Lista de melhores filmes, quadrinhos, séries, livros, existem aos montes. Especialistas sempre lançam esses tipos de listas, mencionando o motivo do qual determinada cultura midiática pode ser considerada melhor, mas nem sempre concordamos com elas.
Fãs geralmente têm sua própria lista na cabeça. Aquela que ele guarda com afeição, que ele não consegue esquecer e que o motiva a querer sempre assistir/ler. Sendo assim, eu tenho minhas listas. Aquelas que sempre me deixam feliz de ser Nerd, que me motivam, toda vez que posso, ver/ler novamente. São filmes, quadrinhos, séries e livros que eu não consigo esquecer.
Uma dessas listas muito importantes para mim são os filmes baseados em quadrinhos.
Desde 1980 (creio que foi quando eu assisti “Super-Homem – O Filme” no cinema), eu sou simplesmente fascinado por filmes baseados em quadrinhos. Adoro Super-Homem – O Filme (Superman – The Movie, 1978), Flash Gordon (1979), Batman (1989), pois foram filmes que eu assisti no cinema e me encantaram de forma inominável.
Desde o final do século XX e começo do novo século, os cinemas têm sido tomados por uma onda de filmes baseados em quadrinhos. Não que antes não tivesse ocorrido – já mencionei alguns acima –, mas as produções têm sido investimentos de grandes estúdios, gerando – as vezes – brigas entre eles ou suas uniões.
Pensando nesses filmes, eu decidi fazer uma lista de dez filmes que considero como excelentes blockbusters, tendo enredo bem tramado, elenco empenhado e histórias bem motivadoras e com – certa – fidelidade aos quadrinhos que foram baseados. Muitos não gostaram da lista, dizendo: “Ah, tá faltando este filme”, “Ah, tá faltando aquele filme”… Bem, não se pode agradar gregos e troianos, DCnautas e Marvetes, Trekkers e Star Wars, tolkienianos e georgenianos, então se desejam criticar fiquem a vontade, mas a lista não vai mudar por causa disso.
10 – KICK-ASS: QUEBRANDO TUDO (Kick-Ass, 2010)
O filme toma como base a história criada por Mark Millar e John Romita Jr, que se baseia em Dave Lizewski (Aaron Taylor-Johnson), um jovem rapaz fã de quadrinhos que um dia decide colocar um traje de mergulho, uma máscara de esqui e sair nas ruas para se tornar um vigilante, mas já no seu primeiro dia como herói, quase termina morto. Quando retorna as ruas, Dave termina se apelidando de Kick-Ass e assim começa suas aventuras. Ele conhece Big Daddy (Nicolas Cage) e Hit Girl (Chloë Grace Moretz), um pai e uma filha em busca de vingança contra o gangster Frank D’Amico (Mark Strong), que acredita ser Kick-Ass o culpado pelos seus problemas de tráfico, mas seu filho, Chris D’Amico (Christopher Mintz-Plasse), decide se fantasiar de Red Mist e trair Kick-Ass.
O enredo é fantástico, pois mostra como uma pessoa comum pode se tornar um vigilante usando poucos recursos, mas que isso pode trazer grandes problemas, também. A atuação dos atores demonstra um bom entrosamento, principalmente nas relações pai e filho (a), fosse por imparcialidade (Dave e seu pai), fosse por afinidade (Big Daddy e Hit Girl) ou desinteresse (Frank e Chris D’Amico), elas são bem feitas, sem contar que a história tem um começo, meio e fim, uma verdadeira trajetória do herói. Mas peca por não usar certos elementos dos quadrinhos que a tornariam melhor ainda. Só um exemplo, na revista Dave não chega a ter uma relação com Katie Deauxma (Lyndsy Fonseca). Quando ela descobre que ele estava fingindo ser gay, ela ordena que seu namorado dê uma surra em Dave.
Certos elementos deram um tom maior de ação, mas o filme ter seguido mais próximo aos quadrinhos, que é praticamente um roteiro para o cinema. Isso o tornaria mais único do que qualquer coisa.
9 – RED: APOSENTADOS E PERIGOSOS (RED, 2010)
O filme se baseia na minissérie em 3 partes escrita por Warren Ellis e desenhada por Cully Hammer. No filme vemos o aposentado Frank Moses (Bruce Willys) vivendo sua vida e mantendo contado com a bela e jovem atendente do Departamento de Aposentadoria, Sarah Ross (Mary-Louise Parker), até que um dia ele é atacado em sua casa e então esse aposentado revela ser um assassino dos mais eficientes. Moses era um operativo da CIA que sempre era chamado para depor ditadores, matar espiões e desbaratar organizações. Quando ele é atacado, decide correr atrás daqueles que querem elimina-lo e se junta a outros colegas como Joe Matheson (Morgan Freeman), Marvin Boggs (John Malkovich) e Victoria (Helen Mirren), para enfrentar o jovem agente William Cooper e toda uma rede que termina envolvendo até o vice-presidente do Estados Unidos, Robert Stanton (Julian McMahon).
