O Auto da Boa Mentira é um novo filme nacional, coprodução da Cine Group com a Globo Filmes, e que conta com a direção de José Eduardo Belmonte (‘Carcereiros: O Filme’, ‘Entre Idas e Vindas’). Roteirizado por João Falcão, Tatiana Maciel e Célio Porto, O Auto da Boa Mentira estreia amanhã, dia 29 de abril, nos cinemas.
A comédia estrelada por Leandro Hassum, Cássia Kis, Renato Góes, dentre tantos outros grandes nomes do cinema nacional, é baseada em frases icônicas e contos de Ariano Suassuna, famoso escritor e poeta paraibano. Dividido em quatro histórias hilárias, intercaladas por cenas do próprio Ariano proferindo as frases que inspiraram cada uma, o longa tem como principal protagonista a mentira.
Para divulgar a obra, foi realizada nesta segunda (26), uma coletiva de imprensa com a participação do diretor José Eduardo Belmonte, a produtora Luciana Pires da Cine Group, e os atores Leandro Hassum, Renato Góes, Jackson Antunes e Luís Miranda. Durante a coletiva, todos exaltaram a importância do trabalho de Suassuna, sempre atual e universal em suas histórias e colocações.
Belmonte revelou que foi chamado pelas produtoras Luciana e Mônica em 2015 para fazer parte desse projeto, e logo se interessou e aceitou o desafio de fazer comédia, que comentou achar o gênero mais difícil de se fazer no cinema. O diretor mencionou, ainda, que se identifica com esse lugar do “cronista social”, tão bem desempenhado por Suassuna, e analisou a diferença dessa adaptação para outras, uma vez que se não se trata de uma obra específica do autor, e sim seu histórico como contador de causos, “mais contemporâneo e urbano”, em suas palavras.
A produtora Luciana comentou que Ariano Suassuna era muito próximo da produtora Cine Group e, com a ideia de criar histórias ficcionais baseadas em suas frases, veio também a dificuldade de selecionar quais seriam usadas. Mas já podemos afirmar que as escolhas não poderiam ter sido melhores, e o resultado incrível pode ser conferido a partir de amanhã nos cinemas brasileiros.
Outro ponto bastante comentado na entrevista foi a relação da mentira com as fake news. O elenco, especialmente Hassum, ressaltou que a mentira retratada na obra é a “boa mentira”, ou seja, aquela que não tem maldade. Nas palavras do próprio Ariano, ““eu não gosto do mentiroso que mente para prejudicar os outros, gosto do mentiroso que mente por amor à arte”.
E falando sobre seu conto, um “zé ninguém” que é confundido com um comediante de sucesso e passa a gostar do mal-entendido, Hassum afirma que achou uma bela sacada dos produtores e roteiristas a sátira e as referências com sua vida pessoal. “Foi uma sacada muito interessante do Belmonte, do João Falcão, de pegar uma coisa que eu vivi, inserindo, inclusive, cenas dos meus shows antigos, quando eu ainda estava em um tamanho extra large, e que depois algumas pessoas começaram a me confundir”, comentou. “Fama” é a primeira história do filme e conta também com a atuação de Nanda Costa.
Jackson Antunes, que participa do segundo conto, chamado “Vidente”, ao lado de Renato Góes e Cássia Kis, afirmou que “o ‘seu Ariano’ era a própria poesia, a própria ternura”. O ator mencionou, ainda, que este foi o conto com o qual mais se identificou, uma vez que iniciou sua carreira no circo aos 9 anos de idade.
Já o seu colega de elenco, Renato Góes, aproveitou para contar que “O Auto da Compadecida”, adaptação da obra clássica de Suassuna, e que virou referência no cinema brasileiro, foi um filme que o fez ter vontade de ser ator. Em sua história, Renato interpreta Fabiano, que fica intrigado quando ouve um mistério circense envolvendo sua mãe (Cássia Kis) e seu pai, morto há anos. Ele precisa da ajuda do palhaço Romeu (Jackson Antunes) e de ter cuidado para não ser feito de palhaço.
O terceiro conto se passa nas areias do Rio de Janeiro e bares do Vidigal, onde Pierce (Chris Mason, de ‘Pretty Little Liars’) é um gringo metido a carioca. Ele inventa que foi assaltado depois de faltar ao aniversário de Zeca (Sérjão Loroza), mas não imagina que a mentira pode chegar ao chefe do tráfico (Jesuíta Barbosa).
A última história do filme brinca com uma frase de Suassuna sobre o preconceito sofrido por quem nunca foi à Disney. Nela, a estagiária Lorena (Cacá Ottoni) se sente invisível na empresa de publicidade de Norberto (Luis Miranda), e sonha com o “pseudointelectual” Felipe (Johnny Massaro).
Sobre seu papel nesse conto, Luis Miranda ressaltou a importância da representatividade: “Eu, como um ator negro, vivo todas essas questões ligadas à violência e ao preconceito. E o Belmonte me convidou para fazer um chefe publicitário, dentro de uma agência com muitos negros. Isso é a nossa tentativa de fazer o nosso cinema sair daquele lugar de colocar o ator negro em papéis de bandidos, empregados, e começando a mostrar que temos uma diversidade não só de atores, mas de comportamento profissional”.
Com distribuição da Imagem Filmes, o elenco da comédia conta também com Rocco Pitanga, Giselle Batista, Michelle Batista (“O Negócio), Bruno Bebianno (“Minha Mãe É Uma Peça”), Leo Bahia (“Chacrinha: O Velho Guerreiro”), Letícia Novaes/Letrux (“Qualquer Gato Vira-Lata 2”), Letícia Isnard (“Carlinhos e Carlão”), Karina Ramil (“Porta dos Fundos”), entre outros. Guel Arraes assina a produção associada e Fatima Pereira, Luciana Pires, Mônica Monteiro e Rômulo Marinho, a produção executiva.