Quando eu comecei a ler Pax, vi que era um livro voltado para o público infantojuvenil, mas completamente arrebatador para qualquer idade. É um lançamento da Editora Intrínseca de autoria de Sara Pennypacker que vale a pena ter em casa para ler, amar, reler e indicar.
De leitora para leitores, vou falar agora os motivos pelos quais esse livro deve ser recomendado para todas as idades e não apenas para crianças e adolescentes.
Pax tem uma lição muito importante, que é sobre como a amizade e o amor incondicional ultrapassa até a guerra. Outros temas também ganham destaque no decorrer da história: autoconhecimento; ações humanas na natureza; pertencimento; liberdade e guerra.
O livro vai muito além da amizade do menino Peter com a raposa Pax, abordando sobre como é difícil se separar de quem se ama, seja pela morte, guerra ou simplesmente porque os caminhos da vida se distanciam. Fala sobre a solidão, sobre como cada pessoa reage a dor e sobre como superá-la, mesmo que pareça impossível. Sara Pennypacker mostra um lado humano de todos os personagens, principalmente dos animais. Um dos meus trechos favoritos é a conversa de Pax com uma raposa mais velha.
“ — Eles ainda são descuidados? Eram muito descuidados quando eu morava com eles.
— Descuidados?
— Quando aram um campo, eles matam os ratos que moram lá. Quando represam um rio, deixam os peixes morrerem. Eles ainda são descuidados assim?”
A narrativa expõe que a dor da perda existe, mas que apesar de tudo existe a superação e principalmente mostra como o poder de uma amizade cria um vínculo único que supera até a distâncias inimagináveis. Tem uma parte na história que mostra Peter, o menino, conversando com uma mulher, Vola, que o ajuda a reencontrar Pax, a raposa. Essa parte mostra como é forte a mensagem do livro sobre a amizade:
“Então ele contou a Vola o que nunca contara a ninguém: que às vezes tinha uma conexão única com Pax; que às vezes não só sabia o que ele estava sentindo como também sentia ele próprio. Prendeu a respiração ao se dar conta de que aquilo devia parecer coisa de maluco.
Em vez de rir, Vola disse que ele tinha sorte.
— Você sabe como é viver “dois, mas não dois”.
— Tem essa frase no seu quadro. “Dois, mas não dois”. Eu não tinha entendido.
— É um conceito budista. A não dualidade. Tem a ver com unidade, com coisas que parecem separadas mas que na verdade são interligadas. Não há separações. — Vola pegou de volta a raposa esculpida. — Isto não é só um pedaço de madeira. Aqui tem também as nuvens que trouxeram a chuva que regou a árvore, os pássaros que fizeram ninho nos galhos e os esquilos que se alimentaram de suas nozes. Tem a comida que meus avós me deram e que me tornou forte o suficiente para cortar a árvore, tem o aço do machado que eu usei. E tem também o convívio que você teve com sua raposa, o que permitiu que a conhecesse bem e a esculpisse. Isto é a história que você vai contar aos seus filhos quando der esta escultura a eles. São vários elementos diferentes, mas que são também um só. Entende?
— Dois, mas não dois. Inseparáveis. Bem… antes de ontem eu tive certeza de que Pax tinha encontrado comida. Eu senti. E ontem, quando vi a lua, eu soube que Pax estava vendo o mesmo que eu naquele momento. Você acha que, se eu sinto Pax vivo, ele está mesmo vivo?”
Hoje eu falei sobre o que eu gostei no livro, amanhã vou falar sobre como a guerra está presente e como ela afeta os personagens. Venham comigo ler Pax, esse livro incrível de Sara Pennypacker, é só ficarem conectados no Cabana do Leitor! 😉
Revisado por: Bruna Vieira.