“RED: Aposentados e Perigosos” é totalmente baseado na minissérie em quadrinhos, tendo somente como referência o sobrenome Moses do personagem de Bruce Willys e certa semelhança entre Paul (quadrinhos) e Frank (filme). Mas o que poderia ser uma desvantagem, termina se tornando algo sensacional.
Enquanto que na minissérie “Red” é o código de ativação de Paul Moses, saindo da aposentadoria para voltar à ativa, no filme R.E.D. se torna a sigla para Retired Extremely Dangerous (algo como Aposentado Extremamente Perigoso, em inglês), o que torna as histórias distintas. Outra grande diferença é que enquanto Ellis se concentra em uma história solo de Paul Moses, os roteiristas John e Erich Hoeber criam vários personagens que auxiliam e vão contra Frank Moses, ampliando a história em quantidades.
Ambos os enredos são muito bons, pois na minissérie, Paul busca matar todos que decidiram retira-lo da aposentadoria, já no filme Frank pretende se unir a sua velha equipe para descobrir e exterminar aqueles que decidiram tentar mata-lo. O filme trabalha a ideia de espionagem e contraespionagem, algo bem corriqueiro no período da chamada “Guerra Fria”. Mas seu erro é o lance de criar uma dupla romântica.
Na minissérie temos Sally, que sempre atende Paul Moses e trabalha no departamento de aposentados da CIA, mas a ligação dela com Paul é bem pequena. Sim, ele sente uma afeição e ligação com ela, mas é o suficiente para não matá-la, mas no filme Frank busca ter mais do que uma ligação carinhosa com a atendente Sarah. É engraçada e divertida a relação de ambos, mas se não tivesse rolado tornaria a história mais dinâmica.
8 – O JUSTICEIRO: EM ZONA DE GUERRA (Punisher: War Zone, 2008)
Antes desse filme ser feito, foram feitas outras duas tentativas de leva-lo ao cinema, mas ambas foram infrutíferas e não retrataram Frank Castle em toda sua extensão. A primeira foi um enorme fracasso, pois com exceção do nome do personagem e dele ter perdido a família no meio de um tiroteio, nada mais se assemelha ao personagem. Na segunda, teve um sucesso morno, mas as mudanças na história do personagem e na sua forma de agir terminou sendo muito criticado, tanto que o ator Thomas Jane depois fez o fanfilm “Dirty Laundry” como um pedido de desculpas aos fãs e mostrou que ele poderia ter sido um Justiceiro bem melhor do que no filme de 2004.
Quatro anos depois do filme com Jane e Travolta (este fazia o mafioso Howard Saint), a diretora Lexi Alexander dirigiu “O Justiceiro: Em Zona de Guerra”. Esta alemã – ex-campeã de Karatê e Kickboxing – já havia dirigido e co-roteirizado o fantástico “Hooligans”. Ela pegou o roteiro de Nick Santora, Art Marcum e Matt Holloway e tornou-o mais fiel ao legado de Frank Castle.
No filme, Frank (Ray Stevenson) é um ex-fuzileiro que perdeu a esposa e os filhos em meio a um tiroteio de gangsteres, quando faziam um piquenique no Central Park. Ele se tornou obcecado em destruí-los, sendo juiz, júri e carrasco de qualquer pessoa que não siga a lei, seja bandido ou policial, ele não perdoa. Durante uma batida numa festa na casa do mafioso Gaitano Cesare (John Dunn-Hill), Frank termina perdendo Billy “O Belo” Russotti (Dominic West), um capanga de Cesare com pretensões de grandeza no tráfico de drogas. Este foge para uma fábrica de reciclagem e termina sendo atacado pelo Justiceiro, que o joga em uma máquina de reciclagem de vidros. Durante o ataque, Frank termina matando um agente infiltrado na quadrilha de Russotti e isso o corrói por dentro. Deformado, Russotti agora se intitula Retalho e decide solta o irmão, James “Loony Bin Jim” Russotti (Doug Hutchison), para que ambos dominem Nova Iorque de assalto.
Frank agora é perseguido pelo parceiro do agente que assassinara, Paul Budianski (Colin Salmon), que se une ao detetive Martin Soap (Dash Mihok) na – chamada – “Força-Tarefa Justiceiro”, para ser levado à justiça pelo crime de assassinato de um agente da lei. Ele busca a remissão tentando ajudar a esposa e a filha do agente, mas sua única forma de ajuda-la e salvando-a de Cicatriz e seu irmão lunático, que descobrem do agente infiltrado e decidem se vingar na família dele.
