Antes nas telonas como os dois melhores amigos do Capitão América, agora tanto Sam quanto Bucky assumem o papel de protagonistas de suas próprias histórias, que temos o prazer de conhecer através dessa nova série da Marvel. Falcão e o Soldado Invernal estreou na última sexta-feira (19/03) e conta com a direção de Kari Skogland e Malcom Spellman como showrunner.
O gancho para o episódio inicial é a cena em que um Steve Rogers (Chris Evans) inesperadamente idoso entrega seu escudo para Sam (Anthony Mackie), passando adiante seu manto e todo o simbolismo que faz parte de ser o Capitão América. Ao relembrar esse momento, porém, Sam recusa o chamado de seu amigo logo nas primeiras cenas, e entrega o escudo para o museu dedicado ao Capitão.
Em uma estrutura narrativa convencional com a qual estamos acostumados – ao contrário de toda a ousadia de WandaVision -, acompanhamos Sam na força aérea e lidando com dramas familiares e financeiros, enquanto Bucky está consumido pela culpa de tudo que fez durante o tempo que estava sob controle da Hydra. Um dos principais méritos do piloto é trazer à tona o verdadeiro dia a dia das pessoas por trás das máscaras e armaduras, desenvolvendo mais a fundo tanto Sam quanto Bucky.
Considerando que o foco desse primeiro episódio é apresentar melhor o cotidiano, background e as relações dos personagens, ou seja, promover um verdadeiro set up, as cenas de ação, ainda que presentes, por enquanto não são o grande destaque. Independente disso, o padrão Marvel de qualidade é mantido, com sequências fenomenais que nos transportam para o que parece ser um filme nos cinemas, como a missão de resgate completamente aérea, logo de cara.
Dito isso, é interessante notar o equilíbrio entre esses dois pontos: a ação, que é grande foco do núcleo Capitão América, em contraponto às cenas mais pacatas dos heróis como pessoas reais, envolvendo família e até encontros românticos fracassados.
Um ponto importante de abordar é a comparação com WandaVision, já que são as duas primeiras séries da Marvel nessa nova fase e feitas para o serviço de streaming da Disney. Nesse sentido, as produções não poderiam ser mais diferentes, já que WandaVision tem uma pegada bem mais intimista e Falcão e o Soldado Invernal aposta em abordar e revelar realmente quais foram as consequências do Blip para o mundo todo.
Enquanto Wanda lida com a perda do Visão, criando um mundo próprio e se isolando em sua mente, Sam e Bucky enfrentam as consequências do estalo de Thanos de uma forma mais realista: mergulhando em trabalho, pedindo empréstimos ao banco e indo a sessões de terapia. Assim, na medida em que Wanda cativou o público pela abordagem de um tema tão sensível quanto o luto, Falcão e o Soldado Invernal tem tudo para gerar uma conexão maior com os espectadores, já que se aproxima da realidade ao abordar consequências mais gerais e “práticas”.
A partir do primeiro episódio já é possível perceber que o tom da série é o mesmo dos filmes do próprio Capitão América, com foco político, rebeliões, a relação com o exército, estratégias e espionagem, além do estresse pós-traumático.
Como era de se esperar, algum outro personagem da Marvel tinha que aparecer para manter a relação entre as obras e para satisfazer os fãs, que agora já estão acostumados com isso. Nesse primeiro episódio a função recai sobre Rhodes, que tem uma conversa com Sam sobre sua recusa. É de se esperar, porém, mais aparições de outros personagens conhecidos ao longo dos próximos cinco episódios, como já foi divulgado nos trailers.
No geral, a série é divertida e envolvente, e merece ainda o mérito de realmente explorar e trazer para o MCU novos personagens e elementos dos quadrinhos do Capitão América, a exemplo do John F. Walker, conhecido como American Agent, e também o movimento Apátridas (um grupo que almeja um mundo sem fronteiras e acredita que tudo estava melhor durante o Blip), inspirado no vilão Flag Smasher.
Com Sam e Bucky cada um em seu canto até o momento, a ansiedade é grande para ver como será o reencontro de ambos e o desenrolar dessa complicada relação. Por enquanto ainda não é possível dizer o rumo que a série pretende levar, mas é de se esperar que, ao final, Sam seja realmente coroado como o novo Capitão América.