O machismo existe em nossa sociedade há muito tempo. Nós convivemos com ele, combatendo todos os dias, pois ele está em vários ambientes no nosso cotidiano, seja na família, na escola, nas redes sociais da Internet e dentre outros. A falta de respeito e intolerância a luta da mulher na sociedade é gritante, e por vezes, rotulada pelos homens como ”vitimismo”.
Só que machistas não passarão e a nossa luta jamais será confundida com quaisquer “desculpinhas” que os homens queiram designar. O comportamento nos jogos online não são diferentes. As mulheres sofrem ainda muito preconceito sim e é preciso falar disso abertamente para que possamos fazer as mesmas coisas que os homens em paz.
A comunidade do videogame é extremamente tóxica, principalmente do jogo League of Legends. As pessoas que costumam jogá-lo gostam de xingar (as vezes com preconceito) e são impacientes com os outros participantes. No lolzinho de cada dia, tem que estar de boa com a vida para conseguir fazer todas as ”plays” tranquilamente. Mesmo sem comando de voz, o chat é tomado por xingamentos, críticas e jogadores que sempre buscam um culpado pela derrota no histórico do jogo. Agora imagine se você é mulher e joga lol? Imagine uma área de lazer que sempre pela sociedade foi destinada para meninos e de uns tempos para cá foi tomado por meninas? Os homens levaram um choque de realidade recentemente quando nas pesquisas afirmaram que mais de 53% de mulheres jogam videogames e são realmente boas nisso. Eu não sei se os comentários agressivos destinados a nós mulheres se tratam de uma defesa de uma possível ameaça na mente insana deles, ou se eles realmente são apenas tóxicos.
A grande realidade é que a comunidade inteira do Lol sempre foi um ”câncer”, principalmente no Brasil. Com a chegada das mulheres no joguinho, os comentários passaram a ser cotidianos como: ”vai lavar uma louça porque lol não é para mulher, seu lugar é na cozinha” ; ”jogue apenas de suporte” ; ”você só pode ser elojob” ; ‘‘você é mulher, por isso joga mal desse jeito”. Antes que vocês me perguntem, elojob é um sistema ilegal de pessoas que sobem o elo (nível) para as pessoas que não dominam bem o jogo, então considere isso uma ofensa SIM. E essa ideia de que mulher tem que jogar apenas de suporte também é uma ofensa, pelo fato do suporte ser a posição do jogo que mais se submete aos outros jogadores, e também por ser considerada a mais fácil por muitos especialistas no League of Legends. Veja bem antes que você me critique: mulheres podem jogar aonde elas quiserem, inclusive de suporte sim. Mas que seja da escolha dela, e não de um machista opressor que dita onde e quando ela deve jogar, ok?
Esse paradigma e preconceito de que mulher não consegue ser boa no videogame precisa ser quebrado para que possa promover a união e a igualdade dos gêneros nos jogos online, e que a comunidade do lolzinho consiga ficar mais limpa e com menos xingamentos.
Lugar da mulher é aonde ela quiser, e se ela quiser jogar ela vai jogar SIM e não vão se preocupar em se sentirem ofendidas com qualquer xingamento machista vindo de qualquer jogador. Não estou dizendo que todas as mulheres são boas, mas ser ruim não pode ser justificado pelo motivo da jogadora ser MULHER. Para aqueles que adoram dizer que esses comentários não passam de uma brincadeira, eu posso afirmar com toda a certeza que eu sei que toda brincadeira tem um fundo de verdade. Comentários como esses não podem virar normalidade, mas sim serem discutidos por todos nós.
As mulheres andam com medo de se expor no jogo, de colocar os ”nicknames” femininos, com medo de como ela pode ser julgada. As mulheres tem medo de jogar mal e um homem descobrir que ela é mulher e ela ser julgada por isso. As mulheres tem medo de escolher outra posição no jogo e os seus amigos de time criticarem só por ela ser mulher e não poder escolher nada além de suporte. As mulheres tem medo de opinar no jogo e saberem que ela é mulher. ‘‘Mulher não opina, mulher joga calada”.
Isso e outras coisas não devem mais acontecer. Não nos calaremos perante os machistas, vamos nos unir e transformar o lol em um jogo de amor e compreensão. Por menos ”rage” e mais amor.
Foto de capa do artigo: Ronaldo Pasianot
Modelo: Camilla Aloy