No filme vemos vários elementos da mitologia de Frank Castle, como lembranças do assassinato de sua família, que o assombra, personagens como Retalho e David “Microchip” Lieberman (Wayne Knight), que sempre estiveram ligados ao personagem. Mas a forma como o ator Dominic West cria a personalidade do vilão Retalho se tornou caricata. Em vez de uma loucura desenfreada por ter tido os nervos da face cortados, ele se tornou um vilão engraçado. E esse é o grande problema do filme, as caracterizações dos vilões ficaram caricatas enquanto deveria ter uma profundidade maior no arquétipo da demência desenfreada tanto do Retalho quando de Loony Bin Jim. Também vemos essa construção caricata no detetive Martin Soap, que é um “bucha”, somente servindo para ser salvo pelo Justiceiro. O Microchip, que é um hacker sofisticado, é mais forte do que o detetive, que nada mais é do que uma piada dentro do próprio distrito. Já a história busca algo que os outros não tentaram, ou seja, uma proximidade maior com os quadrinhos, pois Frank Castle não tem pena dos bandidos. Ele usa de todos os meios e subterfúgios para destruir seus inimigos. Se algum escapa é por pura sorte, não porque ele quis. A violência é o que se espera de um filme sobre o personagem, nada mais e nada menos que isso. Enquanto alguns atores erraram drasticamente na criação de seus personagens, a história e a direção acertaram em cheio no resto.
7 – BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight Rises, 2012)
Este é o final da trilogia do diretor e roteirista Christopher Nolan. Neste filme, depois de ser acusado do assassinato de três policiais e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman (Christian Bale) não é visto nas ruas de Gotham há cinco anos, mas com a implantação da Lei Dent, ele e o Comissário James Gordon (Gary Oldman) se tornaram obsoletos. Mas isso está para mudar quando Bane (Tom Hardy) chega à cidade. Mas antes dele estabelecer sua “Nova Ordem”, Bruce Wayne – alter ego do Batman – é assaltado pela Selina Kyle (Anne Hathaway), também conhecida como A Gata, uma ladra profissional que lhe rouba mais do que o estimado colar de pérolas de sua mãe, levando-o a falência. Mas antes disso, Bruce determina Miranda Tate (Marion Cotillard) como nova presidente das Indústrias Wayne, mas esta também possui segredos nas trevas. Depois do que Bane faz com Gordon, Batman decide ir contra ele e termina paraplégico e é jogado no Foço, de onde precisa ressurgir para salvar sua cidade, nem que para isso precise se sacrificar.
Esse último filme foi o mais criticado da franquia por vários motivos, mas sempre vi como um fechamento grandioso para Cavaleiro das Trevas. A forma como trataram todo o processo das angustias de Bruce com a morte de sua amiga e interesse romântico Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), seu corpo debilitado por causa dos anos que agiu como Batman, suas perdas, seu ressurgir e o final apoteótico, tornou o terceiro filme muito bom. Nele temos a continuidade do que já vinha acontecendo nos filmes anteriores. Ótimos atores bem relacionados com seus papéis, a introdução de novos atores que dão vida grandiosa aos seus personagens. Uma história bem amarrada – com alguns buracos, para quem não conseguiu entender a franquia desde o começo – com começo, meio e fim. Mas com um problema, a finalização dos personagens.
Com exceção do Batman, que teve toda uma explicação do que ocorrera com ele, personagens como Amanda Tate – que se revelou ser Talia Al Ghul, filha de Ra’s Al Ghul – e Bane têm um fim simplório para personagens que demonstraram serem de suma importância para a transcorrer do filme. O detetive Robin John Blake (Joseph Gordon-Levitt), de repente, ganha esse primeiro nome como se este fosse um fantasma que o assombra e que ele não deseja revelar. São coisas que poderiam ser melhor trabalhadas, mas não tira o mérito do filme e por isso eu o coloco nessa lista.
6 – HOMEM DE FERRO (Iron Man, 2008)
A partir de Homem de Ferro, a Marvel Studios começou a construir seu Universo Cinemático, que mistura filmes, seriados, animações e quadrinhos em um mesmo universo.
