Lançada originalmente em 2013, pela ilustradora e autora francesa Margaux Motin, “Placas Tectônicas” é uma Graphic Novel a utobiográfica lançada no Brasil pela editora Nemo em 2016. Nela, Margaux fala sobre os altos e baixos de sua vida como uma mãe recém-separada na casa dos 30, que se liberta de sua idade real e tenta viver como uma jovem adolescente rebelde dos anos 90. Ao colocar todo o seu sentimento nessa obra, não tinha como o resultado ser mais especial. Margaux abre seu coração e sua vida como numa terapia conjunta onde, quem quer que esteja do outro lado lendo, poderá facilmente identificar-se com inúmeras cenas retratadas.
Durante a trama, a personagem passa por vários estágios. O primeiro deles é o fracasso do antigo casamento, onde ela precisa recuperar-se das dores do término enquanto cria sua filhinha de apenas 5 anos. Desgastada emocionalmente e saindo de um relacionamento abusivo – sendo forçada a ser alguém que ela não era – a personagem regride de forma cômica, trazendo à narrativa uma adulta teimosa e radical como uma jovem de 14 anos.
O segundo estágio é o de um novo relacionamento, porém, Margaux tem de lidar com os efeitos da relação passada. Cheia de questionamentos sobre se realmente está fazendo o correto, ou se aquilo é o que deseja, a mulher não tem medo de julgamentos e expressa artisticamente nesse trabalho essas novas situações desastrosas vindas de sua personalidade nostálgica.
É notório que a biografia ganha o público por sua diversidade de assuntos e proximidade com a vida real. Como, por exemplo, passar dos limites com a bebida, maternidade, emprego, relacionamentos, sexo, crises existenciais e muito mais… Deixando todos curiosos para saber qual será a próxima aventura da personagem.
Utilizando uma ilustração incrível, a autora não se delimita às ortodoxas diagramações que vemos frequentemente em HQs, com quadrados e balões padronizados, criando livremente uma narrativa liberta de obrigatoriedades.
“Placas Tectônicas” fala sobre amadurecimento e crescimento pessoal, sobre a importância de ser quem realmente é e até sobre responsabilidade. Tudo isso sem qualquer necessidade de uma lição de moral. Margaux Motin era apenas uma pessoa em crise, como diversas outras que passam por seus inúmeros altos e baixos, porém, conseguiu conhecer a liberdade e assim quis compartilhar esse processo, para que ninguém se sentisse só.
Quanto ao título, este não poderia se encaixar melhor. Assim como no nosso planeta, temos diversas partes que se atrelam. Muitas vezes essas partes se convergem, resultando assim em alguns abalos. Inicialmente é muito difícil consertar mas, na verdade, tudo isso acaba resultando em uma reconstrução. O final da obra é surpreendente e a forma como Margaux lida com tudo, obtendo apoio de suas amigas…Não tem como não se emocionar!