essa, cheia de provérbios, e dona de uma extensa moral, pode apresentar traços tão comuns quanto extraordinários. Trata-se de uma simples jornada que todos nós enfrentaremos, mas poucos a enxergam. São questões que passeiam por nossas mentes e assim o será até o dia de nossa morte. A leitura é capaz de revelar grandes joias em nossos caminhos e essa pode ser uma delas.