No filme, Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um bilionário que tem negócios com o governo dos Estados Unidos vendendo armas bélicas. Durante uma visita à região da palestina, para apresentar um novo armamento, o comboio que estava é atacado e ele é sequestrado. Com fragmentos de metal bem próximos de seu coração, Tony recria seu artefato ARC em miniatura para manter os fragmentos longes de seu coração e mantê-lo vivo. Seu sequestro acontece, pois seus captores desejam que ele remonte a arma que ele apresentava ao exército dos Estados Unidos, mas ao invés disso, com a ajuda de outro cativo, Yinsen (Shaun Taub), ele cria uma armadura que o ajuda na fuga do seu cativeiro. Resgatado pelas tropas estadunidense do meio do deserto, Tony retorna aos EUA, onde decide cessar com a fabricação e venda de armamentos, surpreendendo seu amigo e tutor Obadiah Stane (Jeff Bridges), pois descobrira que as armas que sua empresa fabrica estão sendo comercializadas, também, com os exércitos palestinos. Nesse interim ele é visitado pelo agente Phil Coulson (Clark Gregg) da Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão, uma agência de contraterrorismo que diz querer ajuda-lo. Mas as intenções de Tony vão além de parar de fabricar armas, pois ele pretende criar uma nova armadura e combater àqueles que usam suas armas para o terrorismo global, criando o Homem de Ferro. Com auxílio da inteligência artificial J.A.R.V.I.S. (Paul Bettany), ele faz várias tentativas até acertar, mas após enfrentar as forças palestinas lideradas por Abu Bakaar (Sayed Badreya), ele é descoberto pela Força Aérea estadunidense e recorre ao amigo James “Rhodey” Rhodes, tenente-coronel da Força Aérea, que o livra. Enquanto isso, o próprio Stane aparece como o negociador de armamentos com o grupo extremista conhecido como “Dez Anéis”, liderados por Raza (Faran Tahir), que sequestraram Tony e, agora, tem como posse a armadura que este criara quando cativo. Matando Raza, Stane leva a armadura e pretende criar sua própria, mas não consegue desenvolver a fonte de alimentação da armadura, então a rouba de Tony, que criara uma nova. Rhodey encontra Tony à beira da morte, mas o salva e este vai atrás de Stane que é descoberto por Coulson e a secretária de Tony, Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), usando uma enorme armadura que se assemelha a primeira de Tony. Em uma luta épica, Tony o vence, salvando sua empresa.
Como eu disse inicialmente, com este filme a Marvel deu o pontapé inicial para o conhecido MCU (Marvel Cinematic Universe). E o fez com chave de ouro, pois o roteiro de Mark Fergus, Hawk Ostby, Art Marcum e Matt Holloway, juntado à direção de Jon Favreau, trouxe, pela primeira vez, um filme muito fiel às origens do personagem Tony Stark/Homem de Ferro. As mudanças foram necessárias, pois quando Jack Kirby, Stan Lee e Don Heck criaram o Homem de Ferro para a Tales of Suspense #39 (março de 1963), os Estados Unidos participavam da Guerra do Vietnã (1955-1975). Mas todos os elementos estão ali, o que torna Homem de Ferro em um filme muito bom. As atuações também são memoráveis, desde as participações menores como Shaun Taub no papel de Yinsen e Clark Gregg como o agente Coulson, até o fantástico Jeff Bridges como Obadiah Stane e Robert Downey Jr – em remissão – como Tony Stark, nenhum ator fica a dever a qualquer outro. Mesmo a tensão romântica entre Tony e Pepper é bem esquematizada, sem quebrar o ritmo do filme e sem ser melosa demais. O que quebra o filme é somente uma coisa, a necessidade de apresentar vários elementos do personagem em um só filme, como ele revelar sua identidade ao final da película. Sei que isso se deve ao caráter atrevido de como Tony se revela no filme, mas se mantivessem sua identidade secreta, seria uma forma de explorar isso mais a fundo no futuro. Uma das coisas que sempre cria tensão nos quadrinhos é exatamente isso, pois enquanto o Homem de Ferro é tratado como um herói, Tony Stark é visto como uma pessoa frívola e inconsequente. Seria algo que poderia vir a ser mais explorado nos outros filmes, explorando o quanto um segredo desses poderia influenciar a vida daqueles que conhecem a verdade.
Homem de Ferro iniciou a corrida cinematográfica da Marvel Studios nos cinemas de forma memorável, mas pecou em explorar arquétipos que poderiam ser interessantes no futuro.
5 – BATMAN BEGINS (2005)
Se o Batman teve um começo memorável nos cinemas, foi com Batman Begins.
Não desmereço o filme de 1989, mas naquele filme o Batman era um personagem secundário, ficando tudo centrado no Coringa vivido por Jack Nicholson, mas nesse filme vemos a construção do herói.
