Pantera Negra não é o primeiro filme com um super-herói negro. Há 20 anos, Wesley Snipes interpretava o personagem Blade em O Caçador de Vampiros (Stephen Norrigton). No entanto, o protagonista era um dos únicos negros no filme. Essa história mudou com o novo capítulo do Universo Marvel, que chega aos cinemas no dia 15 de fevereiro.
Um dos filmes mais longos do estúdio, com 134 minutos, o principal destaque de Pantera Negra vai exatamente para os personagens, majoritariamente negros e bem desenvolvidos ao longo da trama. Após a morte de T’Chaka (John Kani), o rei de Wakanda, o príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) luta para assumir o posto que era de seu pai e ser aceito pelo povo wakandano.
Dirigido pelo ótimo Ryan Coogler (Creed), o filme se passa logo após os eventos de Guerra Civil, onde conhecemos pela primeira vez o personagem de T’Challa. Além de nos apresentar o país fictício de Wakanda, o longa explica toda a mitologia por trás do manto de Pantera Negra e como é a cultura dos wakandanos.
Com um elenco feminino forte, o trio composto pelas personagens Nakia (Lupita Nyong’o), Okoye (Danai Gurira) e Shuri (Letitia Wright) tem quase o mesmo tempo de tela que o protagonista e rouba a cena. Shuri, a irmã de T’Challa, é o principal alívio cômico do filme, mas sempre com as piadas no tempo certo e sem exageros. Ela também é uma espécie de mentora do irmão e está sempre o ajudando com novas tecnologias para o uniforme de Pantera Negra e nas cenas de luta, mesmo à distância.
O filme também nos apresenta o melhor vilão do Universo Marvel nos cinemas até agora. Killmonger (Michael B. Jordan) tem motivações e um propósito que nos fazem questionar se ele tem razão, além de trazer um perigo real que pode colocar a competência do recém empossado rei de Wakanda em cheque.
Também somos melhores situados sobre o país fictício. Considerada a nação mais tecnológica do planeta, com uma quantidade abundante de Vibranium, o metal mais resistente desse universo, Wakanda fica escondida no meio do continente africano. Só os próprios wakandanos sabem da sua real existência. Para o resto do mundo, o local é apenas um país de terceiro mundo pouco desenvolvido.
Vem daí uma das questões mais importantes do filme. O avanço tecnológico não se estende apenas a questão armamentista, Wakanda também é um centro de saúde de alta precisão. O que traz o questionamento se o país deve continuar escondido ou se abrir para o mundo exterior para ajudar povos que sofrem com epidemias e guerras, por exemplo, como algumas nações africanas vizinhas.
Com questões que vão muito além das já batidas tramas de super-herói, Pantera Negra aborda assuntos difíceis de serem vistos em um filme considerado blockbuster, com mais de 120 milhões de dólares gastos em sua produção. Política, imigração, preconceito e uma possível guerra nuclear são introduzidos no roteiro para fazer um paralelo com a realidade vivida no mundo nos tempos de hoje.