Quem nunca embarcou numa furada para aproveitar as merecidas férias? Seja alugando uma casa que parece uma maravilha, mas que não era bem aquilo que estava no anúncio. Ou até mesmo passando a maior parte do tempo brigando com pessoas de personalidades completamente diferentes da sua ao invés de aproveitar a viagem. Essa é a premissa do novo filme do diretor Roberto Santucci (De Pernas Para o Ar, Até que a Sorte nos Separe).
No longa, quatro colegas de trabalho se juntam para passar o réveillon com suas famílias na praia. O destino não é a concorrida cidade de Búzios, e sim Mangaratiba na região dos lagos, litoral fluminense. E ai que começa a confusão. Ao chegarem lá eles encontram uma casa caindo aos pedaços, chuveiros que dão choque, uma piscina completamente suja com uma gosma verde, além da distância para a praia, que é quase inviável.
Para ajudar, dias antes da viagem, Alexandre (Antônio Fragoso) é alçado ao cargo de gerente na empresa onde trabalha. Sua antecessora, chamada de bruxa pelos funcionários, pede que ele escolha um dos três amigos para ser demitido, devido aos cortes pelos quais a empresa está passando por conta da crise econômica.
Durante uma coletiva após a exibição do filme aos jornalistas, o roteirista Paulo Cursino disse que a ideia para o longa surgiu de filmes como Férias Frustradas (John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein) e Eurotrip (Jeff Schaffer). “O cinema brasileiro fala muito pouco das nossas farofadas. Mais do que qualquer influência de outros filmes, nós queríamos falar dessas experiências que os brasileiros vivenciam”, disse Cursino.
O filme também tem o mérito de fugir do lugar comum. Diferente da maioria das comédias brasileiras, ele não é tão apelativo e não faz de tudo pela piada. Em determinado momento, o grupo vai a uma sessão de cinema acompanhar um filme nacional. A cena é hilária e, além de fazer uma metalinguagem, traz o questionamento se é necessário apelar demais para que filmes nacionais de humor façam sucesso.
Além desta cena, destaco outras duas. Uma quando Renata (Danielle Winits), esposa de Alexandre, tenta recuperar a boneca de sua filha que havia caído na piscina. Quando ela sai, completamente envolta pela gosma verde da água, proporciona uma sequência que presta uma homenagem improvável aos filmes de terror, como O Chamado (Gore Verbinski). Em outra cena, uma animação mostra dois mosquitos satisfeitos após picar quase todos os personagens, já que na casa onde eles estão as telas das janelas estão todas furadas.
Outro destaque vai para o elenco, formado por atores renomados como Antônio Fragoso, Danielle Winits e Charles Paraventi e nomes novos no cinema, como Aline Riscado, Cacau Protásio e Maurício Manfrini, o Paulinho Gogó. Estes dois últimos são talvez o ponto mais alto do longa, com piadas no tom certo e improvisos de tirar o chapéu.
Para quem gosta de comédias nacionais o filme é um prato cheio. E para aqueles que costumam criticá-las o longa traz uma dinâmica diferente, cheia de reflexões e com personagens que o público irá facilmente se identificar. Os Farofeiros mostra que essa nova leva de filmes de humor pode ser tão boa quanto os já excelentes filmes nacionais que focam em dramas sociais e violência, por exemplo.
Os Farofeiros tem estreia marcada para o dia 8 de março nos cinemas