O filme nos mostra como Bruce Wayne (Christian Bale) se torna o Batman. Mostra a infância do personagem, a perda de seus pais pelas mãos de Joe Chill (Richard Brake), sua convivência com seu mordomo Alfred (Sir Michael Caine) e a assistente de promotoria Rachel Dawes (Katie Holmes). A parceria com o sargento de polícia James Gordon (Gary Oldman) e o embate contra Carmine Falcone (Tom Wilkinson), Dr. Jonathan Crane, o Espantalho (Cillian Murphy) e Ra’s Al Ghul (Ken Watanabe/Liam Neeson). O roteiro de Christopher Nolan e David S. Goyer explora cada meandro da mitologia do Batman. Vai desde o – já mencionado – assassinato de seus pais, passando pelo seu treinamento e ele adquirindo o material que possa torna-lo mais do que um vigilante. A direção de Nolan é minuciosa em vários detalhes, ele se preocupa com cada situação que faz de Bruce Wayne o Batman, mostrando que não é só um cara vestir um traje com orelhas pontudas, pular pelos telhados e bater em bandidos que torna o Cavaleiro das Trevas em uma lenda da cidade. Ele tem aliados, pessoas que o ajudam e estão constantemente ligados a sua ação. Tem pessoas como Lucius Fox (Morgan Freeman), que lhe fornece o material ideal para ele agir, ou mesmo Alfred que lhe dá orientação e conselhos.
O elenco do filme é outra estrela a parte. Mesmo personagens como Joe Chill e William Earle (Rutger Hauer), que são menores se destacam no filme. Temos um elenco maximizado por atores britânicos, um país cuja arte de interpretar é fantástica, gerando alguns dos melhores atores do mundo. Temos Gary Oldman, Tom Wilkinson, Christian Bale, Liam Neeson, Cillian Murphy, Sir Michael Caine, Linus Roache e Richard Brake como um bom exemplo. Eles se juntam a atores do calibre do holandês Rutger Hauer e do estadunidense Morgan Freeman, para dar alma a esse filme. Mas o que Batman Begins tem algumas falhas que terminam sendo consideradas mínimas, terminam colocando nessa classificação. Um dos problemas do filme são as cenas de ação, pois como são feitas em ângulo fechado terminam perdendo um pouco da emoção. Outro problema fica com a atriz Katie Holmes que não parece confortável com a personagem Rachel Dawes. Ela parece se preocupar somente com uma intenção da personagem, esquecendo a tensão romântica que Rachel Dawes tem com Bruce Wayne. Tirando esses pontos, Batman Begins é considerada como a melhor história de começo de um personagem dos quadrinhos no cinema, tanto que muito usaram a forma “realista” de Nolan como referência para os filmes que foram lançados após este.
4 – CAPITÃO AMÉRICA: O PRIMEIRO VINGADOR (Captain America: The First Avenger, 2011)
Se Homem de Ferro foi o começo do Universo Cinemático Marvel, “Capitão América: O Primeiro Vingador” foi a pedra angular para esse universo. Ele é o prequel que estabelece o princípio do Universo Marvel como um todo.
No filme, temos o franzino Steve Rogers (Chris Evans) tentando ingressar no exército do Estados Unidos, pois deseja ir para a Segunda Guerra Mundial ao lado do seu amigo Bucky Barnes (Sebastian Stan), mas somente consegue ser reprovado até que o Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci) o vê e lhe chama para o projeto super-soldado, submetendo-o a um experimento inovador que o transformará no exército de um só. Erskine é assassinado, mas consegue com que Steve se torne o super-herói que ele desejava. Só que o coronel Chester Phillips (Tommy Lee Jones) acha que Steve não seria o suficiente para o que ele deseja, ou seja, vencer a guerra. Então o nomeado Capitão América se torna um instrumento do governo para angariar bônus, fazendo apresentações e filmes promocionais.
Steve consegue chegar ao local de batalha, mas como entretenimento das tropas, mas fica sabendo que seu amigo Bucky e outros soldados foram capturados. Ajudado pela agente do serviço britânico Peggy Carter (Hayley Atwell), Steve vai atrás dos soldados e termina encarando Johann Schmidt (Hugo Weaving), o Caveira Vermelha. Ele salva a todos e demostra ser de enorme valia para o exército estadunidense. Com ajuda de Howard Stark (Dominic Cooper), Steve consegue um traje e seu escudo.
Ele enfrenta a Hidra, uma frente de combate nazista que explora forças sobrenaturais e usa armas super-avançadas para vencer o combate em nome do führer. Capitão América e seus aliados precisam vencê-los, senão a derrota será certa e as perdas serão grandes.
