Inspirado na atemporal obra da escritora Beatrix Potter (1901) e dirigido por Will Gluck, “Pedro Coelho” (2018) se passa no interior da Inglaterra na horta dos Mc Gregor onde Pedro e seus irmãos travam uma batalha repleta de aventuras para recuperar sua horta que se encontra cercada.
A “Sony” já foi famosa no mundo do cinema como produtora de filmes com animais em computação gráfica como “Stuart Little” assim como a “Animal Logic” de “Baby, o porquinho” e “A menina e o porquinho”. Agora em 2018 com lançamentos recentes de “Pendington 2” e “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível”, eles voltam ao gênero com o lançamento de “Pedro Coelho”.
Logo de começo, o filme busca firmar sua identidade. Os Mc Gregor não estão mais vivos e nem tão pouco os pais de Pedro. A horta não é mais a mesma, os personagens idem , e a família agora é capitaneada por Pedro que terá de enfrentar um inimigo à altura. Thomas Mc Gregor (Domhnall Gleeson, explodindo em carisma), sobrinho neto dos Mc Gregor, herda a propriedade e se vê forçado a ir para o interior. Lá se dá o grande embate entre Pedro e Thomas, seja motivado pela horta, ou pela vizinha deles Bea (Rose Byrne, claramente uma referência um tanto distorcida de Mrs Potter), que assim como a autora, é muito ligada à natureza. Ela tutela Pedro e sua família como se fossem da família dela e que com com a chegada de Thomas forma-se “o triângulo de Édipo’’ que faz gerar todos os conflitos e confusões ao longo da trama.
A trilha sonora é outro ponto de destaque pois mescla bem o tom clássico com o moderno, além de marcar cada ato. Mescla também temas sérios com ironia, tão comum ao humor britânico. Gluck constrói toda a narrativa do filme de modo a trabalhar rimas inversas e por vezes ele humaniza os animais e animaliza os humanos. O diretor cria um Pedro meio psicótico na tentativa de modernizar algo de mais de 100 anos atrás para um público cada vez mais
preocupado com rótulos e além disso encontra equilíbrio com a parceria no roteiro de Rob Lieber.
A acidez nas piadas, que de infantil não tem nada, aborda temas polêmicos e confronta o espectador, mas sem ofender a inteligência das crianças. Com essa base no roteiro e direção, a história por si é simples e faz referência à original mas busca também ser única.
“Pedro Coelho” satiriza os filmes do gênero, mas sem esquecer de ao menos raspar nas profundas lições presentes nos contos imortais de Beatrix Potter. Leve seu filho para assistir, e leve também aquela criança que vive em seu coração. Ela vai amar!