“A Arte de Cancelar a Si Mesmo”, da escritora e roteirista Jacqueline Vargas (conhecida por seu trabalho nas séries de TV “Sessão de Terapia” e “Malhação Viva a Diferença“), apresenta um livro fascinante para a era digital.
Majô é a típica adolescente perfeita da nossa geração, influencia milhões de meninas com sua vida estável e sem conflitos. Gosta de ser vista e admirada desde criança, acumulando engajamento e seguidores ao longo dos anos em suas redes sociais.
Mas tudo muda da noite pro dia, quando uma denúncia anônima surge, fazendo com que Majô fique desaparecida das suas redes sociais, causando um grande mistério em seu ciclo social e aos seus seguidores fiéis. Onde está Majô?
Sua vizinha reprimida e introvertida mergulha de cabeça nesse mistério, revivendo memórias e novos amores. Dessa busca surge uma amizade improvável entre Majô e sua vizinha Kauane.
A Arte de Cancelar a Si Mesmo retrata de uma forma fluida conflitos juvenis e a responsabilidade de muitos adolescentes em serem os provedores de suas famílias desde cedo, trazendo a responsabilidade precoce, causando a busca de uma liberdade não vivida, gerando conflitos internos e em seu meio social, fazendo com que estejam sempre em busca de um padrão e aprovação externa irreais.
Trazendo o retrato de influenciadores mirins, que cresceram dentro da internet. Claro que não podemos exigir uma complexidade sobre o debate em um livro de 242 páginas, porém trouxe de forma suscita a crítica social.
Posso confessar que me trouxe alguns questionamentos sobre nosso mundo digital hoje, afinal mesmo que seja sempre reafirmado que na internet todos podem usar máscaras e nada ser como parece, ainda sim, nos traz um choque de consciência e grandes reflexões, pois sempre preferimos levar como verdade aquilo que vemos, mesmo que muitas das vezes, seja com o intuito de nos fazer acreditar em padrões sociais que na verdade são irrealistas.
Compreendo assim que A Arte de Cancelar a Si Mesmo torna-se relevante em um debate infanto-juvenil, em escolas por exemplo, apesar de me trazer algumas reflexões consigo determinar que não seria uma escolha de leitura óbvia para a minha realidade, acredito também, que dentro das possibilidades o assunto foi bem retratado e com responsabilidade.
Mas a mim, faltou algo que me prendesse um pouco mais, que me despertasse a ânsia de terminar o livro o mais rápido que pudesse e que me fizesse querer que todos à minha volta o lessem, para que pudéssemos compartilhar opiniões.
Sendo assim me encontro com opiniões conflitantes sobre a obra, chegando a compreender que os livros são para todos, mas nem todos são para todos os livros.