Foram necessários quatro filmes iniciais para lançarem o filme que define o Universo Marvel no que ele é. A construção do herói, mais uma vez, é o ponto chave desse filme, mas a construção vai no crescente fantástico, pois Christopher Markus e Stephen McFeely tem um grande respeito com toda a trajetória de Steve Rogers no Capitão América. Eles não o tratam como um símbolo americano, mas como um símbolo da justiça. Capitão América se mostra o verdadeiro super-herói, pois ele demonstra um altruísmo único, pouco visto em filme de super-heróis. Ele usa todo o seu dom e poder para ajudar aos outros, mesmo que precise se sacrificar. Ele não pensa somente em si, mas vai além, sempre pensando no bem maior. A direção de Joe Johnston somente torna isso tudo em realidade, mas ele é um diretor acostumado a filmes grandes, além de contar com um elenco excelente e promissor. Mesmo Chris Evans e Sebastian Stan surpreendem em suas interpretações, mas eles trabalham ao lado de atores como Stanley Tucci, Tommy Lee Jones, Hugo Weaving e Toby Jones, além de ter o suporte dos britânicos Hayley Atwell e Dominic Cooper, mas, mesmo assim, Evans e Stan estão ótimos.
“Capitão América: O Primeiro Vingador” somente ocupa essa posição devido a falhas pequenas, principalmente na construção histórica do filme. No começo parece que o Capitão América combaterá o Terceiro Reich, mas ele somente enfrenta a Hidra, como se as tropas nazistas e toda a Segunda Guerra Mundial ficasse em segundo plano do filme, o que não deixa de ser uma verdade. Lógico que isso é o mínimo do filme, pois ele tem a dosagem certa de ação, drama e humor, sem perder nunca o ritmo.
3 – DREDD (2012)
O filme é baseado no personagem da editora britânica 2000 AD, criado por John Wagner e Carlos Ezquerra. Dredd teve um filme em 1995 com Sylvester Stallone, mas é totalmente execrado pelos fãs devido a pompa e falta de conteúdo do personagem, tendo muito pouco do mito de Dredd no filme.
Mas em uma redenção esse novo filme foi feito, tendo mais respeito ao personagem.
Dredd é membro da Ordem dos Juízes em Mega City I, um conglomerado de blocos que existe em um Estados Unidos distópico. Ele é chamado para a avaliação de uma nova Juíza, Cassandra Anderson. Nesse mesmo dia o Peach Trees, um bloco de 200 andares, teve três assassinatos feitos pelos capangas da chefe local, Ma-Ma, então Dredd e Anderson são chamados para investigar o crime e prender, julgar e punir Ma-Ma e seus asseclas. Mas tudo não será tão simples, então Dredd e Anderson se envolvem em uma verdadeira guerra dentro do bloco. Além dos homens de Ma-Ma, os dois precisam enfrentar Juízes corruptos e sobreviverem até o dia seguinte.
Não é filme de origem, não parece nem um filme baseado em quadrinhos, mas é um dos melhores filmes nesse sentido. “Dredd” traz toda a carga de ação e violência das revistas do personagem britânico. Ele mostra de forma única a distopia que Mega City representa, com seus Juízes e seus bandidos. A representação de como uma sociedade pode se tornar pior do que imaginamos, mesmo que os oficiais da lei tomem a justiça nas próprias mãos. O roteiro de Alex Garland é uma referência sem igual ao universo de Dredd, respeitando tudo que Wagner – e posteriores escritores – fizeram pelo personagem. Pete Travis traz toda a crueza dos quadrinhos com sua direção. Junte a isso a capacidade dos atores se entregarem aos personagens, temos um dos três primeiros colocados entre os melhores filmes baseados em quadrinhos. Só não o coloquei como primeiro ou segundo, pois senti falta de outros elementos de Dredd, que talvez venham a aparecer, se derem uma nova chance ao personagem nos cinemas.
2 – CAPITÃO AMÉRICA 2: O SOLDADO INVERNAL (Captain America: The Winter Soldier, 2014)
Chegamos à segunda posição e essa é ocupada por “Capitão América 2: O Soldado Invernal”. Por quê? Porque esse filme consegue equilibrar ação e intriga política na dosagem certa.
Não é bem uma continuação do primeiro – apesar de compartilhar de semelhanças – e nem de nenhum outro filme do MCU, mas tem ligação com este Universo. Neste filme, Steve Rogers não somente encara um homem por trás de um grande mal, mas sim o mal personificado em uma organização, a Hidra, que retorna com mais força do que ele poderia imaginar. E para piorar os inimigos são pessoas em quem Steve confiou e que ele estimava serem amigos, companheiro de combate, como ele tivera na Segunda Guerra. Mas tudo é muito, muito pior. Ele somente pode confiar em quem menos confia, ou seja, Nick Fury (Samuel L. Jackson). Ainda pode contar com Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), Maria Hill (Cobie Smulders) e o soldado Sam Wilson (Anthonie Mackie) como aliados consideráveis, mas precisa enfrentar o seu melhor amigo transformado em um inimigo, pois agora Bucky Barnes (Sebastian Stan) é o Soldado Invernal, um sobrevivente da Guerra Fria que se tornou uma lenda. Isso graças a Armin Zola (Toby Jones), que conseguiu mantê-lo em hibernação e conservação, além de dá-lo um braço biônico.
Esse Soldado Invernal é responsável pelo atentado a vida de Nick Fury e é onde começa a Hidra a agir e tomar de assalto a S.H.I.E.L.D. Steve enfrenta Brock Runlow (Frank Grillo) e outros soldados da S.H.I.E.L.D. em uma das cenas mais icônicas de combate corpo-a-corpo. Mas é difícil não dizer um momento que não tenha isso no filme. As cenas de ação são fantásticas, abertas e limpas, onde você pode ver elas do começo ao fim sem parecerem confusas. E quando falei de intriga política, falo exatamente da tomada de poder de uma organização terrorista sobre uma organização de proteção dos Estados Unidos. A ascensão ao poder da Hidra é algo que se vê em filmes como “O Quarto Poder”, “Sob o Domínio do Mal” e tantos outros. Não se imagina ver tal enredo em um filme baseado em quadrinhos, mas algo semelhante já ocorrera em Captain America #175, quando a organização Império Secreto assume o governo dos Estados Unidos. Steve Englehart engendrou uma história de intriga política fascinante, que pode ter servido de inspiração para os grandiosos Christopher Markus e Stephen McFeely.
O mais surpreendente é a direção inspiradora dos irmãos Anthony e Joe Russo. Pensava-se que por estarem acostumados a fazerem filmes e séries de comédia, não dariam conta de um filme dessa magnitude, mas conseguiram fazer uma história tão acertada que fica difícil encontrar algo que não funcione nela, algum defeito. Então, por falta de algo, vou ficar com a falta de um vilão com força, um vilão que seja lembrado, como ocorreu no primeiro filme com o Caveira Vermelha interpretado por Hugo Weaving. Temos vários vilões, vários antagonistas, mas nenhum que seja memorável e eternizado. Algo que o primeiro lugar tem de sobra.
1 – BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight, 2008)
O primeiro foi muito bom, o terceiro foi bom, mas o segundo… foi ótimo.
“Batman: O Cavaleiro das Trevas” é um filme baseado em quadrinhos que tem ação, drama, suspense, tensão e nos dá um dos maiores vilões do cinema de todos os tempos, o Coringa (Heath Ledger).
Não é a primeira caracterização do personagem nos cinemas, pois no já citado “Batman” (1989), ele fora caracterizado com um gângster que enlouquece após cair em um tonel de ácidos que o deforma. Desta vez a criação foi mais baseada na insanidade do personagem. Mesmo sendo a maior – e melhor – lembrança do filme, “Batman: Cavaleiro das Trevas” tem como plano central a desconstrução do herói. E nisso o Coringa é totalmente responsável. Ele primeiro deseja a identidade secreta do Batman (Christian Bale), depois deseja à morte daquele que sabe essa identidade. Além disso, ele consegue transformar Harvey Dent (Aaron Eckhart), o “cavaleiro de armadura branca” no insano Duas-Caras.
As questões que permeiam o filme são totalmente claras e coesas, mostrando que ela tem um objetivo tentando destruir a imagem dos heróis de Gotham. Mas ele também bate de frente com o intelecto do Batman e a integridade dos cidadãos da cidade, pois quando ele acredita que o caos reinará, se mostra bem longe disso.
A dualidade é outra coisa bem explorada no filme. O tempo todo vemos aço sentido do duplo, sejam nas histórias assombrosas do Coringa, seja na desistência de uma dupla identidade de Bruce, na criação de uma dupla personalidade em Harvey Dent ou na dualidade do segredo que o Cavaleiro das Trevas e o Comissário Gordon (Gary Oldman) precisam guardar.
O ritmo da ação não se perde em nenhum momento, sendo parte necessária do filme, não somente sendo colocado para dar um ritmo mais acelerado.
A tensão amorosa criada no triângulo amoroso entre Bruce Wayne/Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal) /Harvey Dent desencadeia cenas memoráveis.
O roteiro, a história e direção é de Christopher Nolan, que dividiu o roteiro com o irmão, o – também – talentoso Jonathan Nolan, baseados em uma história que Nolan criou com David S. Goyer.
Vemos referências aos quadrinhos (Batman #1 (1940), Piada Mortal). As mudanças nos mitos não são absurdas e insuportáveis e o elenco é primoroso.
“Batman: O Cavaleiro das Trevas” está no primeiro lugar pois tem um enredo firme, uma história coesa, ação bem assimilada a vários outros conceitos cinematográficos (drama, romance, suspense), uma direção afiada um elenco bem orgânico e um vilão memorável que entra para a categoria de melhor vilão dos cinemas, ao lado de Darth Vader, Jason Voorhees, Michael Myers e Freddy Krueger. Será difícil esquece-lo.
MENÇÃO HONROSA: WATCHMEN (2009)
Uma lista como essa não poderia ficar sem uma menção honrosa, então eis Watchmen.
Sempre que se lê essa história criada em doze partes pelo escritor Alan Moore e pelo desenhista Dave Gibbons, percebemos que os vigilantes são personagens jogados a escanteio devido a uma nova ordem mundial, onde eles não cabem. Mas eles tentam persistir e defender o bem comum, se sacrificando mostrando o verdadeiro significado de herói, ou seja, aquele que faz algo por alguém por puro altruísmo, mesmo que isso signifique o seu próprio sacrifício.
É algo que vemos em bombeiros, alguns policiais e pessoas que não medem esforço para agir corretamente, defendendo, protegendo e socorrendo àqueles que precisam. Foi assim que ocorrera com os primeiros vigilantes dessa minissérie, os Minutemen. Eles se tornaram heróis pois queriam fazer algo mais, mas sem revelar a própria identidade e sem prejudicar àqueles que amam, escondendo-se atrás de máscaras e capuzes. Alguns fizeram por marketing, outros fizeram porque tinham condição de fazer e outros fizeram por simples diversão, como o Comediante (Jeffrey Dean Morgan).
O filme começa bem, com referência direta a alguns detalhes dos quadrinhos, mas nos poucos minutos de projeção já mostra exageros que nunca fizeram parte da minissérie. Quando Comediante é atacado, ele está desgastado, abatido, se sentindo desmoralizado e desconcertado, então “deixa” ser morto. Ele é pego de surpresa, não há briga, não há conflito, somente um homem desgostoso da vida sendo assassinado.
Depois vemos várias outras referências, quadros montados diretamente da revista para o filme, mas detalhes passando como se fossem algo a ser desconsiderado. A última máscara que o Comediante usa lembra os sadomasoquistas, com os olhos aparecendo e um zíper aberto na boca. Isso, além de mostrar o nível de insanidade do personagem, busca esconder uma fraqueza, uma cicatriz que ele possui no rosto e não deseja mostrar aos seus inimigos, para que não achem que ele deixou ser atacado, já que sempre se mostrou forte e determinado. Isso não é levado em conta. Também não se leva em conta que os trajes de elastano são para ser ridículos. É o quão ridículo chega o ser humano a usar colantes ou camisetas sociais e sunguinhas. Desconsidera-se isso ao colocar o segundo Coruja (Patrick Wilson) em uma armadura que recua sua barriga acentuada como se fosse uma cinta, deixando-o parecer em forma. Bem como o traje “clássico” de Ozymandias (Matthew Goode), sendo substituído por uma armadura com mamilos acentuados. Isso sem contar os “superpoderes” que cada personagem de Watchmen parece ter. Em uma luta – demasiadamente coreografada com o slow motion – vemos o Coruja e Espectral (Malin Ackerman) quebrarem vários ossos de bandidos, em vários lugares que precisaria exercer uma enorme força para tal. Não são deslocamentos, mas quebrar mesmo. Eu creio que os personagens deveriam ter algum problema nos ossos para estes serem quebrados tão facilmente.
Mas existem coisas positivas no filme também, como a caracterização do Rorschach (Jackie Earle Haley), um dos personagens de maior destaque no filme, bem como o Dr. Manhattan (Billy Crudup). Como eu disse, algumas cenas são retratações muito fieis à minissérie, sendo praticamente uma montagem perfeita. Mas é uma pena como armaduras tomaram lugar dos ridículos trajes colantes. Isso sem contar a mudança drástica do final do filme, que quebra totalmente a ideia do ridículo que Moore busca retratar com sua história.
Eu não sou fã do filme “Watchmen”, considerando o começo da decadência do diretor Zack Snyder (que teve sua redenção recentemente em “O Homem de Aço” (2015)), mas não tiro os méritos de tentar levar uma das maiores obras da nona arte para a sétima arte, só que demonstra que é impossível filmar algo tão grandioso quanto Watchmen, que deveria ter nascido e permanecido somente nos quadrinhos.